Para muitas pessoas, a compra de uma habitação própria é um dos seus maiores objetivos. No entanto, a maioria dos portugueses necessita de recorrer a um crédito habitação para adquirir uma casa, uma vez que não dispõem de capitais próprios suficientes para comprar uma casa a pronto. E dado que estamos a falar de um investimento elevado, é normal que para os bancos financiarem este tipo de valor precisem de diversas garantias. O problema é que muitas pessoas não estão a par das condições necessárias para contratar um crédito, e acabam por ver o seu pedido de crédito habitação recusado.
E, se recentemente, viu o seu pedido de crédito habitação recusado, mas desconhece os motivos, saiba quais as principais razões para tal acontecer. Saiba ainda como melhorar a sua situação atual e não voltar a ver o seu pedido negado no futuro.
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5 motivos para ter o crédito habitação recusado
1 - Taxa de esforço muito elevada
Ao longo dos anos, foram várias as vezes que no Doutor Finanças falamos da importância de analisar a taxa de esforço na hora de pedir um crédito habitação. A taxa de esforço é, no fundo, uma percentagem do rendimento mensal do agregado familiar que se destina ao pagamento das prestações dos créditos contratados. É através desta taxa que os bancos percebem se os rendimentos das famílias são suficientes para pagar as suas despesas e, claro, as prestações dos créditos. Ou seja, a taxa de esforço é um dos fatores de análise mais importantes para o banco, pois indica a viabilidade de cada cliente conseguir suportar as prestações do empréstimo.
As suas finanças estão equilibradas? Calcule a sua taxa de esforço
Em termos percentuais, a taxa de esforço recomendável pelos bancos para concederem um crédito habitação ronda os 30%. No entanto, isto não quer dizer que algumas entidades financeiras não aprovem pedidos de crédito habitação com uma taxa de esforço ligeiramente superior. Contudo, na maioria dos casos as entidades financeiras não concedem um crédito habitação a clientes que tenham uma taxa de esforço superior a 40%.
Por isso, se tem mais que um crédito ou se fez um pedido para um crédito habitação em que a prestação mensal é superior a um terço dos seus rendimentos, é bem provável que esta esteja a influenciar a recusa do banco. Caso não saiba calcular esta taxa, pode utilizar o simulador de taxa de esforço e apurar a sua percentagem.
2 - A idade pode levar a um crédito habitação recusado
Embora a maioria das pessoas não enfrente grandes barreiras devido à sua idade na hora de pedir um crédito, a verdade é que em alguns casos a sua data de nascimento pode ter influência na recusa do seu pedido. Em termos de regras, a idade mínima para pedir um crédito habitação é de 18 anos, e, como limite máximo para o pagamento da hipoteca, por norma, o cliente não pode ultrapassar os 75 anos. Isto significa que se pedir um crédito habitação aos 50 anos, o banco provavelmente não irá estender o prazo de pagamento do empréstimo por mais de 25 anos.
Claro que muitas entidades têm preferências em determinadas faixas etárias, como a casa dos 30 e os 40 anos, uma vez que nesta altura já existe uma maior estabilidade financeira. Para além disso, nestas idades os empréstimos são feitos habitualmente a longo prazo, o que se reflete no valor total dos juros que o cliente irá pagar.
Mas se pensarmos nos motivos da recusa, a idade do cliente pode trazer riscos acrescidos, mas também influencia o valor da prestação do crédito e consequentemente a taxa de esforço. E isto porquê? Porque caso o valor do financiamento seja elevado, a sua possibilidade para pagar determinada prestação pode limitar-se a um período mais alargado, como por exemplo 30 ou 35 anos, e o banco pode não estar disposto a conceder um empréstimo com esse prazo. Desta forma, o seu pedido de crédito pode não ser aprovado ou ser proposto um novo prazo para o pagamento do crédito habitação, e esse novo período pode fazer disparar a sua taxa de esforço.
É fundamental que tenha a sua idade em consideração quando vai pedir um crédito habitação. Caso já se encontre na casa dos 50 anos, provavelmente a melhor opção passará por pedir um valor que possa pagar mais rapidamente, pois pode encontrar vários entraves se pretender liquidar o seu crédito num prazo superior a 20 anos.
