O regresso à escola está quase aí e é hora de começar a pensar em mais um ano letivo. À medida que os filhos crescem, é possível envolvê-los cada vez mais nos preparativos, mas são os pais e encarregados de educação que têm de suportar os gastos associados a esta época do ano.
Na tentativa de conseguir cobrir todas as despesas e ter todo o material no primeiro dia de aulas, há quem possa ter a tentação de fazer um crédito pessoal. A verdade é que todos temos de pagar pelo dinheiro que pedimos ao banco (juros, impostos, comissões), pelo que o recurso a financiamento bancário vai tornar-se numa despesa extra nos meses seguintes.
Por isso, vamos ver o que se pode fazer para preparar o regresso à escola sem recorrer ao crédito.
Antes, 5 perguntas sobre crédito pessoal
Quando se faz um crédito, é preciso perceber que as prestações vão ser mais uma despesa fixa a ter em conta no orçamento familiar até que a dívida seja paga.
Que crédito pessoal teria de fazer para as despesas do regresso à escola?
Se precisar de financiamento para pagar o material escolar, tem de fazer um crédito pessoal sem finalidade específica.
Qual a taxa de juro deste crédito?
O crédito pessoal sem uma finalidade específica é o tipo de financiamento com a segunda taxa de juro mais alta. Para o terceiro trimestre de 2024, o Banco de Portugal decidiu que a Taxa Anual Efetiva Global (TAEG) máxima é de 15,8%.
Acima desta está apenas a taxa de juro associada a cartões de crédito, linhas de crédito, contas correntes bancárias e facilidades de descoberto: 19,2%. Ou seja, se quer manter as contas equilibradas e evitar o endividamento, o cartão de crédito também não é uma boa ideia.
Quanto posso pedir?
De acordo com o Banco de Portugal, são considerados créditos ao consumo "os empréstimos a particulares de montante entre os 200 e os 75.000 euros". Ainda assim, as ofertas que os bancos têm começam nos mil euros de financiamento (algumas instituições têm até valores superiores), pelo que este é o valor mais baixo que consegue contratar.
E durante quanto tempo?
O crédito pessoal tem um prazo máximo de sete anos. Apesar de não haver um período mínimo definido, as ofertas dos bancos portugueses começam nos seis meses. Tenha em conta que, quanto mais tempo demorar a pagar, mais caro fica o crédito, já que paga juros durante mais tempo.
Qual o exemplo para um crédito de mil euros?
Pode não ser fácil conjugar todas as condições que desejaria. Por exemplo, o banco que permite pagar o crédito mais rápido pode exigir que o empréstimo seja superior a mil euros, e aquele que permite pedir mil euros pode ter um prazo mínimo de um ano e meio.
Vamos usar o último caso. Considerando uma TAEG de 15,3% e uma comissão de abertura de 30 euros, ficaria com uma prestação de 59,05 euros durante 18 meses. Além disso, o Montante Total Imputado ao Consumidor (MTIC) seria de 1.111,68 euros.
Serve este exemplo para ilustrar a importância de pensar bem antes de pedir um crédito pessoal.
Nota: Para fazer a simulação usámos o simulador de crédito aos consumidores do Banco de Portugal.
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Como evitar o recurso ao crédito no regresso à escola?
Fazer um orçamento
Só assim vai saber quanto pode gastar nas compras de regresso à escola. Depois, faça uma lista do material necessário e, tendo em conta aquilo que definiu no orçamento, decida aquilo em que pode gastar mais e menos dinheiro.
Lembre-se de que fazer um orçamento é uma boa forma de manter os gastos sob controlo e evitar surpresas quando chegar ao fim do período de compras.
Reaproveitar material
Se há coisas que terá mesmo de comprar, há outras que pode reaproveitar de um ano para o outro. Junte o seu filho e vejam o material que ainda está bom e que pode ser usado mais uma vez. Por exemplo, há cadernos que não foram usados até ao fim e que podem servir para o ano que se avizinha.
Além disso, olhe para este momento como uma boa oportunidade de ensinar aos mais novos a importância de poupar e reutilizar.
Comparar preços e aproveitar promoções
Quanto mais cedo começar a preparar o ano letivo, mais tempo tem para comparar os preços e as promoções de várias lojas. Para ajudar nesta tarefa, veja folhetos e aproveite a ajuda dos sites de comparação de preços.
No momento do regresso às aulas, é inevitável que haja campanhas promocionais. Tal como faz com os preços, compare as promoções dos diferentes estabelecimentos. Se encontrar descontos diretos e descontos em cartão ou talão, faça bem as contas. Regra geral, os descontos diretos são mais vantajosos, uma vez que garantem uma poupança imediata e não obrigam a fazer novas compras.
Não comprar tudo de uma só vez
Será que precisa mesmo de comprar tudo para a primeira semana de aulas? Uma forma de evitar o recurso ao crédito no regresso à escola é não sobrecarregar o orçamento num espaço curto de tempo. Assim, tente perceber qual o material mais prioritário e qual aquele que pode esperar mais um pouco para comprar.
Aproveitar os manuais escolares gratuitos
Se havia material que consumia uma parte importante do orçamento eram os manuais escolares. No entanto, há já uns anos que os alunos que frequentam o ensino público ou o ensino privado em estabelecimentos com contrato de associação têm direito a manuais escolares gratuitos.
Só tem de aceder à sua área pessoal na plataforma MEGA ou na aplicação Edu Rede Escolar para emitir os vales que dão direito a levantar os livros gratuitamente na escola ou numa livraria aderente. Pode receber manuais novos ou utilizados, mas lembre-se de que precisa sempre de devolvê-los quando as aulas acabarem. Só assim mantém o direito a receber livros no ano letivo seguinte.
Por fim, saiba que os cadernos de atividades e livros de fichas não estão incluídos.
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Confirmar se existem programas de apoio à compra de material
Há câmaras municipais que têm programas de apoio à compra de material escolar para todos os alunos, seja qual for o escalão do abono de família. A ajuda pode ir desde a oferta dos livros de fichas até à atribuição de um montante que os pais podem gastar para comprar material em papelarias aderentes.
Assim, confirme junto do seu município se existe algum programa e, em caso afirmativo, não deixe de aproveitar.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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