Historicamente, em Portugal, a esmagadora maioria dos empréstimos habitação são contratados com uma taxa variável. Em janeiro de 2022, mais de 91% dos créditos habitação estavam indexados a uma taxa Euribor, de acordo com os dados do Banco de Portugal.
A subida recente das taxas de juro (no espaço de ano e meio passaram de valores negativos para 4%) fez com que muitas famílias optassem por negociar as condições dos seus financiamentos. Resultado: em abril deste ano mais de 75% das novas operações foram contratadas a uma taxa mista.
Ainda assim, no acumulado dos empréstimos concedidos, mais de 73% dos contratos têm uma taxa variável. Por isso, há muitas famílias que continuam a ter o seu crédito indexado a uma taxa Euribor e questionam-se se deviam mudar ou manter.
A resposta a esta questão tem alguns “ses”, mas, numa primeira análise, é direta: sim, compensa mudar para uma taxa mista. Isto porque as taxas fixas de curto prazo continuam mais baixas do que as taxas Euribor. E, para quem tem crédito indexado a uma taxa variável, tem ainda de acrescentar o spread.
Assim, ter uma taxa fixa de 3,25%, significa ter uma TAN de 3,25%. Contratar uma Euribor a seis meses, significa ter uma TAN superior a 4%, nesta altura.
Leia ainda: Crédito à habitação: Fixo a prestação, peço taxa mista ou deixo como está?
Até quando compensará?
Nos próximos meses vai continuar a compensar, tendo em consideração o que sabemos hoje. Atualmente, estão a ser oferecidas pelos bancos taxas fixas a dois anos que variam entre 2,5% e 3,75%. Significa que, se alguém contratar estas taxas durante dois anos, os juros não sofrem alterações, assim como a prestação, que estabiliza.
Assumindo uma taxa de 3,25% a dois anos, um empréstimo de 200 mil euros a 30 anos corresponde a uma prestação de 873,29 euros. Este mesmo caso, indexado a uma Euribor a seis meses e um spread de 0,9% corresponde a uma prestação de 1.029,74 euros, tendo em consideração a média da Euribor de junho. É uma diferença de 176 euros por mês.
Crédito habitação: Sabe o que é uma taxa mista?
Mas valerá a pena contratar isto, se estamos a considerar que as taxas Euribor vão descer?
As estimativas apontam para que as taxas de juro desçam, mas a um ritmo ligeiro, colocando as taxas Euribor em torno dos 3% até meados de 2025. O que significa que, tão cedo, ter uma taxa variável não será compensador.
Para simplificar a interpretação, olhemos para as taxas:
- Se contratarmos uma taxa fixa a dois anos de 3,25%, vamos ter uma TAN de 3,25% durante esse período;
- Se contratarmos uma Euribor a seis meses, mesmo que esta desça para os 3%, a taxa aplicada será a soma da Euribor e do spread. Se este último for de 0,9%, a TAN a aplicar será de 3,9%.
Para que, nesta situação, deixe de compensar ter uma taxa fixa deste valor, é preciso que a Euribor recue para 2,35%. De acordo com a análise dos futuros da Euribor (que são negociados no mercado bolsista e que refletem as expectativas do mercado), esta só deverá recuar para aqueles níveis no final de 2026.
Ou seja, tendo em consideração o valor atual das taxas fixas de curto prazo e aquilo que são as previsões para a evolução das taxas Euribor, contratar uma taxa fixa de curto prazo vai continuar a compensar nos próximos meses.
É certo que as condições do mercado podem mudar, e as taxas de juro registarem uma descida acentuada. Contudo, no que é possível antecipar, contratar uma taxa mista representa poupança.
Leia ainda: Ainda é possível poupar na prestação? Taxa mista pode significar menos centenas de euros
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário