Os juros pagos pelas famílias portuguesas pelo empréstimo da casa atingiram, no mês passado, o nível mais alto da última década, devido à subida continuada das taxas Euribor. Estas taxas, a que estão indexados a maioria dos contratos de crédito habitação, estão em máximos de quase 14 anos, ditando aumentos continuados nos custos de financiamento de famílias e empresas.
Juros da casa no nível mais alto desde 2012
Segundo os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de juro implícita no crédito habitação aumentou de 1,328%, em outubro, para 1,597%, em novembro. Este foi já o oitavo mês consecutivo de subidas, que colocou a taxa de juro no nível mais elevado desde dezembro de 2012 (1,624%).
Este indicador, que reflete a relação entre os juros totais vencidos no mês de referência e o capital em dívida no início desse mês (antes de amortização), está a avançar de forma ininterrupta desde abril, altura em que se consolidaram as perspetivas de uma inversão da política monetária expansionista do Banco Central Europeu (BCE) perante os sinais de aumento acelerado da inflação na região do euro.
Nos contratos de crédito mais recentes, celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro avançou 30,4 pontos base, passando de 2,061%, em outubro, para 2,365%, em novembro, o que representa o patamar mais elevado desde julho de 2015 (2,453%).
Para o destino de financiamento Aquisição de Habitação, o mais relevante no conjunto do crédito à habitação, a taxa de juro implícita para o total dos contratos aumentou em 26,4 pontos base face a outubro, para 1,606%. Nos contratos celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro aumentou subiu 31,8 pontos base face ao mês anterior, fixando-se em 2,372%.
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Prestação média sobe 9 euros para máximos de mais de 13 anos
Os dados do INE mostram também que o valor médio da prestação, considerando a totalidade dos contratos, subiu 9 euros, para 288 euros, em novembro, o valor mais elevado desde maio de 2009. Note-se que o valor médio da prestação vencida é igual à soma do valor médio do capital amortizado com o valor médio de juros vencidos.
Deste valor, 83 euros (29%) correspondem a pagamento de juros e 205 euros (71%) a capital amortizado. Comparativamente com novembro de 2021, a componente de juros representava 16% do valor médio da prestação.
Nos contratos celebrados nos últimos três meses, o valor médio da prestação subiu 18 euros, para 507 euros, valor mais elevado desde que há registos.
Capital médio em dívida sobe 250 euros
Em novembro, o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos subiu 250 euros face ao mês anterior, fixando-se em 61.763 euros. Este indicador corresponde à média do capital vincendo de todos os contratos em vigor e com, pelo menos, uma prestação vencida no final do período de referência.
Para os contratos celebrados mais recentes, celebrados entre agosto e outubro, o montante médio em dívida foi 129.164 euros, menos 1.464 euros que em outubro.
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