Crédito Habitação

As taxas Euribor estão em queda. É uma boa altura para fazer taxa fixa?

A descida recente das taxas Euribor tem levantado uma questão importante: é a altura certa para optar por uma taxa fixa, mista ou variável?

A Euribor a 6 meses, que chegou a ultrapassar os 4%, já está perto dos 2,5%, aliviando as prestações de muitos créditos. Talvez seja o seu caso. Mas será que esta descida representa uma oportunidade ou um risco que não deve correr? A resposta, como sempre, depende da sua situação pessoal e dos seus objetivos financeiros.

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O ponto da situação das Euribor

Primeiro, é importante perceber o que está a acontecer. As taxas Euribor, que afetam diretamente os créditos à habitação com taxa variável, têm vindo a baixar após um período de subidas drásticas.

Para colocar isto em perspetiva, em 2021, a Euribor a 6 meses estava em valores negativos, o que permitiu prestações historicamente baixas. Em 2023, subiu rapidamente acima dos 4%, mas agora está a recuar novamente. Porém, o futuro ainda é incerto. Isto pode ser uma boa notícia para quem tem crédito a taxa variável, porque as prestações mensais começam a aliviar.

Mas será que esta tendência vai continuar? Não será melhor aproveitar esta queda e garantir uma prestação mais baixa durante vários anos?

Taxa variável, mista ou fixa?

Se está a ponderar mudar para uma taxa fixa, o principal benefício é a estabilidade. Saber exatamente quanto vai pagar todos os meses é uma mais-valia, especialmente para quem prefere evitar surpresas com possíveis subidas futuras da Euribor.

No entanto, as taxas fixas atuais continuam elevadas quando comparadas com os períodos em que as Euribor estavam mais baixas (2% ou menos). Ou seja, ao optar por uma taxa fixa agora, corre o risco de bloquear uma taxa demasiado alta durante muitos anos, caso as Euribor continuem a descer.

A taxa mista é outra opção a considerar. Este tipo de contrato combina uma taxa fixa durante os primeiros anos, seguida de uma taxa variável. Pode ser vantajoso se acreditar que as taxas de juro vão continuar a descer no futuro. Mas, mais uma vez, depende da sua capacidade de tolerar algum risco depois do período inicial de estabilidade.

Se tem já um crédito à habitação com taxa variável, mudar para uma taxa fixa pode parecer atrativo agora, mas lembre-se de que isso implica renegociar o contrato ou mesmo mudar de banco, o que pode ter custos associados. Além disso, deve avaliar se compensa abdicar de uma prestação mais baixa a curto prazo para evitar uma subida futura que não é garantida.

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Olhe para o seu orçamento

O que fazer então? Comece por olhar para o seu orçamento familiar. Se as suas finanças estão equilibradas e consegue acomodar alguma flutuação das taxas de juro, talvez seja preferível manter a taxa variável (historicamente sempre compensou). Tem de ter um fundo de emergência robusto.

Por outro lado, se precisa de previsibilidade para gerir as suas despesas, a taxa fixa pode ser a melhor opção, mesmo sabendo que pagará mais nos próximos meses ou anos. Se está indeciso, uma solução mista pode oferecer o melhor de dois mundos, pelo menos no curto prazo. Mas sou da opinião de que ainda é cedo para fazer essa decisão. Espere até ao verão de 2025.

Finalmente, lembre-se de que o mercado financeiro é muito instável, e ninguém pode prever com total certeza para onde vão as taxas de juro. Utilize simuladores online de crédito à habitação para comparar diferentes cenários, e considere ferramentas como calculadoras de taxas de esforço para avaliar o impacto no seu orçamento. Basta pesquisar essas ferramentas na internet. 

Estas pequenas ações podem ajudá-lo a tomar decisões mais informadas e evitar surpresas no futuro. Consulte o seu banco, compare propostas e, se necessário, procure aconselhamento independente. Tem vários intermediários de crédito que o podem ajudar nesse sentido. O mais importante é que a decisão esteja alinhada com os seus objetivos e tranquilidade financeira a longo prazo.

Financeiramente falando, deve esperar até que as Euribor batam no “fundo” para nessa altura pensar em fixar a taxa. Agora parece-me ser ainda cedo. Mas, lá está, se para si já é aceitável o valor que lhe oferecerem, avalie o que for mais seguro para si. O importante é dormir descansado e evitar os sustos que muitos apanharam nesta subida recente da Euribor, com as prestações a praticamente duplicarem de valor.

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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.

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