Se tem Crédito à Habitação sabe que quando mais cedo se livrar do assunto melhor, afinal os bancos já ganham dinheiro suficiente. Vamos então analisar se vale ou não a pena amortizar empréstimos. Descubra a resposta neste artigo.
Pedro Pais é o fundador do financaspessoais.pt e do forumfinancas.pt. O Pedro é um dos maiores promotores de literacia financeira em Portugal contribuindo com centenas de artigos, ferramentas e simuladores que ajudam as pessoas a poupar, a investir ou a decifrar os mistérios da fiscalidade.
Até agora as comissões associadas às amortizações antecipadas do crédito à habitação estavam sujeitas a esquemas bancários pouco claros (como é costume nesta indústria), que embora pudessem chegar à isenção de comissão, mais frequentemente atingiam os 1,5% ou 2%.
Esta atitude dos bancos era portanto um significativo obstáculo à amortização antecipada de capital em dívida.
A boa notícia é que foi promulgada pelo Presidente da República, um decreto-lei que determina os valores máximos de comissão sobre amortizações antecipadas em 0,5% e 2%, conforme se trate de empréstimos com taxa variável ou taxa fixa (que é, também quase sempre, um péssimo negócio), respectivamente.
Portanto já sabe, se quiser amortizar antecipadamente o capital em dívida (o que deve fazer sempre que possível), consulte o seu banco, mas o melhor será esperar mais 30 dias até o decreto-lei ser publicado em Diário da República.
Actualização: Segundo um comentário anónimo a lei entra em vigor 30 dias após a publicação em Diário da República, portanto há que esperar mais uns dias 🙂
A questão
Um leitor colocou uma questão muito pertinente:
Os bancos nunca aconselham a amortizar os empréstimos nos primeiros anos. Alguém me sabe esclarecer esta duvida? Compensa ou não amortizar nem que seja 2500€ por ano.
Antes de mais o meu obrigado pela pergunta, é de facto muito relevante.
A resposta
De facto o ideal é, sempre que possível, amortizar antecipadamente. Compensa sempre, seja qual for o valor que pretende abater antecipadamente.
Contudo, existem duas situações em que não deve amortizar antecipadamente:
- Se acha que vai precisar do dinheiro para alguma situação particular
- Se consegue obter uma rentabilidade superior à taxa de juro que o banco lhe cobra (improvável para a maior parte da população).
Caso prático
Imagine que tem um empréstimo de €100 000, à taxa de 5%, a 30 anos (360 meses, portanto).
Utilizando a calculadora de amortizações chegamos ao valor de €537 mensais. Ora isto, ao longo da vida do empréstimo soma €193 255.
Agora imaginemos que faz uma amortização de €10 000 ao capital em dívida. A prestação mensal passa para €483, ou €173 930 ao longo da vida do empréstimo.
Com €10 000 poupámos, ao longo de 30 anos €19 352. Além disso, fica com mais €53 todos os meses, que pode investir.
Investindo esses €53 todos os meses, num depósito a prazo a 2%, ficamos, no final dos 30 anos, com €26 114, que corresponde a um ganho de €7 034 (26 114 - 53*360).
Resultado final: por ter hoje amortizado €10 000, poupa €19 352 no empréstimo e ainda obtém um ganho de €7 034. Em termos líquidos teve um ganho de €16 386.
Se ao invés de amortizar os €10 000, os tivesse aplicado num depósito a prazo a 2%, tinha um ganho líquido de €8 113 (cerca de 50% inferior ao que conseguiu amortizando).
Sim, vale a pena amortizar antecipadamente
Sempre que possa e não haja estragos para o seu orçamento familiar, amortize.
Já agora, se está com dúvidas relacionadas com a amortização do crédito habitação leia também o nosso artigo "Quando não vale a pena amortizar o crédito habitação?".
Última atualização: 02-02-2017
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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Estive a ler varios comentários, e em nenhum deles vi referida a hipotese de se reduzir o prazo do emprestimo, em detrimento da amortização antecipada.
Parece-me que esta solução tambem pode ser uma boa alternativa pois permite manter parte do capital, diminuir o capital total a pagar, em troca de um pequeno aumento na prestação.