3 - Situação profissional instável
A nível profissional não é novidade que os bancos pretendem que os seus clientes apresentem alguma segurança no que diz respeito aos seus rendimentos, mas também em relação ao seu contrato de trabalho. Por exemplo, muitos trabalhadores independentes que prestam serviços por projetos fechados e auferem remunerações mais incertas, acabam por encontrar alguns entraves na hora de pedir um crédito habitação. Já os trabalhadores por conta de outrem, costumam ter uma maior facilidade se forem efetivos ou tiverem um vínculo laboral com uma empresa há algum tempo.
Em termos de situação profissional nem sempre é fácil perceber se estão reunidas as condições necessárias para ver o seu pedido de crédito habitação aprovado. No entanto, se for cliente de uma entidade financeira há alguns anos, pode falar abertamente desta situação, de forma a perceber que outras garantias podem ser dadas para não ver o seu crédito habitação recusado.
4 - O número de titulares pode ter impacto no crédito habitação recusado
Para muitas pessoas, contratar um crédito habitação sozinho significa a probabilidade de ver o seu pedido recusado. E porque é que isto acontece? Porque na maioria dos casos os rendimentos são menores e o risco maior, uma vez que só há uma fonte de rendimento. Ou seja, quando é feito um pedido de crédito habitação, o banco analisa os rendimentos, a taxa de esforço, a situação profissional, os historial de pagador e, claro, os valores pretendidos. Se existirem dois titulares, um deles até pode não reunir todas as condições pretendidas, mas se o outro titular oferecer uma maior segurança ao banco, existe uma maior probabilidade de o pedido ser aprovado.
Quando a responsabilidade fica ao cargo de apenas uma pessoa, e se não existir um fiador que ofereça garantias ao banco, é mais provável ter o pedido de crédito habitação recusado. Claro que esta recusa não acontece por ser apenas um titular, mas sim, pelas condições que essa pessoa reúne e o risco que ela representa para a entidade financeira. Contudo, importa ter este fator em consideração na hora de pedir um crédito.
5 - O seu nome consta na lista negra do Banco de Portugal
Caso não saiba, antes de um pedido de crédito habitação ser aprovado, os bancos verificam se os seus potenciais clientes constam na lista negra do Banco de Portugal. Esta lista negra pode facilmente ser consultada através de uma base de dados, onde estão descritos todos os créditos ativos até à presente data, designada de mapa de responsabilidades. Ou seja, o banco a quem pediu um empréstimo irá verificar o seu historial, e ver se é ou não um bom pagador ou se está em incumprimento. E por incumprimento entende-se que tem prestações em atraso relativas a um ou mais créditos.
Se o seu nome constar nesta base de dados e estiver indicado que neste momento se encontra em incumprimento, é normal que veja o seu crédito habitação recusado.
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5 soluções para melhorar a sua situação atual e não voltar a ter o crédito habitação recusado
1 - Liquide as suas dívidas e/ou saia da lista negra do Banco de Portugal
Embora liquidar dívidas não seja uma tarefa fácil, a verdade é que caso pretenda comprar casa através de um crédito habitação vai precisar de baixar a sua taxa de esforço e deixar de estar em incumprimento.
Como obter o seu Mapa de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal
E se estas duas situações se aplicam a si, então a sua prioridade deve recair sobre retirar o nome da lista de negra do Banco de Portugal. Afinal, quanto mais cedo conseguir regularizar a sua situação, mais probabilidades terá de adquirir uma habitação através de um crédito. Mas caso não tenha os meios financeiros para regularizar o valor em incumprimento, então é fundamental que tente renegociar a sua dívida junto da entidade financeira credora. Nestas situações, os termos do acordo de pagamento podem ser alterados e podem ser acordadas novas garantias de pagamento. Contudo, é importante que saiba que a sua situação enquanto pessoa em incumprimento será enquadrada na categoria de crédito renegociado, e não na situação regularizada.
