Com a subida progressiva das taxas Euribor, a diferença entre a taxa fixa e a taxa variável nos novos contratos de crédito habitação tem encolhido de forma continuada nos últimos meses. Se, há um ano, era claramente mais “barato” um crédito com taxa variável, agora, a diferença é muito menos expressiva.
Os dados do Banco de Portugal mostram que, em março, os novos contratos de crédito habitação com taxa variável tinham um juro médio de 3,79% (mais 0,23 pontos percentuais do que em fevereiro), enquanto nos empréstimos a taxa fixa, a média foi de 4,28% (mais 0,08 pontos percentuais face ao mês anterior). Trata-se, assim, de uma diferença de 0,49 pontos percentuais entre as duas taxas, inferior a 0,64, em fevereiro, e 0,83 em janeiro.
Quer isto dizer que a vantagem de contratar uma taxa variável, em relação a uma taxa fixa, tem ficado cada vez menor, devido ao agravamento do indexante. Em julho do ano passado, por exemplo, o juro médio dos empréstimos a taxa fixa (3,91%) era mais do dobro do juro médio dos contratos com taxa variável (1,62%). Era uma diferença de 2,29 pontos percentuais, o que compara com apenas 0,49, em março.
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Concessão de crédito habitação acelera em março
O Banco de Portugal revela também que, em março, os bancos voltaram a aumentar a concessão de empréstimos para a compra de casa. No total, foram concedidos 1.795 milhões de euros em novos créditos habitação, mais 444 milhões face ao mês anterior.
Ao mesmo tempo, a taxa de juro média dos novos empréstimos voltou a aumentar: passou de 3,52%, em fevereiro, para 3,86%, em março, alargando ainda mais o diferencial face à média dos países do euro, que se fixou em 3,44%.
No mês em análise, Portugal foi mesmo o oitavo país da região da moeda única com juros mais altos nos novos empréstimos para a compra de casa. Com valores mais altos do que Portugal só a Letónia (5,17%), Lituânia (5,03%), Estónia (4,83%), Chipre (4,65%), Eslovénia (4,07%), Itália (4%) e Alemanha (3,88%).
Relativamente ao stock de contratos de empréstimo para habitação própria permanente existente no final de março, a prestação média ascendia a 361 euros. No entanto, para metade dos contratos, a prestação era igual ou inferior a 308 euros, enquanto 25% dos contratos tinham prestação igual ou superior a 441 euros.
Além do crédito habitação, também a concessão de crédito ao consumo e empréstimos para outros fins aumentaram em março. No total, os bancos concederam 2.521 milhões de euros de novos empréstimos a particulares, mais 595 milhões do que em fevereiro.
Em créditos ao consumo, foram concedidos 528 milhões de euros, mais 100 milhões do que em fevereiro, a uma taxa de juro média de 8,43%, ligeiramente inferior à do mês anterior (8,48%). Em empréstimos para outros fins, os bancos concederam 198 milhões de euros (151 milhões em fevereiro), a uma taxa de juro média de 5,05%.
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Juros cobrados às empresas sobem para máximos de 2014
A concessão de crédito às empresas também acelerou em março, e os juros cobrados atingiram o valor mais alto em quase uma década.
No mês em análise, os bancos concederam um total de 2.302 milhões de euros em novos empréstimos às empresas, mais 984 milhões do que em fevereiro. Já a taxa de juro média aumentou de 4,76% para 5,10%, o valor mais alto desde junho de 2014.
Esta subida reflete o aumento da taxa de juro média dos empréstimos até 1 milhão de euros (de 5,13% para 5,27%) e dos empréstimos acima de 1 milhão de euros (de 4,32% para 4,95%).
Juros dos depósitos com maior subida desde 2011
A par dos juros cobrados nos créditos, também os juros pagos pelos bancos nos depósitos aumentaram em março. O Banco de Portugal revela que a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares aumentou de 0,65% para 0,90%, o que representa uma subida de 0,25 pontos percentuais em relação a fevereiro. Trata-se do maior aumento desde outubro de 2011, embora Portugal mantenha o segundo valor mais baixo entre os países da área do euro, cuja média se fixou em 2,11%. Só Chipre tem uma taxa mais baixa do que Portugal, de 0,44%.
Os novos depósitos com prazo até 1 ano foram remunerados, em média, a 0,88% (0,56% em fevereiro), o valor mais alto desde março de 2015. A remuneração média dos novos depósitos de 1 a 2 anos foi de 1,12% (1,15% em fevereiro) e a dos novos depósitos acima de 2 anos de 0,79% (0,54% em fevereiro).
Os novos depósitos a prazo de particulares totalizaram 7.563 milhões de euros, mais 1.663 milhões do que no mês anterior.
No caso das empresas, a remuneração média dos novos depósitos a prazo de empresas foi de 1,98%, o que compara com 1,50% em fevereiro.
Estes novos depósitos totalizaram 6.745 milhões de euros em março, mais 2.844 milhões do que no mês anterior. Destes, 98% foram aplicados em depósitos a prazo até 1 ano.
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