Os juros do crédito à habitação em Portugal estão a subir há quatro meses, acompanhando o aumento da Euribor, a taxa de referência que está indexada à maior parte deste tipo de contratos.
De acordo com os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de juro associada à totalidade dos contratos de crédito habitação subiu, em julho, para 0,912%, mais 5,4 pontos percentuais face a junho (0,858%). Este foi já o quarto mês consecutivo de agravamento dos juros, que iniciaram a trajetória ascendente em abril.
Este aumento significa, na prática, que as famílias portuguesas pagaram, em média, mais 3 euros por mês, o que colocou a prestação média mensal nos 264 euros. Deste valor, 46 euros (17%) correspondem a pagamento de juros e 218 euros (83%) a capital amortizado.
Nos contratos mais recentes, realizados nos últimos três meses, o agravamento dos juros é ainda mais expressivo. O INE revela que, neste caso, a taxa de juro subiu, no mês passado, para 1,289%, mais 13,2 pontos percentuais em relação a junho. Significa isto que os portugueses que pediram recentemente dinheiro ao banco para comprar casa ficaram com uma prestação mensal de 425 euros, um valor, em média, 16 euros mais alto do que no período anterior.
Euribor dita agravamento das prestações mensais
Esta trajetória de subida dos juros da casa está a ser provocada pela evolução das taxas Euribor, que começaram a agravar-se este ano, acompanhando o aumento dos juros de referência por parte do Banco Central Europeu (BCE). Como a Euribor define – juntamente com o spread - a TAN (Taxa Anual Nominal), qualquer mexida na sua cotação tem um impacto direto no valor mensal que pagamos ao banco pelo nosso empréstimo.
Ainda que não possamos antecipar com exatidão a evolução destas taxas, o mais provável é que os próximos tempos sejam marcados por subidas progressivas da Euribor, o que se traduzirá num crescimento consistente dos custos com o crédito habitação.
Neste cenário, importa ver que alternativas tem à sua disposição e de que forma pode reduzir os seus encargos.
Leia ainda: Subida da Euribor: Qual o impacto e o que fazer?
Simule o impacto da subida da Euribor e escolha a melhor para si
Existem taxas Euribor com vários prazos, sendo que a 3, 6 e 12 meses são as mais usuais no crédito habitação. Todas elas têm cotações diferentes e ritmos de atualização distintos (trimestralmente, semestralmente ou uma vez ao ano), pelo que a escolha entre qual taxa indexar ao seu empréstimo terá influência na sua fatura mensal.
No contexto atual, de subida da Euribor, prazos mais curtos refletem mais rapidamente o agravamento, enquanto prazos mais longos oferecem maior estabilidade, ainda que a um custo mais elevado (o valor da Euribor é mais alto a 12 meses do que a 3 meses).
A escolha entra elas deve depender da preferência de quem contrata o crédito habitação, não existindo uma que seja mais vantajosa para todos os clientes.
Para que possa avaliar o seu caso, recorra ao simulador da variação da Euribor no crédito habitação, onde pode ensaiar possíveis aumentos da Euribor e que impacto terão no seu crédito, em cada um dos prazos.
Leia ainda: Euribor: devo escolher a 3, 6 ou 12 meses?
Pondere amortizar crédito
Se tiver disponibilidade financeira, a amortização do crédito pode ser muito vantajosa neste contexto de subida dos juros, proporcionando um alívio significativo no orçamento mensal. Dinheiro estacionado num depósito a prazo está, atualmente, a perder valor – visto que a inflação é superior aos juros pagos no depósito – pelo que a utilização desse capital para amortizar o crédito pode ter mais benefícios, traduzindo-se num decréscimo da prestação mensal a pagar ao banco. No fim de contas estará não só a aliviar o orçamento familiar como a reduzir a fatura total de juros que pagará pelo crédito.
Pode ainda optar por reduzir o prazo do contrato, em vez de diminuir a prestação, ficando assim a pagar o mesmo todos os meses, mas durante menos tempo.
Recorra ao simulador da prestação de crédito após amortização antecipada para perceber que impacto teria, no seu caso, e avaliar, da melhor forma, se vale ou não a pena avançar com o reembolso de capital.
Leia ainda: Subida da Euribor: é o momento certo para amortizar o crédito habitação?
Reavalie o seu contrato
O contexto atual, de subida dos juros, oferece uma boa oportunidade para rever as condições do seu crédito habitação, nomeadamente spread, produtos associados e outros encargos. Os bancos estão hoje numa “guerra de spreads” para captar clientes, oferecendo taxas atrativas que, em alguns casos, não chegam a 1%. Sabe qual é o seu spread contratado? Tenha atenção a esse valor e esteja atento a ofertas concorrentes.
Da mesma forma, pondere se tem mais vantagens com uma taxa fixa, mista ou variável, ou se poderá poupar com os seguros se os contratar fora do seu banco.
O mais importante é que esteja informado sobre todos os detalhes do seu contrato, faça as escolhas que melhor se adaptam ao seu caso e esteja sempre atento às alternativas existentes no mercado.
Leia ainda: Qual o spread do seu crédito habitação? Há bancos a oferecer 0,85%
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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