Neste artigo pretendemos explicar quais os casos em que de facto mais valerá investir, ao invés de amortizar o crédito. De qualquer forma, deixamos o aviso que, na esmagadora maioria dos casos, a opção certa é amortizar o crédito habitação.
Factores decisivos
Os factores decisivos nesta análise são:
- Taxa de juro do crédito habitação;
- Total das prestações anuais (amortização de capital e juros);
- Taxa de juro líquida do melhor investimento garantido alternativo.
Primeiro fator
Quando a taxa de juro do crédito habitação for inferior à taxa de juro líquida do melhor investimento garantido alternativo, então mais vale investir do que amortizar. Embora este seja um caso improvável.
Segundo fator
Quando ocorre o caso contrário, taxa crédito superior à taxa de juro líquida do investimento, então já deverá ter em conta também o total das prestações anuais. E porquê? Porque existe o benefício no IRS para 30% do total de prestações pagas no crédito habitação, com limite máximo de cerca de 530 euros. E aqui, dependendo dos valores envolvidos a decisão pode ser uma ou outra (basicamente tem a ver com a relação entre o benefício fiscal que tenho e o que passo a ter)
Nestes casos é preciso ter em conta também este valor, uma vez que a partir de determinado nível de amortização deixa de se obter essa poupança. A questão é que basta gastar cerca de 1800 euros/ano em prestações para poder usufruir ao máximo dessa poupança. E para ter uma ideia, um crédito a 5% €80 000, 30 anos dá qualquer coisa como mais de 5 000 euros anuais.
Leia ainda: Crédito Habitação: Transferir ou amortizar?
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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Uma situação intermédia parece-me bem.
Esses 15 anos poderão ser a solução. Temos de pensar também que durante 15 anos a Euribor flutua. E se aumentar 100 pontos base, sendo o prazo tão curto, o aumento na prestação será muito maior do que num crédito a 40 anos. Mas se isso acontecer, podes sempre alterar novamente o contrato.
Quanto a estar a ir a correr ao banco todos os meses para amortizar, dependerá do relacionamento e das opções que o banco tiver para essa amortização.
Já ouvi falar que alguns ponderam colocar essa opção on-line. Outros aceitam o pedido por fax, etc. Ou, quem sabe, ao teu gestor de conta poderá bastar um telefonema.
Quanto ao aviso, penso que para a amortização parcial, bastam 7 dias úteis antes da prestação cair. Penso que para o reembolso total é que serão necessários esses 10 dias de que falaste.
Mas parece-me bem, o que estás a pensar. Se eu tivesse essa disponibilidade financeira, faria o mesmo.
Não tendo, cada tostão que me sobra no fim do mês, amortizo no crédito habitação!
Tatiana
Obrigado pelo comentário
De facto acho que os 5 anos é arriscado. Pode de facto acontecer alguma surpresa. Apesar de achar que fico muito menos sujeito às flutuações da euribor.
De facto nunca me tinha ocorrido ir ao banco todos os meses amortizar. É uma excelente ideia. Reduz bastante os juros acumulados.
No entanto acho que é um pouco chato estar todos os meses a caminhar para o banco para amortizar. É preciso avisar com 10 dias de antecedencia, …. enfim, é cansativo.
Acho que vou adoptar uma situação intermédia entre a que tinha referido e a tua sugestão.
Reduzo o prazo de crédito para 15 anos (mensalidade de 1000 euros mensais, que são apenas mais 200 euros do que estou agora a pagar, reduzindo muito os juros acumulados)
e tipo 6 em 6 meses vou amortizar directamente ao banco uma determinada quantia (que considere que seja poupança), deixando sempre algum de lado para as surpresas da vida.
Que achas?
Olá, Ricardo.
Gostei de ler o que escreveste, já que vai de encontro à minha lógica de pensamento.
Só gostava de auferir tanto como tu! 😉
No teu lugar não reduziria o crédito para tão pouco tempo (e nem sei se haverá algum banco que permita 5 anos de crédito habitação), já que se tornará num encargo mensal muito pesado, ainda que dentro das tuas capacidades financeiras.
Optaria sim, por no fim de cada mês, dirigir-me ao banco e pedir para fazer uma amortização antecipada tão grande quanto a tua poupança mensal. Terás um custo máximo de 0.5% sobre o capital amortizado. Sendo que alguns bancos te permitem amortizar, sem qualquer custo adicional, o capital em divida, desde que não tenhas ainda ultrapassado 50% do capital inicialmente contratado.
Assim consegues ter a qualidade de vida que entenderes sem te ‘forçares’ a poupar.
É que a vida às vezes reserva-nos surpresas.
Viva.
Gostava de colocar à consideração um caso particular relativo a uma possibilidade de amortização porventura “maluca”. Não sei, digam-me voçês!!
Então é assim:
Tenho um crédito habitação de 125 000 euros a pagar em 40 anos (crédito efectuado em inicio da carreira professional).
Actualmente a mensalidade está na ordem dos 660 euros e vai resultar em juros acumulados de 150000 euros no final do credito (dos 40 anos).
