Neste final de 2021, se o mercado do crédito fizesse um check-up, concluir-se-ia que, tirando algumas arritmias pontuais, o setor está de saúde e recomenda-se. O receio com o fim das moratórias acabou por desvanecer-se, já que, apesar de existir algum aumento do crédito em incumprimento, rapidamente se percebeu que a questão está longe de ser um problema macro ou de se transformar num risco sistémico. E ainda bem.
A pandemia e os confinamentos trouxeram uma poupança forçada. Ainda assim, também se sente que as famílias travaram algumas despesas e suspenderam muitas outras, devido à incerteza e a uma necessidade de acautelar o futuro que, em muitos casos, se mantém. Assim, quer na Europa, quer em Portugal, podemos dizer que a maioria conseguiu passar com distinção esta nova crise que marca o virar de uma década. Mas e agora?
Ainda que o crédito à habitação e o crédito pessoal tenham recuperado para níveis próximos à pré-pandemia, falta ainda restabelecer a confiança, numa altura em que ninguém ousa fazer previsões sobre o fim de uma pandemia que já dura há dois anos. Continuarão os bancos a manter os altos critérios de análise e de risco enquanto a covid-19 ditar parte das nossas vidas?
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Da pandemia à inflação
Enquanto o mundo tenta sarar parte das feridas financeiras infligidas pela pandemia, a pressão inflacionista ameaça travar a tão ansiada recuperação das famílias. Como? A lei do mercado é clara: mais procura para menos oferta faz subir os preços e pode mesmo levar a que o Banco Central Europeu decida antecipar a decisão e retirar já os principais estímulos à economia, dificultando o acesso ao crédito e encarecendo os empréstimos em vigor.
O objetivo é refrear o ímpeto consumista, mas para a economia da Zona Euro a decisão é mais um desafio que o setor financeiro e as famílias vão ter de ultrapassar. E a partir daqui?
Creio que, à semelhança dos governos que têm de encontrar respostas para os problemas que vão surgindo (muitas delas excecionais, como temos visto nesta pandemia), o setor financeiro, em conjunto com os reguladores e restantes intervenientes, terá de encontrar caminhos para responder cada vez mais às necessidades das famílias, sem comprometer os rácios e a resiliência que se exige a um setor tão importante e que é uma das artérias do coração de qualquer país.
A propósito do que marcou o mercado de crédito em 2021 e o que deverá pautar esta área em 2022, partilhei estas e outras ideias, numa conversa que podem assistir na íntegra:
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Cláudio Santos, iniciou carreira no setor da banca em 1992 no Loyds Bank, terminando em 2012 no Deutsche Bank após passar por Banco Fomento Exterior e Banco BPI. Após uma experiência internacional de 3 anos como Diretor Comercial, ingressou em 2016 no Doutor Finanças. Atualmente é Partner, Board member e Chief Commercial Officer (CCO).
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