Os juros do crédito habitação atingiram, em janeiro, um novo recorde de quase 11 anos, devido à subida continuada da Euribor, que tem imposto agravamentos significativos nas prestações mensais dos empréstimos.
Segundo os dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação aumentou de 1,898%, em dezembro do ano passado, para 2,217% em janeiro. Trata-se de uma subida de 31,9 pontos base, que coloca os juros da casa no valor mais alto desde junho de 2012.
Para o destino de financiamento Aquisição de Habitação, o mais relevante no conjunto do crédito à habitação, a taxa de juro implícita para o total dos contratos subiu para 2,220%, o que traduz um acréscimo de 31,7 pontos base face ao mês anterior.
A taxa de juro implícita no crédito à habitação reflete a relação entre os juros totais vencidos no mês de referência e o capital em dívida no início desse mês (antes de amortização), tendo por base informações fornecidas pelas próprias instituições bancárias.
Leia ainda: Como encontrar melhores condições para o meu crédito habitação?
Prestação média sobe para 308 euros
Os dados do INE mostram que, para a totalidade dos contratos de crédito habitação, o valor médio da prestação mensal subiu 9 euros, em janeiro, para 308 euros, o valor mais alto desde março de 2009.
Deste valor, 115 euros (37%) correspondem a pagamento de juros e 193 euros (63%) a capital amortizado. Se olharmos para janeiro do ano passado, antes da escalada das taxas Euribor, a prestação média era de 254 euros – menos 54 euros – e apenas 16% deste montante correspondia à componente de juros.
Quanto ao capital médio em dívida para a totalidade dos contratos, subiu 353 euros face ao mês anterior, fixando-se em 62.357 euros.
Leia ainda: Aumento na prestação da casa: Taxa mista pode ser uma solução?
Juros dos novos contratos superam os 3,3%
Nos contratos de crédito habitação mais recentes, celebrados nos últimos três meses, o aumento dos juros foi ainda mais expressivo no arranque deste ano. Segundo o INE, a taxa de juro implícita nestes contratos aumentou 59,2 pontos base, passando de 2,715%, em dezembro, para 3,307%, em janeiro. Este é o valor mais elevado desde janeiro de 2013, altura em que a taxa de juro estava nos 3,333%.
No que respeita à prestação mensal, o valor médio dos novos contratos subiu 23 euros para 559 euros. Este valor compara com 358 euros, em janeiro do ano passado, o que significa que, no espaço de um ano, houve um aumento de 201 euros (56%).
Para este universo de contratos, o montante médio em dívida foi 126.805 euros, menos 3.397 euros que em dezembro de 2022.
Estes dados do INE, que dão conta de um aumento expressivo nos juros do crédito habitação, são conhecidos um dia depois de o Governo ter anunciado o programa “Mais Habitação”, com novas medidas de apoio. Entre elas está a obrigatoriedade de os bancos disponibilizarem uma alternativa de crédito à habitação a taxa fixa, e a bonificação temporária do encargo com juros nos créditos hipotecários, para famílias com rendimentos até ao 6º escalão e créditos até 200 mil euros, através da compensação de metade do excesso do indexante de referência face a 3% até um limite anual de 1,5 IAS (720 euros).
Leia ainda: Crédito habitação: O que é e para que serve o multiopções?
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário