A pandemia Covid-19 ditou o fecho da maior parte do comércio e das fronteiras, o país parou e, consequentemente, a economia também. Para atenuar estes efeitos económicos o Governo tomou medidas para ajudar as famílias e empresas a superarem esta fase.
Apesar de o país estar a abrir novamente e a regressar a alguma normalidade, este é um momento de incertezas para muitos. Por isso, e mais do que nunca, é altura de rever todas as despesas e perceber onde se pode poupar.
Sendo o crédito habitação uma das maiores fatias de um orçamento familiar, este também se pode converter na maior fonte de poupança. E como? Através da transferência do crédito habitação para outra entidade bancária com uma prestação mais baixa. Por exemplo, sabe qual é o spread do seu crédito? É de 1,4%? Se já passaram dois anos desde que contratou o seu crédito habitação, esta talvez seja uma boa altura para saber se existem bancos que lhe oferecem melhores condições.
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A comodidade é a maior rival da poupança
Independente da sua situação atual, por muito que se fale em poupança e como pode ser feita, na hora H o maior inimigo é muitas vezes a comodidade.
Em muitos casos, o problema não mora na ausência de condições para transferir o crédito ou numa taxa de esforço elevada, o problema mora sim na inércia. Ou seja, todos nós gostaríamos de reduzir custos mas, para isso, às vezes é preciso ter trabalho. E, neste caso, o trabalho compensa porque este só se tem uma vez, enquanto que a poupança será para a vida.
“Vou mudar de banco para poupar 20€? Não vale a pena.” Parece-lhe uma poupança pequena? Experimente então multiplicar pelos meses que lhe restam do contrato. Faltam-lhe 20 anos para concluir o crédito? Se for este o caso, e a poupança mensal for de 20 euros, no final gastará menos 4.800 euros. Já lhe parece melhor? A transferência do seu crédito pode gerar poupanças significativas.
É importante mudar a mentalidade de que “é só um euro”. Mais abaixo vamos analisar um caso real de transferência de crédito para mostrar como qualquer poupança pode revelar-se importante e significativa.
Mas antes disso, vamos analisar as várias situações em que se pode encontrar atualmente.
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Qual é a sua situação atual?
Mesmo em tempos economicamente estáveis, a sua vida está sempre sujeita a mudanças, tanto para melhor como para pior. Por isso, tal como foi avaliada a sua situação pessoal e financeira na altura em que contratou o crédito, se pretender transferi-lo vai ter de voltar a avaliá-la, uma vez que vai começar do zero com uma outra entidade bancária.
É nesta fase que vai saber se está elegível para conseguir melhores condições ou não, uma vez que nem todos os processos são aprovados.
Num contexto marcado pela pandemia Covid-19, muitas são as questões levantadas relativamente à transferência de crédito. E os contextos são muito diferentes.
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Fiquei desempregado, posso transferir o meu crédito?
Seja em época de Covid-19, ou não, se estiver desempregado pode sempre tentar melhores condições para o seu crédito habitação, nomeadamente através da sua transferência. No entanto, a aprovação desta operação ficará condicionada à aceitação de risco de crédito por parte do banco para onde pretende transferir.
Tal como noutras situações, o banco vai avaliar a sua capacidade de cumprir com o pagamento do crédito. O que dependerá dos rendimentos que tiver e da taxa de esforço que isso implicar.
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Estou em regime de lay-off, posso transferir o meu crédito?
A simplificação do regime de lay-off criada pelo Governo para ajudar famílias e empresas a fazerem frente à falta de receitas, permite a redução temporária dos horários de trabalho ou a suspensão dos contratos de trabalho. Isto significa que o horário reduz, mas o trabalhador também passa a receber menos.
Embora a quebra no rendimento seja um fator de risco para o banco e acabe por tornar o processo mais complicado, pode ser possível transferir o crédito habitação. Vai tudo depender do perfil do proponente e, mais uma vez, da sua taxa de esforço.
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Como funciona a moratória no crédito habitação?
A moratória no crédito habitação foi mais uma das medidas implementadas para fazer face à pandemia que assolou o país e o mundo. Através delas é possível proceder à suspensão do pagamento de um crédito por um determinado período de tempo. Mas atenção, está apenas a adiar o seu pagamento e não a ter um perdão da dívida.
Poderá optar por um de três cenários: suspender o pagamento integral da prestação, suspender o pagamento apenas do capital (continuando a pagar os juros correspondentes) ou suspender o pagamento de parte do capital.
Dependendo da escolha, o impacto será diferente: Conheça os custos e impactos da moratória na prestação do crédito habitação. Se optar por suspender o pagamento total da prestação terá agora um alívio maior na sua carteira, mas no final do prazo, terá mais encargos, porque o capital em dívida aumenta para refletir os juros que não pagou neste período. E o prazo do contrato é alargado, o que significa que estará mais tempo a pagar juros.
