Hoje em dia, são raras as famílias que não têm quaisquer créditos em mãos. Seja um crédito habitação, automóvel, créditos pessoais ou cartões de crédito.
Por vezes, acontece até não saberem ao certo quantos créditos têm. Há quem seja surpreendido por um cartão de crédito em mora de que já não se lembrava, um descoberto bancário de uma conta que teve e que nunca chegou a cancelar ou até aqueles cartões das lojas que parecem inofensivos, mas, que no fundo, não passam de mais um crédito.
Para saber ao certo quais são todos os seus encargos com créditos e evitar surpresas desagradáveis, pode aceder ao seu mapa de responsabilidades, através do site do Banco de Portugal. Este documento é atualizado regularmente, através da Central de Responsabilidades de Crédito.
Depois de saber exatamente quais são os créditos que tem ao seu encargo é hora de se organizar e fazer contas para perceber como pode poupar.
Fazer um orçamento é o primeiro passo para poupar
Para conseguir fazer uma gestão eficiente do seu dinheiro, traçar um orçamento familiar é indispensável. Para isso, basta ter à mão um documento de Excel ou, ainda mais fácil, um papel e uma caneta. Ou então, existem até aplicações móveis para o fazer no seu smartphone. Depois só tem de registar todos os seus rendimentos de um lado e as despesas do outro.
Esta ferramenta é essencial para conseguir visualizar para onde está a ir o seu dinheiro. O objetivo é ter uma imagem real de todos os seus gastos e, a partir daí, otimizar a sua gestão financeira.
Além dos encargos com prestações de créditos e outros gastos fixos, não se esqueça de incluir até as despesas mais pequenas. Por vezes, é comum contemplarmos as despesas que representam um maior volume a nível de gastos. Contudo, esquecemo-nos de incluir despesas do dia a dia, que mesmo sendo mais pequenas – por exemplo, os cafés fora de casa ou o parquímetro - o seu somatório constitui um gasto significativo no final do mês.
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Calcular a taxa de esforço
Só sabendo exatamente quanto dinheiro gasta em cada uma das rubricas é que vai conseguir calcular a sua taxa de esforço. Isto porque a taxa de esforço não é nada mais nada menos do que a relação entre o rendimento mensal líquido de um agregado familiar e as despesas do mesmo.
Ao dividir o total dos gastos pelo total dos rendimentos, vai obter a percentagem do seu rendimento que está alocado aos encargos, isto é, a sua taxa de esforço.
Para uma vida financeira saudável, quanto mais baixa a taxa de esforço melhor. Sendo que a sua taxa de esforço relativa apenas aos créditos não deve ultrapassar os 50%.
Calcule a sua taxa de esforço através do Simulador de Taxa de Esforço do Doutor Finanças. Avalie qual o peso dos seus créditos no seu orçamento e o que deve fazer para reduzir essa fatura.
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Rever todas as despesas
Depois de ter a imagem real de onde está a gastar o seu dinheiro e calcular a sua taxa de esforço, é hora de rever todas as suas despesas para aliviar as suas contas. É certo que há despesas fixas que são impossíveis de cortar, como a prestação da casa ou as faturas da água, gás e eletricidade, mas ainda assim é sempre possível poupar. Para isso, pode rever e renegociar contratos.
De seguida, comece a mudar alguns hábitos. No que diz respeito às compras de supermercado, pesquise e compare preços, opte por marcas brancas e esteja atento às promoções. E claro, nunca se esqueça de fazer uma lista com os produtos que realmente precisa e segui-la com rigor.
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Em casa, não se esqueça de ter cuidados redobrados com o consumo de eletricidade e água. Além disso, há um detalhe que também pode fazer a diferença ao final do mês: comunicar as leituras.
Ao fornecer as leituras da eletricidade, da água e do gás vai pagar o valor real do que consumiu e não uma estimativa feita pela empresa, que por vezes pode ser muito superior ao que realmente consome ou, pelo contrário, ser inferior e depois ser surpreendido com acertos. As faturas contemplam o dia ideal para comunicar as leituras à empresa. Só tem de apontar na agenda ou colocar um lembrete no telemóvel para não deixar passar.
Analise também o seu pacote de telecomunicações e apure as suas necessidades e as da sua família para perceber se está a pagar por serviços de que não precisa. Depois negoceie com a sua operadora e compare outras propostas no mercado. Uma escolha objetiva dos serviços que necessita pode traduzir-se numa poupança significativa.
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Renegociar as condições do crédito habitação
A prestação do crédito habitação é, por norma, a despesa que mais pesa no orçamento familiar. Mas pode haver uma forma de poupar neste encargo. Sabe, por exemplo, qual é o spread do seu crédito? Talvez esta seja uma boa altura para saber se consegue negociar as condições com o seu banco ou se existem outros bancos que lhe apresentam melhores condições.
Assim, pode começar por dirigir-se ao seu banco ou à instituição de crédito e tentar renegociar as condições do seu contrato. Além do spread pode conseguir renegociar outras questões como a possibilidade de alargar o prazo de pagamento, solicitar um período de carência de capital que lhe permita pagar apenas os juros durante determinado período de tempo, ou ainda, por exemplo transferir o seguro de vida.
A renegociação tem sempre como objetivo de baixar a prestação do crédito e, assim, aliviar os seus encargos aumentado a liquidez mensal.
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Ponderar a consolidação de créditos para poupar
Se tem vários créditos, como por exemplo, um crédito automóvel, um crédito que fez para a compra de algum eletrodoméstico e ainda cartões de crédito, também aqui pode poupar.
O crédito consolidado é uma solução financeira que permite juntar vários créditos num só, com melhores condições e uma única prestação mensal mais baixa. Sendo que, a taxa de juro do crédito consolidado é, em regra, mais baixa do que a média das taxas de juros de todos os créditos que tinha anteriormente. Esta opção vai dar-lhe mais folga orçamental.
O valor da poupança vai depender sempre do caso em concreto. Mas é possível reduzir os encargos de forma considerável.
Vejamos o caso do Tomás (nome fictício). O Tomás tinha ao seu encargo dois créditos pessoais e dois cartões de crédito. No total, o seu encargo mensal com créditos era de 354,75 euros.
Ao consolidar os seus créditos, passou a pagar uma prestação mensal de 201,72 euros, com seguro de vida incluído. O crédito consolidado permitiu ao Tomás uma poupança mensal de 153,03 euros, que se traduz numa poupança de 1.836,36 euros por ano.
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O que fazer com a poupança gerada
Com a poupança gerada ao juntar todos os seus créditos num só, pode colocar algum dinheiro de parte para ir fazendo amortizações antecipadas, por exemplo. Desse modo, vai reduzindo o capital em dívida e, por consequência, o total de juros pagos ao longo do prazo inicialmente contratado.
Esta é também uma oportunidade para criar um fundo de emergência. Os inesperados acontecem, seja uma avaria no carro, uma emergência de saúde ou outro qualquer evento que não estava previsto no seu orçamento. Ter um fundo de emergência pode dar-lhe mais segurança e evitar uma eventual situação de incumprimento.
E, claro, também pode aproveitar parte desse dinheiro para realizar alguns sonhos, seja uma viagem ou tirar um curso.
O crédito consolidado não é uma solução apenas para aqueles que já perderam a conta aos créditos que contraíram e se encontram com dificuldades em fazer face a estes encargos. O objetivo desta solução é dar oportunidade às famílias de ganharem uma folga orçamental para assim conseguirem fazer face às despesas e aumentarem a sua poupança.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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