Para muitas pessoas, reduzir a prestação de crédito é essencial para ganharem uma folga financeira ou para continuarem a cumprir com as suas obrigações. No entanto, mesmo aquelas que se encontram numa situação financeira estável têm claras vantagens em reduzir o custo dos seus créditos, tornando menos onerosa a fatura total dos empréstimos.
Afinal, quando pede um crédito, este tem um custo superior ao valor financiado. Quanto maior for o prazo de um contrato de crédito, mais tempo demorará a amortizar o capital em dívida e os juros associados ao empréstimo. Logo, o crédito torna-se mais caro.
Por isso, antes de assinar um contrato de crédito, independentemente do tipo de empréstimo e finalidade, deve sempre olhar para o valor do MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor). É este indicador que demonstra qual o valor total que terá de pagar ao banco até ao final do contrato. Neste valor estão incluídas as prestações de crédito, os juros, comissões, impostos e ainda outros encargos que paga ao seu banco.
Embora não existam fórmulas mágicas que permitam poupar sem qualquer tipo de ação ou reajuste financeiro, é possível diminuir o custo com um crédito de algumas formas. Assim, se quiser reduzir o custo do seu crédito saiba como deve agir e quanto poderá poupar.
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Para reduzir o custo de um crédito comece por renegociar o seu spread
Se tem um crédito habitação, a sua taxa de juro tem um peso substancial no custo total do seu empréstimo. A taxa de juro do crédito habitação é composta pelo indexante (Euribor ou swap) e o spread associado ao contrato. Num crédito com taxa variável, a TAN (Taxa Anual Nominal) é composta pela taxa Euribor e o spread. Já num crédito com uma taxa fixa, a TAN é composta pelo swap e pelo spread.
Sendo o spread uma das duas variáveis que compõem a taxa de juro, é preciso ter atenção ao valor que é fixado. Isto porque o spread é definido livremente pelo banco e não pode sofrer variações se as condições acordadas no contrato forem cumpridas. Mas isto não significa que não possa renegociar o seu spread junto do banco ou ter acesso a um spread mais baixo com uma transferência do crédito habitação para outra entidade.
E como o spread é a margem de lucro das instituições de crédito, a sua redução no início do contrato, por norma, está associada à subscrição de outros produtos no seu contrato. No caso de ter um crédito habitação com um spread muito elevado, saiba que hoje em dia a maioria dos bancos praticam spreads entre 0,9% e 1% nos novos contratos. Contudo, se cumprir certas condições, há instituições financeiras que oferecem um spread de 0,85%.
Para ter uma ideia de quanto pode reduzir o custo de um crédito ao renegociar o seu spread, apresentamos um exemplo. Imagine que tem um crédito habitação com um capital em dívida de 120.000 euros e faltam-lhe pagar 300 prestações. Se tem, atualmente, uma TAN de 4% (e o seu spread corresponde a 2%), se conseguir baixar o seu spread para 1%, fica com uma TAN de 3%.
Esta mudança faz com que a sua prestação de crédito passe de 633,40 euros para 569,05 euros. Mas não é só na prestação que irá poupar. Em termos de juros totais, o seu crédito passa de 70.021,26 euros para 50.716,07 euros. Ou seja, só em juros poupa 19.305,19 euros.
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Quanto menor for a maturidade do contrato maior será o custo do crédito
Antes de contratar um crédito habitação, a maturidade (prazo) do contrato é um dos pontos que deve analisar com ponderação. Afinal, quanto mais tempo demorar a pagar um crédito mais juros vai pagar. Mas em contrapartida, quanto menor for o prazo, mais elevada será a sua prestação mensal. Assim, a melhor opção é encontrar um equilibro entre estes dois cenários. Desta forma, não coloca em risco as suas finanças pessoais, nem paga um valor demasiado elevado pelo seu empréstimo.
Atualmente, após uma recomendação do Banco de Portugal houve uma redução nos prazos dos novos contratos de crédito habitação. E dada estas novas regras, o limite máximo do prazo pode ser mais curto, consoante a idade do mutuário.
