Já começou a contar o prazo para que as empresas afixem os períodos de férias dos trabalhadores, que este ano termina, por determinação do Governo, no próximo dia 15 de abril. Este é um período em que, têm por isso, de ser tomadas decisões sobre onde ir, como ir e, acima de tudo, como pagar estas viagens.
As atenções viram-se assim para os preços das passagens de avião. Deverei comprar já ou esperar pelo subsídio de férias? O cenário ideal é a constituição de uma poupança a médio prazo que permita a aquisição das viagens atempadamente, com preços mais baixos, e sem pagar os juros e comissões associados a um crédito. Ainda assim, as contas feitas pelo Doutor Finanças, tendo por base as percentagens de crescimento de preços das passagens agregadas pela plataforma Hopper, revelam que, se a alternativa for esperar pelo subsídio de férias para pagar uma viagem em cima da hora, contratar um crédito pode permitir-lhe poupar algum dinheiro.
Vamos então a contas. A pesquisa da plataforma de análise de preços de voos mostra que os preços das passagens podem crescer entre 5% a 10% por mês conforme a data de partida se aproxima.
E o relógio corre mais rápido à medida que a data de partida se aproxima. Em média, o preço de uma passagem de avião pode subir entre 20% a 30% nos dois meses antes do voo. A tendência de aumento é mais acentuada nas últimas semanas antes do voo, especialmente se for durante uma temporada de elevada procura (como as férias ou os feriados).
Assim, o ideal será poupar e pagar antecipadamente a sua passagem. No entanto, caso não o tenha conseguido fazer, restam duas hipóteses: contrair um crédito, amortizando o valor no momento em que receber o subsídio de férias; ou esperar por este pagamento, para comprar as passagens. Mas o tempo pode ser um inimigo feroz.
Veja este exemplo: Quer viajar em casal para o Japão em agosto e, em finais de março, a passagem custa 2.500 euros. Se aplicar uma taxa média de crescimento de 7% nos primeiros meses e de 25% nos dois meses anteriores à data de partida, a fatura a pagar, caso decida só comprar a passagem após receber o subsídio, será de mais de 4 mil euros. Ou seja, esperar em vez de poupar, significa pagar quase o dobro pelo mesmo bem.
Se tiver de contratar um crédito, vai, naturalmente, gastar mais do que se pagar a viagem à cabeça. Ainda assim, as simulações realizadas pelo Doutor Finanças tendo por base os preços de mercado apontam para uma vantagem do crédito em relação à opção de esperar pelo subsídio de férias. Por outro lado, se contrair um crédito pessoal a 12 meses, o custo total, contando já com juros de 11% (Taxa Anual Nominal Bruta), será de 2.651,45 euros, distribuídos por prestações mensais de 220,95 euros.
Tem ainda a hipótese de amortizar o crédito quando receber o subsídio de férias, o que irá implicar não só o reembolso do capital em dívida, como o pagamento de uma comissão que não pode exceder:
- 0,25% do valor do capital amortizado, caso o período que resta entre a data de amortização e a data fixada do fim do contrato seja igual ou inferior a um ano;
- Ou 0,5% do montante amortizado: se este período for superior a um ano.
Para esta simulação com crédito pessoal, vamos aplicar uma taxa máxima de 0,25% - ainda que este seja apenas um teto - o que implica um custo total de 2.610,35 euros. Ou seja, se optasse por esta hipótese, pouparia cerca de 40 euros em relação a um crédito pago na totalidade em prestações. E pouparia milhares de euros face à opção de esperar pelo subsídio de férias para comprar a passagem.
Crédito mais barato agora e no futuro?
Se optar por um crédito parece mais barato agora, a realidade é que pode sair caro no futuro, caso surjam imprevistos que impliquem uma maior dedicação financeira. Por outras palavras, quando pensa contratar um crédito pessoal, deve avaliar o peso que este novo empréstimo terá no seu orçamento familiar. E esta análise pode ser feita de uma forma simples, através do cálculo da sua taxa de esforço.
