A média das Euribor em agosto voltou a cair face ao mês anterior e os especialistas prevêem que assim continue nos próximos meses. Esta tendência vai ter um impacto relevante nas prestações do crédito à habitação.
No prazo de 12 meses, a média da Euribor deverá baixar para menos de 3%. Depois da subida estratosférica dos últimos dois anos, é um grande alívio para muitas famílias. Para créditos mais elevados (200.000 euros ou mais) a diferença poderá ser superior a 80 euros por mês.
Feitas as contas, estamos a falar de mil euros ou mais que vão ficar no seu bolso durante os próximos meses. O que vai fazer com esse dinheiro?
Vai gastar, poupar ou investir?
Não tenho nenhum prazer especial em ser uma espécie de “grilo falante” que lhe diz ao ouvido coisas que não gosta de ouvir, mas estou convencido de que alguém tem de dizer estas coisas. Pelo que conheço da maior parte dos portugueses, o mais provável é que as pessoas nem sintam essa diferença positiva de forma prática. Como o dinheiro “a mais” vai ficar na conta - se não houver uma intervenção consciente da sua parte - ele será certamente gasto em qualquer outra coisa.
Se, atualmente, está na linha vermelha do seu orçamento e lhe falta dinheiro para pagar as contas da eletricidade, gás e água, ou para pôr comida na mesa, obviamente esta dica não se aplica a si. Este alívio será certamente bem usado para isso.
O meu alerta vai para quem ficou “apertado” com a subida das prestações da casa, mas acabou por se ajustar e adaptou-se à nova realidade. Estas pessoas têm agora a oportunidade de fazer de conta que continuam com o mesmo custo do crédito à habitação e começar uma transferência automática no valor da diferença para começar ou reforçar o seu fundo de emergência ou, se já o têm, para começar a preparar a sua reforma com um PPR, ETF, fundo de investimento, ou simplesmente um produto qualquer com capital garantido que compense a inflação.
Se não agir agora, daqui a uns meses já terá adaptado a sua vida financeira ao novo saldo da sua conta e muito rapidamente estará aflito(a) de novo e não saberá porquê.
Mas, como está a ler esta crónica, saberá sim. É nestas alturas que tem a possibilidade de provar a si próprio que já começa a ter mais maturidade, inteligência e literacia financeira.
Assim que tiver uma folga no crédito à habitação, aproveite-a para aumentar a sua poupança ou o seu património. E se precisar do dinheiro, ele estará lá. Se não fizer o que lhe estou a sugerir, o dinheiro vai desaparecer entre os seus dedos. Não deixe que isso aconteça. O seu “eu do futuro” vai agradecer-lhe.
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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.
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