Olá, muitos parabéns Pedro. Tens aqui um blog
à maneira.
Queria colocar aqui uma questão relacionada com o tema:
No meu caso concreto, disponho de 10000 euros que pensei utilizar na amortização do meu empréstimo, mas depois de vários cálculos não sei se concorde com a maioria dos participantes. É o seguinte: na CGD a minha TAE é de 4,978% e fazendo o depósito numa netPrazo pagam-me os juros a 5,160%.
Ora, o que levei em consideração nos meus cálculos foi que, por um lado, o IRS leva-me 20% dos juros (do depósito) mas, por outro lado, o mesmo IRS permite-me descontar à colecta 30% dos juros e amortizações. A considerar será também o facto de o depósito ir crescendo ao longo dos anos e o crédito em divida ir sendo cada vez menor, ou seja, cada ano que passa recebo mais em juros do depósito e pago menos juros do crédito.
Tenho alguma razão?
Um Abraço
Caro Pedro,
Nos cálculos faltou, aparentemente, o efeito inflacção (desvalorização do dinheiro), um dp a 2% fica abaixo da inflacção ou seja o dinheiro perde na realidade cerca de 1 %, mas o princípio de raciocínio é correcto, ou seja, compensa amortizar desde que não tenha outra forma de obter um juro superior ao que o banco cobra.
Mas o que compensa efectivamente é comprar para alugar e alugar para viver, nas zonas mais caras do país (Porto, Lisboa por ex.), pois uma casa em média rende cerca de 7 % ao fim de 20 anos, e nesses 20 anos o locador consegue maior liquidez, mas isto seria um artigo diferente.
Bom Blog para troca de ideias
Vale a pena amortizar em bancos em que não existe penalização, caso o valor não ultrapasse 25% da dívida total. Por exemplo Montepio ou Banco Popular.
Bom dia José Ribeiro!
Muito obrigado pelo comentário. Eu não sou propriamente uma pessoa de aparências, nem de luxos. O segundo empréstimo diz respeito à casa (e não de um carro), foi a divisão necessário por causa da avaliação da mesma. O carro…bem nem vamos falar nele, já conta com 150 mil km’s, tem 10 anos e é um belo de um Saxo 1.0 🙂 que ainda vai ter de fazer outros tantos. Por vezes a vida muda, estamos a contar com 2 ordenados num orçamento familiar, e passamos só a um. Mesmo que seja uma situação temporária, não é fácil de gerir a situação.
O aumento já foi pedido ao patrão- 100€ – não me parece mal tendo em conta a actual situação. Em relação à ginásios…hmmm…é complicado. No primeiro emprego estou das 9h às 18h e no segundo das 19h à 01. Não sobra muito tempo.
A realidade é que nestes dois últimos anos, os luxos são os mesmos. Comida na mesa e contas em dia. Os trabalhos também continuam os mesmos, mas o € vai sendo cada vez mais curto…por pouco que as coisas tenham aumentado, desde o café ao pão, começa a fazer muita diferença no final do mês.
Um abraço!
Bom dia
Há uma sociedade consumista e facilitista para enganar o mais prevenido dos intelectuais e com aparente formação superior! Por vezes os conselhos de familiares quase sem formação escolar são mais valiosos que muita propaganda televisiva ou escrita!
No meu caso tenho n dúvidas, mas vou esclarecendo aos poucos essencialmente por cabeça própria e não pela cabeça dos outros. Quero com isto dizer, que não sou de modas e do social, mas sim do mínimo e indispensável para viver bem dentro das possibilidades.
Uma das coisas em que eu sou rico, é no espírito e na forma de estar na vida, quanto ao monetário é a dor de cabeça com algumas “confusões” como o pauloaguia já disse, mas que se vão dissipando com as alegrias criadas no dia-a-dia e não no status social, modelos ou esterótipos criados pela sociedade de consumo.
Li algures por aqui, um participante que estava na dúvida se deve vender a casa ou não, tendo em conta que contraíu um empréstimo bancário para compra de casa e outro para compra de carro à sensivelmente dois anos.
Ainda não vi uma resposta!
