O Banco Central Europeu (BCE) anunciou um corte nas suas taxas diretoras no passado mês de junho. Foi o primeiro corte desde o início da escalada de subida, em 2022, que levou a taxa diretora de facilidade permanente de depósito do BCE dos -0,5% para os 4%. Com o corte anunciado de 25 pontos base, a taxa diretora de facilidade permanente de depósito está atualmente nos 3,75%.
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Na realidade, o mercado já antecipava este corte da taxa de referência. Desde março deste ano que as taxas Euribor no mercado vinham a apresentar uma trajetória descendente. O gráfico seguinte mostra dois aspetos interessantes:
- Um valor mais reduzido para o prazo mais longo de 12 meses da Euribor, face a prazos mais curtos, indiciando risco de curto prazo e uma expectativa de correção num prazo mais longo no tempo;
- Uma correção mais acentuada nas taxas de prazo mais curto, desde março passado, demonstrando a tal antecipação do mercado face a um corte eminente nas taxas de referência.
Fonte: INE
Já se sentem impactos nas taxas de juro do crédito habitação?
Segundo dados do INE, a taxa de juro implícita no crédito para os novos contratos de crédito habitação fixou-se nos 3,729% no passado mês de junho. Trata-se do valor mais baixo em mais de um ano. Depois do valor máximo registado em outubro de 2023, com a taxa a atingir os 4,38%, a descida tem sido constante. Lenta, mas constante.
Já quanto à totalidade dos contratos de crédito habitação em vigor, o mês de junho apresentou uma taxa média de 4,513%. Para a totalidade do mercado, o ritmo de descidas tem sido mais lento, mas sobretudo, mais tardio.
Assim, é possível verificar que sim, o mercado já está a sentir alguns impactos da decisão do BCE em reduzir as suas taxas de referência. O ajustamento tem sido lento, mas as taxas de juro para os novos contratos de crédito habitação já estão a mostrar uma correção em baixa.
Importa relembrar que o mercado tem procedido a muitas reestruturações de crédito, com muitos mutuários a optarem por fixar a sua taxa de juro. Essa poderá ser uma das razões que justifique o ajustamento mais lento e mais tardio da taxa de juro média do mercado.
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Que poupança representa esta queda?
Comparando o valor máximo de 4,38% de taxa de juro registada em outubro de 2023, e o valor do mês de junho de 3,73%, temos um diferencial de 65 pontos. Para um empréstimo de 100.000 euros, num prazo de 25 anos, estamos perante um diferencial de prestação mensal na ordem dos 35 euros.
De uma forma simples, para um prazo de 25 anos, cada descida de 10 pontos na taxa de juro representará cerca de 5 euros de poupança mensal por cada 100 mil euros de empréstimo.
Bons negócios (imobiliários)!
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