A procura de crédito habitação em Portugal voltou a crescer no primeiro trimestre de 2025. Segundo o mais recente Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito, divulgado pelo Banco de Portugal, foram os particulares que mais contribuíram para esta dinâmica positiva, num contexto em que as condições de acesso ao crédito se mantiveram praticamente estáveis. Porém, é de realçar que os spreads ligeiramente mais baixos e a confiança dos consumidores ajudaram a impulsionar os pedidos de crédito habitação.
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A procura de crédito habitação voltou a subir
O primeiro trimestre de 2025 ficou marcado por um aumento da procura de crédito por parte das famílias, sobretudo para a compra de casa. Este crescimento foi impulsionado pelo atual nível das taxas de juro, pelo quadro regulatório e fiscal mais favorável e, ainda que de forma mais discreta, pela crescente confiança dos consumidores.
A tendência não se limitou apenas ao crédito habitação. Também os créditos ao consumo registaram uma ligeira subida, sustentados pela melhoria do sentimento económico das famílias.
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Condições sem grandes alterações, mas foram aplicados spreads mais baixos
No que diz respeito à oferta, os bancos mantiveram os critérios de concessão de créditos praticamente inalterados, tanto no crédito à habitação como no crédito a empresas e ao consumo.
No entanto, no crédito habitação, houve sinais positivos nas condições comerciais:
- Os spreads (a margem cobrada pelos bancos) registaram uma ligeira descida nos empréstimos de risco médio para habitação;
- Houve uma menor rigidez nas exigências relacionadas com rácio entre o valor do empréstimo e o valor da garantia (o chamado LTV, loan-to-value).
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Empresas: Procura desigual, critérios estáveis
Quanto às condições dos financiamentos a empresas, houve uma ligeira diminuição da taxa de juro praticada e do spread aplicado nos empréstimos de risco médio. A concorrência entre bancos foi apontada como um dos fatores que ajudaram a tornar estas condições mais favoráveis para os clientes. Afinal, as instituições financeiras procuram atrair novos clientes num mercado cada vez mais dinâmico.
Além disso, nas empresas, o retrato é mais equilibrado:
- Pequenas e médias empresas mostraram um ligeiro aumento na procura de crédito, sobretudo para empréstimos de longo prazo.
- Em contrapartida, as grandes empresas reduziram a procura de financiamento.
Expetativas: Procura deverá continuar a crescer
Para o segundo trimestre de 2025, os bancos são cautelosamente otimistas. Esperam um ligeiro aumento da procura de crédito habitação, à boleia das condições de financiamento estáveis e da confiança dos consumidores.
Do lado das empresas, o cenário também aponta para uma procura moderada, com especial foco nas pequenas e médias empresas e nos financiamentos de maior prazo.
Acesso ao crédito: Mais pedidos, mas mais cuidado
Apesar do aumento da procura, os bancos demonstraram alguma prudência. A taxa de rejeição de pedidos de crédito a particulares subiu ligeiramente, o que revela que as instituições continuam vigilantes na avaliação do risco, mesmo num mercado com sinais de recuperação.
Além disso, a estabilidade dos critérios de concessão sugere que, apesar de uma procura mais ativa, os bancos mantêm o controlo apertado sobre a qualidade do crédito concedido.
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