Apetece-me responder o seguinte:
– não se deve viver acima das posses, só porque o vizinho do lado aparenta estar bem na vida;
se se tem esses encargos fixos mensais, com tendência a subir, porque não abandonar outras despesas supérfluas, tipo a mensalidade no clube “in” de musculação ou de aeróbica ou de atletismo ou outro desporto qualquer? Porque não fazer num parque desportivo no meio da população em geral?
se a mensalidade dessas despesas fixas de valor crescente, 3 em 3 meses, estão incomportáveis, das duas uma, ou pede aumento ao patrão e ai deixa-se de ter vida própria, ou pensa-se seriamente em mudar para uma vida mais económica e mais estável sem tanto stress. Porque não uma casa nos arredores mais modesta? E porque não um carro em 2ª mão com poucos quilómetros, ou seja práticamente novo?
E se houver encargos com filhos? Porquê querer subir tanto e tão depressa na vida sem alicercar um pouco o chão da casa?
Estas considerações filosóficas são, obviamente subjectivas, meramente pessoais e extensíveis a quem se encontra em asfixia financeira.
Para considerações objectivas, ficam os peritos financeiros que circulam por este sítio responsáveis por aconselhar as melhores opções económicas a tomar. Mas uma coisa é certa, nenhum banco vai comprar a casa ou carro para cobrir as responsabilidades contratuais.
E sendo assim, se houver disponibilidade horária, aconselhava o participante neste blog a dirigir-se a algumas agências bancárias e fazer simulações até encontrar uma situação melhor. E de acordo com o que vi, é fácil qualquer banco oferecer melhor, isto, se houver estabilidade no local de trabalho.
Por exemplo, o Deutsch Bank está com uma promoção boa. A caixa Geral de Depósitos também, mas é preciso saber falar com eles…
Boa sorte
Cumprimentos
Boa noite,
Antes de mais, os meus sinceros parabéns pelo blog, graças a este já consegui esclarecer N dúvidas que tinha sobre o crédito habitação.
Queria aproveitar para pedir uma opinião sobre o meu actual crédito, se possível. Actualmente, está a ser muito complicado gerir o orçamento familiar e preciso de tomar uma decisão em relação ao que vou fazer, se vendo a casa, se mudo de banco, etc. Gostaria de saber se as condições que eu tenho são as melhores (dentro do normal) ou se actualmente consigo arranjar melhor dentro do mesmo banco ou mesmo transferindo o crédito para outro.
Empréstimo principal: 147.500€
Dívida Actual: 144.803€
Prestações decorridas: 23
Prestações em falta: 457
Spreed: 0,5%
Taxa de Juro: 4,92300%
Empréstimo complementar: 10.000€
Dívida Actual: 9.818€
Prestações decorridas: 23
Prestações em falta: 457
Spreed: 0,5%
Taxa de Juro: 4,92300%
Já falei com o meu banco e o melhor que consigo é descer o Spread para 0,4%, tendo um custo de 150€ por empréstimo para o fazer, ou seja, 300€ no total. Eu queria ter uma noção mais correcta se actualmente estou a pagar acima da média ou não. Caso as condições não sejam más de todo, então a solução possivelmente terá de passar pela troca da casa.
Muito obrigado e um abraço,
Marco
Isa, o melhor será consultar o código do trabalho. Do que sei, para quem tem mais de dois anos de antiguidade, terá de dar 60 dias ao empregador.
Retirado do código do trabalho:
Se o trabalhador não cumprir, total ou parcialmente, o prazo de aviso prévio estabelecido no artigo anterior, fica obrigado a pagar ao empregador uma indemnização de valor igual à retribuição base e diuturnidades correspondentes ao período de antecedência em falta, sem prejuízo da responsabilidade civil pelos danos eventualmente causados em virtude da inobservância do prazo de aviso prévio ou emergentes da violação de obrigações assumidas em pacto de permanência.
Também tenho a mesma dúvida da Isa. Será que alguém pode ajudar?
BOM DIA ,PRECISO DE UMA INFORMAÇÃO TRABALHO A 3 ANOS NUMA EMPRESA E AGORA ARRANJEI TRABALHO PARA OUUTRO LADO E N POSSO DAR TEMPO A CASA QUAIS OS MEUS DIREITOS TEREI QUE PAGAR A ENTIDADE PATRONAL