Se tem menos de 30 anos pode beneficiar do prazo máximo de 40 anos para pagar um crédito habitação. No caso de ter entre 30 e 35 anos, o prazo máximo desce para os 37 anos. Mas se tiver mais de 35 anos, o prazo máximo do seu contrato de crédito habitação não deverá ser superior a 35 anos.
Supondo que tem mais de 35 anos, poderá pagar o seu crédito até ao máximo de 420 prestações. No caso de ter contratado um crédito habitação de 100.000 euros e esteja atualmente com uma TAN de 3%, isto significa que paga 384,85 euros de prestação. Mas, em juros totais, irá pagar 61.637,08 euros.
Se baixar a maturidade do contrato para 30 anos (360 prestações), passa a ter uma prestação de 421,60 euros. Ou seja, a sua prestação aumenta 36,75 euros. Contudo, em termos de juros totais, há uma diferença significativa, pois baixa o valor para 51.777,45 euros. O que se traduz numa poupança total de 9.859,63 euros.
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Se tem uma poupança, a amortização vai reduzir o custo de um crédito
Ao amortizar o crédito habitação, pode conseguir reduzir o valor da sua prestação mensal ou antecipar o fim do contrato. Em qualquer uma das modalidades vai reduzir o valor do capital em dívida e dos juros totais do seu crédito habitação. Logo, consoante o valor amortizado antecipadamente, pode poupar uma quantia significativa.
Por norma, quem tem um crédito habitação prefere reduzir o valor da prestação mensal quando o orçamento fica mais apertado. Já quando as finanças estão estáveis, antecipar o fim do contrato costuma ser o objetivo da amortização parcial ou total.
Caso tenha um crédito indexado à Euribor, e neste momento a sua TAN esteja mais elevada, pode "combater" a subida dos juros se tiver uma poupança parada no banco. Afinal, com o aumento da inflação, o seu dinheiro perde valor quando está parado. No entanto, a poupança utilizada nunca deve colocar as suas finanças em risco. Assim, não use o seu fundo de emergência para este efeito.
Imagine que tem um capital em divida de 100.000 euros e faltam 15 anos (180 prestações) para liquidar esse valor. Se a sua TAN for de 3% e amortizar 20.000 euros, vai obter uma redução de 20%, a sua prestação mensal desce de 690,58 euros para 552,47 euros.
Contudo, quando amortiza o seu crédito habitação, legalmente, pode ser cobrada uma comissão por reembolso antecipado. Por lei, esta comissão não pode ser superior a:
Nota: Se o seu crédito habitação está indexado a uma taxa de juro variável, com a aprovação do Decreto-Lei que regula a renegociação dos créditos à habitação, fica isento do pagamento desta comissão até ao final de 2023.
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Atenção aos produtos associados ao contrato para poupar a longo prazo
Muitas vezes, quando os clientes celebram um contrato de crédito habitação, os bancos propõem a subscrição de produtos adicionais em troca de uma bonificação no spread. Como referido, o spread tem um forte impacto no valor do seu crédito. Mas nem sempre o crédito com o spread mais baixo é o mais barato.
E porque é que isto acontece? Porque em muitos contratos, a bonificação que obtém no seu spread ao subscrever certos produtos com custos adicionais (sejam estes os seguros obrigatórios do crédito habitação, cartões de crédito ou outros produtos financeiros) pode não compensar relativamente a um spread mais elevado.
Imagine que o seu spread baixa de 1,5% para 1,3% se contratar o seguro de vida do crédito habitação e o seguro multirriscos no banco onde celebra o empréstimo. Esta bonificação pode não compensar, se o prémio destes dois seguros for mais barato noutras seguradoras. E quanto mais produtos associar ao seu contrato, mais probabilidades existem de o seu crédito ficar mais caro.
Assim, deve fazer contas para perceber se a bonificação compensa a longo prazo. Por isso, é tão importante ter várias propostas de crédito e de seguros em cima da mesa antes de tomar decisões. Desta forma pode comparar várias propostas e ver realmente a melhor solução para si.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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