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Fim das moratórias: Quais as opções para evitar o incumprimento

Com o fim das moratórias, aumenta o receio de incumprimento. Se está nesta situação, é hora de agir. Saiba o que pode fazer.

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Fim das moratórias: Quais as opções para evitar o incumprimento

Com o fim das moratórias, aumenta o receio de incumprimento. Se está nesta situação, é hora de agir. Saiba o que pode fazer.

O fim das moratórias de crédito está a aproximar-se e, com ele, surge o medo de entrar em incumprimento. As famílias que beneficiaram deste apoio vão ter de retomar os pagamentos em outubro - quem aderiu à moratória até setembro de 2020 - ou, na melhor das hipóteses, em janeiro do próximo ano – para aqueles que aderiram até março de 2021.   

Com o fim deste apoio cada vez mais próximo, cresce o sentimento de insegurança das famílias perante a retoma dos pagamentos. Dependendo do tipo de moratória de que está a usufruir, o aumento dos encargos pode ser significativo. Se está apenas a pagar juros ao banco, a sua prestação, será semelhante ao que pagava antes de a moratória começar. Já no caso de não estar a pagar ao banco nem capital nem juros, o valor total dos juros que devia ter sido pago desde o início da moratória, vai acrescer ao capital em dívida. Logo, a prestação será maior do que a que tinha quando começou a moratória. 

Se está nesta situação, é importante manter a calma. Esta é a altura para avaliar o seu contexto e perceber o que pode fazer para evitar o pior cenário, ou seja, entrar em incumprimento. 

Desde rever e renegociar despesas e encargos até optar por mecanismos de apoio por parte das instituições financeiras, existem algumas formas de evitar um cenário de incumprimento. 

Se está a atingir o seu limite, existem soluções para reduzir os encargos de forma imediata. É importante ter em mente que estas soluções têm de ter a aprovação da instituição financeira com que tem contratos de crédito a decorrer, e que qualquer uma delas vai fazer subir o custo final do crédito.

Ainda assim, pode ser a solução para evitar que entre em incumprimento ou para que consiga regularizar as suas dívidas, no caso de já ter entrado em incumprimento.

Aumentar o prazo do contrato

Estender o prazo do contrato pode ser a solução para reduzir os encargos de uma forma imediata. Contudo, saiba que este prolongamento traz consigo um aumento da fatura total dos juros e dependerá da sua idade.

É preciso ter em atenção que há idades máximas no final do contrato. Por exemplo, se vai contrair um crédito habitação, no máximo, o contrato pode durar 40 anos, contudo, dependendo do banco com que contrair o crédito não poderá ter mais de 75 anos no final do mesmo (há bancos que concedem até aos 80 anos). No limite um cliente com 55 anos pode ficar condicionado a um alargamento do prazo para que o contrato termine daqui a 20 anos (altura em que terá 75 anos).

No que respeita ao que vai pagar, imagine que tem uma dívida de 100 mil euros, de um crédito habitação, que ainda vai decorrer por mais 260 meses e que conta com uma taxa de juro (spread+ indexante) de 1,3%. Recorrendo à Calculadora de Prestação de Crédito Habitação do Doutor Finanças, este financiamento representa uma prestação de 441,53 euros. Se aumentar o prazo do contrato em 40 meses, para 300 meses, a prestação desce para os 390,61 euros, uma redução mensal superior a 50 euros.

Contudo, deve ter em atenção que a fatura total dos juros passará de 14.797,40 euros para mais de 17 mil.

Apesar de, no final do contrato, o valor total ser maior, esta solução permite algum alívio financeiro imediato. Por isso, avalie esta opção para que recupere o equilíbrio financeiro.

Carência de capital

Esta é uma alternativa semelhante à oferecida nas moratórias. A carência de capital é uma solução que permite adiar a amortização do crédito. Por regra, fora do âmbito das moratórias, o cliente paga a parcela correspondente a juros, deixando a amortização de capital para mais tarde. A carência de capital está disponível para os clientes que revelem problemas financeiros, mas que demonstrem também perspetivas de recuperar.

Na prática, esta solução permite a suspensão do pagamento das prestações de crédito, durante um determinado período. Regra geral, as instituições financeiras permitem que um cliente beneficie desta solução durante um período entre 6 e 24 meses. Mas, vai sempre depender da situação do cliente. Esta é uma alternativa que permite aos clientes terem algum tempo para recuperarem a sua estabilidade financeira.

