A subida da inflação e o aumento dos juros de referência têm tido um forte impacto no custo dos empréstimos, nomeadamente no crédito habitação, que representa uma grande fatia do orçamento mensal de muitas famílias portuguesas.
Os juros associados aos contratos para compra de casa estão a subir há sete meses consecutivos, tendo já superado os 2% no caso dos contratos realizados nos últimos três meses.
Juros da casa sobem desde abril. E muito acima da inflação
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito habitação foi 1,328% em outubro, o que traduz um aumento de 18,4 pontos percentuais face a setembro (1,144%). O valor apurado no mês passado é o mais elevado desde janeiro de 2015, mês em que a taxa de juro foi de 1,340%.
Este indicador, que reflete a relação entre os juros totais vencidos no mês de referência e o capital em dívida no início desse mês (antes de amortização), está a subir de forma ininterrupta desde abril, ou seja, há sete meses consecutivos.
No caso dos contratos mais recentes, celebrados nos últimos três meses, o aumento foi ainda mais expressivo, com a taxa de juro a atingir os 2,061%, em outubro, mais 28,6 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Neste caso, trata-se do nível mais alto desde maio de 2016 (2,065%).
Para o destino de financiamento Aquisição de Habitação, o mais relevante no conjunto do crédito à habitação, a taxa de juro implícita para o total dos contratos subiu para 1,342% (um acréscimo de 18,2 pontos percentuais face a setembro). Nos contratos celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro aumentou 27,9 pontos base face ao mês anterior, fixando-se em 2,054%.
Como nota o INE na sua análise, o ritmo de crescimento dos juros tem superado, por larga margem, a subida da taxa de inflação nos últimos meses. “Nos últimos meses, tem-se verificado um aumento significativo do valor médio da prestação do crédito à habitação, com taxas de variação homóloga superiores às do Índice de Preços no Consumidor (IPC). Com efeito, em outubro de 2022 a prestação média para a finalidade “aquisição de habitação” foi 18,7% superior à do mês homólogo, enquanto o IPC registou uma taxa de variação de 10,1%”, lê-se no relatório.
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Prestação média sobe 7 euros para 279 euros
Considerando a totalidade dos contratos, o valor médio da prestação subiu 7 euros em outubro, para 279 euros. Deste valor, 69 euros (25%) correspondem a pagamento de juros e 210 euros (75%) a capital amortizado. Nos contratos celebrados nos últimos três meses, o valor médio da prestação subiu 18 euros, para 489 euros.
Tendo em conta os contratos ativos em outubro, o INE revela que mais de 75% tem uma prestação mensal entre 100 e 400 euros mensais e apenas 5% uma prestação superior a 630 euros.
Olhando apenas para os contratos realizados este ano, a prestação média é de 423 euros, sendo que só 5% tem uma prestação superior a 940 euros.
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90% dos contratos são inferiores a 280 mil euros
Na informação agora divulgada, o INE mostra ainda que os contratos celebrados desde o início deste ano apresentam valores contratados médios (131.000 euros) e medianos (117.000 euros) superiores à da totalidade dos contratos (95.000 euros e 81.000 euros, respetivamente). A larga maioria (90%) é entre 40.000 e 280.000 euros.
“À exceção do período entre 2007 e 2014, é notório um aumento constante do valor contratado mediano, passando de pouco mais de 10.000 euros no início dos anos 80 para mais de 100.000 euros desde 2020”, revela o INE, acrescentando que “o forte crescimento observado para o período mais recente é indissociável do próprio aumento do preço da habitação”.
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