As taxas de juro de empréstimos bancários continuam baixas, especialmente para o crédito habitação. Mas nos depósitos a prazo os juros remuneratórios também são baixos. Há relação entre estas duas medidas? Porque é que não é possível beneficiar de um crédito com juros baixos e de um depósito a prazo com juros interessantes? Neste artigo, vamos explicar estas dinâmicas.
Taxa de juro: o que é?
Quando há um empréstimo, por norma, espera-se que o devedor devolva o dinheiro emprestado com um acréscimo. Esse valor pago “a mais” é o juro. E a taxa é a percentagem que esse juro representa junto do valor original. É, no fundo, a remuneração do próprio empréstimo.
Esta dinâmica acontece tanto quando é o banco que empresta, como quando são os consumidores que “emprestam” aos bancos - e os depósitos são precisamente empréstimos que as famílias fazem aos bancos. Claro que num crédito habitação, por exemplo, a dinâmica é mais complexa, porque há outras taxas a considerar. No entanto, num depósito a prazo, a taxa de juro é mesmo umas das principais métricas que deve ponderar.
Esta taxa pode ser fixa ou variável no tempo. Mas essa definição deve ser estipulada no início do contrato celebrado entre ambas as partes.
Juros baixos quer nos créditos, quer nos depósitos
Os juros têm registado uma queda contínua e generalizada nos últimos anos. Quer para os créditos, onde os mínimos históricos têm sido acompanhados pela Euribor em terreno negativo, quer nos depósitos a prazo, cujas taxas de referência se fixam agora nos 0,07%.
Estes juros baixos explicam-se com a política monetária, neste caso da Zona Euro, onde o Banco Central Europeu (BCE) pretende promover o consumo das famílias, de forma a ajudar a economia a recuperar.
O principal objetivo do BCE é manter a inflação anual controlada, evitando assim uma descida generalizada de preços: um cenário de deflação.
É por esta razão que os bancos não podem remunerar mais pelos depósitos. Além das diretrizes bem definidas por parte do BCE, importam os baixos juros praticados nos créditos. Resumindo, de forma simplificada: se os bancos não são remunerados pelo dinheiro que emprestam, também não podem remunerar pelos montantes que recebem.
Como tirar partido destas dinâmicas?
Se por um lado pode aproveitar (caso necessite, claro) de um empréstimo com juros baixos - há bancos com juros abaixo de 1% no crédito habitação, por outro deve procurar rentabilizar a sua poupança em soluções alternativas aos depósitos a prazo.
No terreno do crédito habitação, faça contas, compare propostas e opte pelo banco que lhe ofereça melhores condições. Atente que não é apenas o spread que deve pesar: outras taxas, comissões e despesas como seguros devem entrar na equação. Pode contar com o apoio de um intermediário financeiro, como o Doutor Finanças, para encontrar a melhor solução para o seu caso: seja para um novo crédito ou para a transferência de um já existente. Com condições tão favoráveis, não se deixe vencer pela inércia.
Já no que respeita à poupança, pondere outros instrumentos que não os depósitos a prazo. A não ser que já tenha um depósito constituído há vários anos e onde beneficia de taxas mais apelativas do que as praticadas atualmente.
Analise:
- Certificados de Aforro ou do Tesouro: que têm capital garantido, oferecem mais segurança mas remunerações mais tímidas;
- Produtos de investimento de médio, alto risco: que permitem remunerações mais altas;
- PPR: caso o objetivo da sua poupança seja a reforma (ou liquidar o crédito habitação, por exemplo).
Atente que em todos eles paga um imposto de 28% sobre os juros recebidos, à exceção do PPR (onde também pode ter benefícios fiscais).
Agora que conhece melhor as dinâmicas e a relação entre juros de crédito e de depósitos, procure fazer escolhas conscientes para a sua carteira.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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