Leia ainda: Carência de capital: o que é e como pode representar um alívio financeiro

Diferimento de capital

O diferimento de capital permite reduzir o encargo imediato com o crédito, "empurrando" para o final do contrato uma parte significativa do empréstimo.

Claro, que como há uma parcela significativa que fica para pagar só no final, o custo do empréstimo também será mais elevado. No entanto, se está perante uma situação limite, esta pode ser uma opção para reduzir encargos no imediato e reequilibrar o seu orçamento.

PARI e PERSI: o que são e como funcionam?  

Os bancos têm alguns planos de ação para ajudar a evitar situações de incumprimento, tendo o dever de reavaliar a situações dos seus clientes. Nos casos em que o cliente ainda está a conseguir cumprir com os pagamentos, é possível apresentar um Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI). Este é um instrumento que está disponível para clientes em situações que antecedem a entrada em incumprimento. 

Mas se já se encontrar em falta com o pagamento efetivo, existe outro instrumento: o Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações de Incumprimento (PERSI). Este último instrumento destina-se a encontrar uma solução para que o cliente cumpra com os pagamentos e que se evite um processo judicial. 

Este é o momento de fazer contas e tomar decisões. O objetivo é evitar entrar numa situação de incumprimento e esse deve ser o seu foco, mesmo que isso implique fazer cortar "onde mais dói". Assim que reequilibrar as suas finanças, pode voltar gradualmente aos seus hábitos antigos.  Se precisar de ajuda, recorra a especialistas nesta área que o podem aconselhar. 

Rever despesas para aliviar a fatura mensal 

Esta é uma dica fundamental: analisar o seu orçamento familiar. Pegue num papel e numa caneta e escreva de um lado os seus rendimentos e de outro todas as suas despesas mensais. Este é o momento para perceber onde pode cortar.  

Esta pode não ser a altura ideal para gastos considerados supérfluos. Comece por aí. Todos os euros contam. E se há despesas que parecem não pesar muito no orçamento mensal, a verdade é que no final do ano a fatura pode ser elevada.  

Outra dica para fazer aumentar o seu rendimento passa por vender alguns dos seus bens. Dê uma volta à sua casa e veja do que se pode desfazer. Seja roupa, mobiliário, livros ou artigos tecnológicos, por exemplo. 

O objetivo é evitar entrar numa situação de incumprimento e esse deve ser o seu foco, mesmo que isso implique fazer cortes “dolorosos”. Nunca é demais reforçar que todos os euros contam. E pense que esta é a forma de recuperar as suas finanças.

Encare estas medidas como algo temporário. Assim que reequilibrar as suas finanças, pode voltar gradualmente aos seus hábitos antigos.   

Fugir ao incumprimento através da renegociação

Desde os serviços básicos, como a água, a eletricidade e o gás até às telecomunicações, créditos e seguros, são vários os contratos que as famílias têm a decorrer. Além disso, existem ainda outros serviços que podem entrar nesta lista.

Todas estas despesas devem ser enumeradas no orçamento familiar, como foi explicado acima. A verdade é que existem alguns serviços dos quais não pode abdicar, mas há uma coisa que pode fazer: renegociar as condições dos contratos.

O processo pode implicar uma grande dose de paciência, mas não desanime. Acredite que esta dica se pode traduzir numa poupança considerável.

Contrato de energia

Comece por olhar para a sua fatura da eletricidade. Qual é a tarifa que tem contratada? Será que tem o melhor fornecedor de energia? A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) tem um simulador de eletricidade que pode ajudar a perceber qual a melhor opção para o seu consumo.

Além disso, pode ainda alargar estas simulações e comparar os preços de gás natural ou de uma oferta integrada (gás e eletricidade).

Leia ainda: Tarifa Social de Energia: o que é e a quem se destina?

Contrato de telecomunicações

Será que vê todos os canais que tem na televisão? Quantas pessoas têm telemóvel no seu agregado familiar? São algumas questões que deve colocar. A escolha do pacote de telecomunicações tem a capacidade de lhe poupar algum dinheiro.

Assim, pode ser hora de rever as condições do seu contrato. Faça-o com a sua operadora, mas não só. Negoceie, avalie as propostas que lhe apresentam e renegoceie. Ter mais do que uma oferta pode dar-lhe mais força perante um fornecedor.

Há ainda que ter em atenção os períodos de fidelização. Se ainda estiver dentro deste período, é possível que não consiga fazer alterações no contrato. Mas, mesmo que esteja, comece já a avaliar soluções. O melhor é entrar em contacto com a sua operadora.