Por outro lado, se já aderiu à moratória de crédito pode tentar perceber que condições de financiamento tem atualmente e confirmar se não existem outras melhores no mercado. Poderá assim começar a preparar a transferência do seu empréstimo.
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A importância da taxa de esforço
Num momento em que muitos portugueses sofrem fortes quebras nos rendimentos e em que mantêm as suas despesas com créditos, estes podem sentir-se verdadeiramente estrangulados pela sua taxa de esforço.
Por isso, e para evitar entrar numa situação de incumprimento, é importante que tente encontrar formas de poupar nos encargos com prestações, para que estas não ultrapassem os 35% dos seus rendimentos. E uma destas formas pode passar pela transferência do seu crédito habitação para outro banco que lhe ofereça melhores condições com prestações mensais mais baixas.
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Vantagens da transferência do crédito
A maior vantagem é poder ter um crédito com uma prestação mensal mais baixa, através de um spread menor.
Além disso, poderá ter a oportunidade de retirar outros produtos de que não necessita, como cartões de crédito, seguros de saúde e outros produtos que teve de adquirir na altura em que fez o seu crédito e que lhe impede de fazer uma poupança significativa.
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O Carlos poupou mais de 22.500€ com a transferência do seu crédito habitação
O Carlos (nome fictício) procurou o Doutor Finanças para melhorar as condições do seu crédito habitação. O cliente tinha um spread de 1,45%, uma dívida de 138.000 euros e uma prestação mensal de 384,36€.
Após analisar o seu caso encontrou-se um banco com melhores condições. O seu spread passou para 1,1% e a sua prestação mensal para 346,47€. Isto confere uma poupança mensal de 37,89€. Ao multiplicarmos este valor pelos 467 meses em falta, o Carlos, no final do contrato, vai poupar 17.694,63€.
Para além da poupança com o crédito habitação, o Carlos pagava ainda ao seu antigo banco as seguintes comissões: 5,50€ de manutenção de conta, 17€ de anuidade do cartão de débito, 2,50€ de mensalidade do cartão de crédito e ainda 2,90€ do processamento da mensalidade.
Com a transferência do seu crédito ficou a pagar apenas 2€ por comissões ao seu novo banco.
A redução destas despesas representa no final do contrato uma poupança estimada de 4.817,88€. Juntando este valor ao montante anterior, a poupança ultrapassa os 22.500€.
Associado a tudo isto ainda ficou sem a obrigatoriedade de utilização do cartão de crédito assim como a contratação de um seguro de recheio que o anterior banco obrigava (encargo de 10€/mês).
Este é um exemplo de uma poupança que parece pequena, mas que é muito significativa. Em alguns casos a poupança com a transferência do crédito habitação pode mesmo rondar a casa dos 60%.
De realçar que ao transferir o seu empréstimo para outra entidade bancária poderá ter alguns custos associados, como comissões, pedidos de extratos e escritura. Ainda assim, a poupança obtida com a redução dos encargos compensará. Até porque muitos bancos suportam as despesas associadas à transferência do seu novo cliente.
Não consegui transferir o meu crédito, o que posso fazer?
Se não está elegível para transferir o seu crédito habitação e está com dificuldade em pagar o mesmo, não desista. Primeiro fale com o seu banco para informá-lo da sua situação de forma a negociar este ou outros créditos de maneira a não entrar em incumprimento.
Uma vez que as entidades preferem tentar arranjar soluções para facilitar o pagamento do que o cliente deixe de o pagar, o seu banco deve fazer uma nova avaliação das capacidades financeiras do agregado familiar e propor uma solução mais ajustada à sua situação financeira. Este processo pode resultar num alargamento do prazo de reembolso ou na concessão de um período de carência, por exemplo. Todas estas opções fazem com que a mensalidade se reduza significativamente. Esta reestruturação de crédito é isenta de custos, não podendo as instituições financeiras cobrar comissões por fazerem esta avaliação.
Para conseguir renegociar os créditos com o seu banco é importante que não se encontre numa situação de incumprimento. Se, pelo contrário, já se encontra numa situação destas pode recorrer ao chamado PERSI (Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações de Incumprimento) através do próprio banco.
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Os clientes bancários em risco de incumprimento ou com prestações de crédito em atraso podem obter, gratuitamente, informação, aconselhamento e acompanhamento junto das entidades que integram a Rede de Apoio ao Consumidor Endividado (RACE).
Pode consultar as entidades da RACE no Portal do Cliente Bancário.
E, se precisar de ajuda, pode contar com o Doutor Finanças 😊
Leia ainda:
- Tudo o que precisa saber sobre a transferência do crédito habitação
- 4 fatores que revelam se é o momento de transferir o seu crédito habitação
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