Depois de umas contas chegei à conclusão brilhante que:
se reduzir o prazo para 10 anos pago 1350 euros por mês mas reduzo os juros acumulados para 33 000 euros
e agora a loucura – se reduzir o prazo para 5 anos pago 2500 euros por mes reduzindo os juros acumulados apenas para 16 000 euros.
Dado que actualmente eu e a minha mulher auferimos cerca de 2200 euros cada um, à partida, com um esforço de 5 anos, em que 50% dos ordenados era para amortizar o crédito, limpava-se o crédito (nessa altura tinha 36 anos 🙂 ).
Entretanto também temos um x (20 000 euros) que não queremos amortizar para servir de segurança para algum problema de doença ou acidente.
A minha questão é a seguinte:
Estas questoes têm-me intrigado
Agradecia alguns comentários.
Boas
Embora seja tb um defensor das amortizações percebi nesta altura de aperto dos bancos que ter umas massas no banco ajuda muito em negociações das condições dos creditos. E uma outra coisa que muitas as vezes as pessoas se esquecem é que a vida ñ anda para trás e muitas vezes mesmo amortizar chegamos aos 60 anos com a casa paga mas depois já ñ podemos fazer muitas das coisas que queriamos fazer enquanto podiamos e andamos a poupar para amortizar a casa ou seja somos muitas vezes “escravos” das nossas casas.
Abraço
Obrigado pela resposta. De facto não me veio trazer qualquer novidade. E aquilo que eu queria ler, não o disseste. Porque não o poderias dizer.
E para despachar esse crédito anexo (que também vai existir no novo empréstimo), há que pagar a comissão por amortização antecipada.
Obrigada por tudo!
@Tatiana,
Muito obrigado pelos teus elogios e pela sua participação, são muito bem-vindos.
Em relação ao tema que estás a levantar, a legislação aplica-se a:
contratos de crédito para aquisição, cons-
trução e realização de obras em habitação própria per-
manente, secundária ou para arrendamento, bem como
para aquisição de terrenos para construção de habitação
própria.
Se o teu crédito acessório for um daqueles multi-usos presumo que não esteja contemplado por este diploma, infelizmente. Claro que o melhor a fazer é despachar esse crédito quanto antes.
Olá, Pedro.
Correndo o risco de ser vulgar ao dizê-lo, deixa-me dar-te os parabéns por este blog. Mas de facto o que é bem feito é sempre bom de se assinalar.
Também eu sou uma ‘fervorosa adepta da amortização antecipada’.
Só neste ano me tenho prendido um pouco mais com estas questões económicas. De facto, o subito interesse que esta àrea me tem levado, leva-me a crer que apostei na carreira errada… :p
Já utilizei diversas ferramentas fornecidas, após ter (como já alguém disse) tropeçado neste site.
Entretanto há uma dúvida que não consigo tirar e passo a expor.
Relativamente ao dec lei que estipula as comissões máximas a ser aplicadas nas amortizações de crédito habitação, lembro-me de, depois do dec lei ser publicado, alguém (talvez partidos) ter falado em aplicar essa mesma lei aos empréstimos anexos aos empréstimos habitação. (Pois sabemos todos como estas coisas funcionam.) Houve alguma alteração em relação a isso? Ou o dec lei em vigor já prevê essas situações?
Apesar de ser uma mulher muito atenta às finanças lá de casa (sou eu quem toma conta desse departamento), no passado mês de Setembro fiz a escritura de venda de um imóvel e deparei-me com uns espantosos 5% no empréstimo complementar… O que me baralhou as contas todas. Pois apesar de ainda não estar novamente a pagar outra prestação de crédito habitação (protelei um pouco a data da escritura da nova) ainda não consegui que as minhas contas saíssem do negativo. :S
Peço desculpa por este tratamento de tu cá, tu lá. A internet tem este efeito fantástico de nos tornar semelhantes, sem questões burocráticas ou diplomáticas a encher os textos de srs e drs e que mais!
Felicidades,
Tatiana dos Santos
@Ana Jardim,
A minha opinião reparte-se em dois:
1 – Amortize (se possível, ou seja, se não lhe fizerem falta nos próximos tempos) a casa com os 10K.
2 – Em relação aos 30K, tem de tomar uma decisão. Se não tivesse perdido nada, hoje estaria a ponderar manter ou vender?
Boa tarde
Parabéns pelo blog, muito esclarecedor!
Acho que minha dúvida é a mesma que milhares de portugueses nesta época de crise.
Tenho um crédito habitação de 125K Euros. E há 1 ano fiquei em dúvida se amortizava 40K, ou aplicava em acções. Apliquei em acções e vi meu rico dinheirinho perder 10K. Guardei mais 10K e voltei aos 40K iniciais, sendo que os 30K iniciais continuam aplicadas em acções (não tive coragem de vender minhas acções, que continuam lá) e outros 10K aplicados em outros fundos.
Agora vem a questão:
– Devo amortizar AGORA estes 40K que tenho, ou devo esperar mais um pouco, já que se eu vender agora estar acções assumo o prejuízo de 10K acumulados durante este ano? (mas deixo de perder mais $$)
Cumprimentos,
Ana Jardim