Caso não saiba do que estamos a falar, a taxa de esforço é a percentagem do rendimento líquido do agregado familiar destinada ao pagamento de prestações de crédito.
Idealmente, esta taxa deve ser baixa, recomendando-se que não seja superior a 30%, ainda que, com todos os créditos incluídos, possa ir até ao limite máximo de 50% (patamar a partir do qual as entidades financeiras não podem conceder novo crédito). Afinal, os clientes precisam de ter capacidade para cumprir as suas obrigações com as instituições financeiras, ao mesmo tempo que garantem o pagamento de todas as suas despesas familiares.
Ou seja, se fizer este cálculo antecipadamente, é provável que saiba se está ou não no bom caminho para ver o seu pedido de crédito pessoal aprovado. Isto porque a taxa de esforço é um dos pontos mais relevantes para determinar o perfil de risco dos clientes.
Esta é também uma ótima forma de perceber se deve ou não pedir um valor menor de crédito para não correr o risco de incumprimento.
Leia ainda: “7 cuidados a ter na contratação de um crédito pessoal”
Se adotar uma estratégia de pedir um crédito para depois amortizar com o subsídio de férias, lembre-se também de avaliar se valerá a pena e se reúne as condições, quer a nível pessoal, quer financeiro, para este esforço.
Antes de amortizar um crédito pessoal, é aconselhável que faça contas e analise se compensa investir a sua poupança extra para baixar a prestação do seu financiamento. Afinal, dependendo do valor da sua prestação atual, esta pode ser uma opção viável para ganhar uma folga financeira no futuro e reduzir a sua taxa de esforço.
Como amortizar?
Para amortizar um crédito pessoal não precisa de cumprir inúmeros procedimentos. Todos os consumidores podem amortizar de forma parcial ou total um contrato de crédito. No entanto, existem alguns fatores a ter em consideração.
Em primeiro lugar, os clientes devem notificar a instituição financeira onde contrataram o seu crédito com um aviso prévio de 30 dias. O aviso prévio deve ser feito por carta registada ou através de um meio duradouro que sirva como comprovativo do envio.
Em segundo lugar, deve avaliar o modo como vai amortizar o seu crédito pessoal. Pode optar por uma de duas formas:
- Total: quando salda o valor total em dívida do seu empréstimo, terminando assim o seu crédito.
- Parcial: quando amortiza apenas uma parte do valor em dívida do seu financiamento.
Se optar pela amortização parcial, tem ainda duas opções:
- Reduzir a sua prestação de crédito: fica a pagar menos por mês, mas o prazo do seu financiamento mantém-se.
- Diminuir a maturidade do contrato: o valor que amortiza diminui o número de prestações que falta liquidar. Logo, o prazo do contrato diminui, mas a sua prestação mensal não sofre qualquer alteração.
Nota: Ao ativar qualquer uma das opções da amortização parcial, estará a reduzir o capital em dívida e o valor total dos juros do seu crédito pessoal. Por isso, deve ponderar qual é a opção mais vantajosa para si, tendo em conta os seus objetivos pessoais e financeiros.
Há exceções que confirmam a regra. Veja preços
A simulação do Doutor Finanças teve por base uma pesquisa, mas existem exceções que confirmam a regra, ou a média, neste caso. Isto significa, que há companhias aéreas com tabelas de preços mais dinâmicas do que outras, o que leva mesmo a colocar em causa a chamada "regra dos 21 dias".
Esta máxima indica que, até 21 dias antes da data de partida, os preços das passagens mantêm-se mais ao menos estáveis, mas a concorrência do mercado - sobretudo com a entrada das companhias low-cost, que tentam ocupar todos os assentos até à última hora -, pode proporcionar políticas mais flexíveis, com descontos e promoções de última hora, por exemplo.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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