A subida das taxas Euribor tem levado cada vez mais portugueses a optar pela taxa mista na hora de contratar um crédito habitação. Este regime de taxa de juro, que implica um período inicial de taxa fixa e, depois, uma taxa variável, foi a escolhida pelos titulares de crédito em mais de metade dos novos contratos de financiamento para a compra de casa.
Os dados divulgados pelo Banco de Portugal mostram que o peso da taxa mista nos novos contratos aumentou de 39%, em julho, para 51%, em agosto, enquanto a taxa variável desceu de 51% para 41%. A taxa fixa também perdeu terreno, passando de 10% para 8% do total de novos empréstimos.
Em comparação com o mesmo mês do ano passado (agosto de 2022), a diferença é notória, já que há um ano 87% dos novos contratos de crédito habitação eram com taxa variável, 6% com taxa fixa e apenas 8% com taxa mista.
Considerando a totalidade do stock de empréstimos para habitação própria permanente, o Banco de Portugal revela também que a prestação média mensal aumentou 7 euros em agosto, fixando-se nos 407 euros. “Este aumento está em linha com o verificado em julho. Comparando com agosto de 2022, a prestação mensal aumentou 108 euros”, acrescenta a autoridade.
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Crédito habitação aumenta em 145 milhões de euros
De acordo com os dados do Banco de Portugal, os bancos concederam mais empréstimos para a compra de casa em agosto. No total, foram concedidos 1.728 milhões de euros em crédito habitação, mais 145 milhões de euros do que em julho. Também os novos créditos ao consumo aumentaram em 22 milhões de euros em relação ao mês anterior, ao passo que os novos empréstimos para outros fins diminuíram em 14 milhões de euros.
A taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação caiu, pela primeira vez, desde janeiro de 2022, situando-se em 4,23% em agosto (4,24% em julho). Em sentido contrário, aumentaram as taxas de juro médias dos novos empréstimos para consumo (de 8,85% para 8,93%) e para outros fins (de 5,43% para 5,52%).
No que respeita às empresas, em agosto, o montante de novos empréstimos concedidos pelos bancos foi de 2.084 milhões de euros, mais 69 milhões do que em julho. A taxa de juro média agravou-se de 5,72% em julho para 5,92% em agosto. “Esta subida verificou-se quer nos empréstimos até 1 milhão de euros (de 5,84% para 5,98%), quer nos empréstimos acima de 1 milhão de euros (de 5,60% para 5,87%)”, indica o relatório do Banco de Portugal.
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Juros dos depósitos sobem para máximos de 2014
A subida das taxas de juro tem tido um forte impacto nos créditos, mas pouco reflexo nos depósitos, cuja remuneração continua entre as mais baixas da União Europeia.
O Banco de Portugal mostra que a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares aumentou de 1,69% em julho para 1,81% em agosto, o que, ainda assim, é o valor mais alto desde abril de 2014. Em agosto, os portugueses colocaram nos bancos 8.091 milhões de euros, mais 480 milhões do que no mês anterior.
“A desagregação por prazo mostra que, em agosto, a remuneração média mais elevada se registou nos novos depósitos com prazo de 1 a 2 anos: 2,10% (1,91% em julho). Os novos depósitos com prazo acima de 2 anos apresentaram uma remuneração média de 2,08% (1,98% em julho), enquanto os novos depósitos com prazo até 1 ano, que representaram 87% dos novos depósitos a prazo, foram remunerados, em média, a 1,76% (1,66% em julho)”, indica o relatório.
A taxa de juro média de 1,81%, em Portugal, fica bem abaixo da média dos países do euro (3,03%), superando apenas a remuneração média oferecida nos depósitos na Grécia, Eslovénia, Croácia e Chipre.
Relativamente às empresas, a remuneração média dos novos depósitos a prazo foi de 2,90%, um decréscimo de 0,06 pontos percentuais relativamente ao mês anterior. Os novos depósitos totalizaram 6.408 milhões de euros, menos 1.346 milhões do que em julho.
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