Face à instabilidade causada pela pandemia de Covid-19, o Governo facilitou o acesso a moratórias no crédito, para aliviar a carteira das famílias.
Através da suspensão total ou suspensão parte da prestação, dependendo da modalidade de moratória, este alívio nos encargos mensais, permitiu o reequilíbrio das finanças de muitas famílias. É que esta suspensão de pagamento pode ter sido usada para compensar alguma perda de rendimento (devido ao lay-off ou situações de desemprego), para fazer face a despesas inesperadas ou, simplesmente, ser colocado de parte numa poupança.
Mas esta poupança pode ser usada para gerar ainda mais poupança, se a usar para transferir o seu crédito habitação.
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Transferir o crédito gera poupanças significativas
E se - depois de terminada a moratória - puder rever as condições do seu empréstimo da casa e poupar com a mudança? A sua carteira agradece. É que mesmo tendo beneficiado da moratória, nada o obriga a manter-se no mesmo banco. Aproveite o momento para fazer as contas e ficar com mais alguns euros na bolso ao final do cada mês.
No entanto, atente que no caso de ter beneficiado de uma moratória total, o capital em dívida vai aumentar. Por exemplo: a prestação do seu crédito habitação é de 332,5 euros, dos quais 103 euros são referentes a juros. Se estiver seis meses sem pagar, ao abrigo de uma moratória, o capital em dívida aumenta um pouco mais de 600 euros (valor total dos juros não pagos nesse período).
E este valor terá de ser pago pelo cliente. É aqui que entra o valor que conseguiu colocar de parte durante o período de moratória.
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Aplicar o que poupou nos custos de transferência
Ao transferir o crédito habitação para outra instituição, tem de pagar uma comissão de reembolso antecipado ao seu banco. O valor depende do tipo de taxa do seu crédito. Se fixa ou variável. Quando a taxa é variável, a penalização é de 0,5% do capital em dívida, segundo a legislação,. Mas se o crédito tiver taxa fixa, o banco irá cobrar-lhe 2% do valor em dívida.
Pode também haver outros custos associados à transferência do empréstimo para outra instituição bancária. Como nova escritura, nova avaliação do imóvel, a comissão de dossier (preparação e análise de crédito), entre outros. Deve informar-se de todos eles antes de avançar para a transferência. Algumas instituições suportam essas comissões pelo novo cliente.
Quer para o reembolso, quer para outras despesas de transferência, pode usar o montante que conseguiu poupar durante a moratória para fazer face aos custos inerentes à transferência de crédito.
Ganhe uma poupança mensal significativa ao transferir o crédito
Se ainda se pergunta o que pode ganhar ao transferir o crédito, fique a saber que a resposta é clara: ganha uma poupança mensal notória, através de uma novas prestação mais baixa. Normalmente, isto acontece através da redução do spread.
Eis um exemplo em que a poupança é significativa: num empréstimo no valor de 140 mil euros, a 38 anos, com um spread de 1,45%, a prestação é de 384,36 euros. Mas se este crédito for transferido para uma outra instituição com um spread de 1,1%, a prestação desce até aos 346,47 euros. A diferença mensal é de quase 38 euros. No final do contrato, a poupança supera os 17 mil euros.
Ao mudar de banco, tem também a oportunidade de reavaliar produtos que não utiliza. Falamos de cartões de crédito e outros produtos que teve de adquirir na altura em que fez o seu crédito, dos quais não usufrui e só pesam na carteira.
Pode também rever os seguros associados ao crédito habitação. Trocar os seguros de vida e multirriscos pode gerar poupanças consideráveis.
Não se acomode com o alívio “ilusório” da moratória. Como viu, pode poupar milhares de euros com a transferência do crédito habitação, usando o fôlego que ganhou durante a suspensão do pagamento da prestação. Conte com o Doutor Finanças para o apoiar nesse processo.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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