Não se esqueça que deve analisar bem a sua situação financeira, de forma a conseguir ajustar melhor o seu orçamento familiar. É normal que durante este período tenha que abdicar de algumas coisas e fazer alguns cortes. No entanto, deve ter em mente que os sacrifícios que irá fazer são em prol da compra da casa que tanto deseja.
2 - Veja a possibilidade de consolidar os seus créditos
No caso de ter contratados vários créditos e estar com uma taxa de esforço muito elevada que não lhe permite a aprovação de um crédito habitação, então talvez seja interessante ver a possibilidade de obter um crédito consolidado. Para a maioria das pessoas, a consolidação de todos os créditos é uma solução eficaz para reduzir os encargos com empréstimos e, ao mesmo tempo, ganhar uma folga no orçamento familiar mensal. Por exemplo, existem pessoas que conseguiram diminuir os encargos com empréstimos de 1.000 euros para 400 euros, o que representa uma folga de 600 euros no orçamento familiar.
No entanto, é preciso que tenha alguma atenção às condições acordadas e ao prazo de pagamento estipulado, de forma a conseguir beneficiar desta opção. Além disso, é fundamental que os seus créditos permitam ser consolidados e que reúna todas as condições necessárias para obter este tipo de crédito. Dito isto, o melhor é informar-se primeiro se esta é uma opção viável para a sua situação atual, e depois pedir ajuda para conseguir as melhores soluções do mercado.
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3 - Evite pedir novos créditos
Se já viu o seu pedido de crédito habitação ser-lhe negado uma vez, então é melhor que nos próximos tempos evite pedir novos créditos. Não se esqueça que sempre que utiliza o seu cartão de crédito, e opta por não liquidar o valor a 100% dentro do prazo estipulado, vai estar a contrair mais um crédito e a pagar juros sobre o valor que utilizou. Este tipo de comportamento pode trazer riscos acrescidos de endividamento e ao mesmo tempo negar-lhe a possibilidade de conseguir um crédito habitação no futuro. Lembre-se que nesta fase deve focar-se em diminuir as suas despesas e melhorar a sua situação financeira.
4 - Reveja as suas prioridades
Quando temos uma rejeição de um crédito é muito importante parar para analisar a nossa situação financeira, mas também as nossas prioridades e objetivos. Muitas vezes somos apanhados no meio de diversas situações, e não estamos preparados devidamente para as novas etapas que pretendemos alcançar.
No fundo, a aquisição de uma casa implica uma preparação financeira, mas também é necessário dar garantias às entidades financeiras para financiarem determinado valor. Então é importante analisarmos o porquê do nosso pedido de crédito ter sido recusado e focarmo-nos em melhorar o nosso perfil enquanto cliente. Por exemplo, antes de pedir um novo crédito habitação, talvez seja interessante rever as suas prioridades, de forma a aumentar as suas poupanças. Pense que despesas são realmente essenciais e se é possível cortar em pequenos luxos, para que possa ter uma almofada financeira mais confortável para dar de entrada.
Se tiver contratado algum crédito pessoal, lembre-se que se conseguir liquidar essa dívida, a sua taxa de esforço irá diminuir significativamente.
5 - Analise as suas condições para evitar ter o crédito habitação recusado novamente
Por fim, antes de pedir um novo crédito habitação, analise todas as suas condições e simule vários cenários de forma a não ver o seu pedido novamente recusado. Use o simulador de taxa de esforço, utilize os simuladores de crédito habitação e veja que prestações ficaria a pagar para diferentes montantes e prazos.
Não se esqueça de ter em consideração a sua idade, situação profissional e o número de titulares do crédito habitação. Por vezes, é preferível esperar algum tempo e focar-se em melhorar as suas condições, de forma a não ter de lidar com uma rejeição.
Contudo, este processo nem sempre é simples de realizar a título individual. Terá de analisar várias propostas e condições, fazer cálculos e comparações, avaliar se existem custos envolvidos.
Nesta altura, um intermediário de crédito certificado e experiente pode ajudar a encontrar a melhor solução. No Doutor Finanças contamos com uma equipa de doutores focados em obter as melhores soluções do mercado para si e para a sua carteira. E todo este serviço sem qualquer custo para si.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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