Subscrição de outros serviços

Serviços de streaming - seja de filmes, séries ou música -, ginásio, serviços de mobilidade partilhada, entre outros. Hoje em dia, a subscrição de serviços está à distância de pequenos cliques. E, por isso, é natural que percamos a conta àqueles que temos.

As mensalidades destes serviços, quando isoladas, até podem parecer não causar mossa no orçamento. Mas já fez as contas? No final do mês, a conta pode ser elevada.

Todos estes serviços devem estar na lista de despesas mensais do seu orçamento familiar. Depois, avalie quais são mesmo essenciais e quais pode cortar, reduzindo assim os seus gastos. Normalmente, estas despesas estão entre as mais fáceis de cortar numa situação mais complicada. Além disso, há plataformas que têm pacotes que permitem que mais do que uma pessoa aceda ao mesmo tempo, podendo ser a solução ideal para manter o serviço e reduzir os encargos.

Crédito habitação

A prestação do crédito habitação é, regra geral, a fatia que mais pesa no orçamento familiar. Uma das primeiras coisas que pode fazer é entrar em contacto com o seu banco, de forma a saber se existe abertura para reverem as condições do seu crédito. Pode questionar todas as condições ao seu banco: das taxas de juro, spread aos seguros.

Depois de ouvir o seu banco, peça propostas à concorrência. Se lhe oferecerem melhores condições noutra instituição pode transferir o seu crédito

Imagine a seguinte situação: tem um financiamento de 100 mil euros, com uma taxa de juro (spread+ Indexante) de 1,5%, e que ainda tem cerca de 20 anos para terminar o contrato de crédito. Neste caso, a sua prestação ronda os 482 euros. A revisão da taxa para 1,1% reduz a prestação em mais de 22 euros. Ao longo de um ano são mais de 260 euros que ficam na sua conta.

Faça simulações da sua situação. Use a Calculadora de Transferência de Crédito Habitação e veja qual pode ser a redução dos seus encargos.

Leia ainda: Como é calculada a Euribor e que impacto tem no crédito habitação?

Contratos de seguros

Há quanto tempo não revê as apólices dos seus seguros? Sejam de vida, habitação ou saúde, os seguros costumam levar uma grande parte do orçamento familiar. Mas, saiba que também aqui pode poupar. Em primeiro lugar, deve ter em consideração todos os seguros que tem e analisar as apólices que contratou.  

Depois deste processo, é tempo de identificar quais as necessidades que quer assegurar e quais são as coberturas que tem, mas não precisa. Após este exercício, deve investigar e comparar os produtos que existem no mercado, fazendo simulações junto de outras entidades seguradoras. E caso seja necessário, pode até recorrer a apoio especializado.   

Sabia, por exemplo, que no caso dos seguros associados ao crédito habitação é possível renegociá-los mesmo que o contrato de financiamento esteja a decorrer? E também é possível transferir os seguros para outra seguradora.

Leia ainda: Poupança nos seguros: Há quanto tempo não revê as apólices?

Consolidar os créditos  

Outra forma de aliviar a fatura mensal é a consolidação de créditos. Esta opção está disponível para todas as pessoas que tenham mais do que um crédito e que não tenha entrado em incumprimento.

Entre automóvel, cartões de crédito, cartões de fidelização e créditos pessoais, quantos créditos tem o seu agregado familiar? A consolidação traduz-se em contrair um crédito que permita pôr fim a todos os outros créditos, ficando apenas com uma única prestação. Na maioria das vezes, conseguem-se condições melhores do que a média de todos os créditos. Peça simulações e avalie esta solução.

Para ter uma ideia do impacto desta opção, o Miguel (nome fictício) procurou o Doutor Finanças para consolidar os seus créditos (excluindo o crédito habitação), que somavam o valor de 17.500 euros, com prestações mensais a rondar os 490 euros.  Após a consolidação, o Miguel passou a pagar por mês, cerca 250 euros, num único crédito. Com os seus rendimentos da rondar os 1.500 euros, e com um prazo a sete anos - novo teto máximo no crédito pessoal -, a sua taxa de esforço ficaria na casa dos 29%, tendo em consideração outras despesas identificadas. O Miguel conseguiu assim reduzir em cerca 240 euros por mês os seus encargos com créditos, o que resulta numa poupança de mais de 2.880 euros anuais.

Leia ainda: Consolidação de crédito pode ajudar a enfrentar o fim das moratórias

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