O montante das renegociações de crédito aumentou de 2 mil milhões em 2022 para 9,3 milhões em 2023. De acordo com os dados partilhados pelo Banco de Portugal, "esta evolução é quase totalmente explicada pelas renegociações de crédito à habitação". Se em 2022 esta componente atingiu 1,6 mil milhões de euros, em 2023 chegou aos 8,8 mil milhões.
O crescimento das renegociações é, aliás, o responsável pelo aumento de mais de 21% dos montantes de novas operações de empréstimo a particulares: passou de 24,1 mil milhões em 2022 para 29,2 mil milhões em 2023.
Até porque os montantes de novos contratos de empréstimo caíram 10% e a "redução observou-se em todas as finalidades". O crédito habitação desceu 12%, o crédito ao consumo 4% e o crédito para outros fins caiu 13%.
Nota: as novas operações incluem novos contratos (novos créditos, consolidações e transferências) e renegociações.
Taxa de juro das renegociações acima da dos novos contratos
Depois de ter atingido o valor máximo de 4,27% em junho, a taxa de juro média dos novos contratos de crédito habitação terminou o ano nos 3,98%. Está, assim, abaixo da taxa de juro média dos contratos renegociados, que se fixou nos 4,4% em dezembro (tinha acabado 2022 nos 2,5%).
No plano geral, a taxa de juro média das novas operações de crédito habitação subiu de 3,24% em 2022 para 4,12% em 2023. É um valor superior ao da média da Zona Euro, apesar de a diferença ter diminuído.
Este aumento da taxa de juro média reflete-se no valor médio das prestações, que subiu de 339 euros em 2022 para 425 em 2023.
Por fim, a taxa do crédito ao consumo passou de 7,97% para 9,07% e a do crédito para outros fins aumentou de 4,51% para 5,19%.
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Taxa mista continua a crescer e amortizações antecipadas quase duplicam
A grande maioria das pessoas que fez ou renegociou um crédito habitação em 2023 escolheu a taxa mista. Se em dezembro de 2022 representou 16% das novas operações, em dezembro de 2023 foi a opção em 71% dos casos.
Isto permitiu que o peso da taxa mista no stock de crédito habitação crescesse de 6,4% para 16%. Aqui, a taxa variável continua em primeiro lugar (79,9%), apesar da queda a que se tem assistido nas novas operações.
Olhando para o lado de quem já pagou a casa, os dados do Banco de Portugal mostram que os montantes amortizados antecipadamente no crédito habitação passaram de 5,5 mil milhões de euros em 2022 para 10,1 mil milhões de euros em 2023. Aqui, importa destacar o peso das amortizações antecipadas totais, que representaram 83% dos reembolsos antecipados no ano passado.
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Juros dos depósitos a prazo com maior aumento anual de sempre
A taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares passou de 0,35% em dezembro de 2022 para 3,08% em dezembro de 2023. Isto representa o maior aumento anual desde o início da série, em 2003.
É, ao mesmo tempo, o segundo maior aumento registado em 2023 na Zona Euro. Assim, Portugal passou a ser o 13.º país (em 20) com melhor remuneração nestes produtos. No entanto, continua abaixo da média para este conjunto de países (3,29%).
Os depósitos até um ano terminaram o ano com a melhor taxa média (3,1%), seguidos dos depósitos entre um e dois anos (2,64%) e dos depósitos a mais de dois anos (2,17%).
Ao mesmo tempo, o montante de novas operações de depósitos a prazo de particulares atingiu 94 mil milhões de euros. Aqui, os depósitos até um ano continuam a dominar, representando 97% do total das novas operações.
Como foi o ano para as empresas?
O montante das novas operações de empréstimos a empresas manteve-se quase inalterado: 22,1 mil milhões em 2022 e 22 mil milhões em 2023. Daqui, os novos contratos representam 84% das operações e as renegociações 16% (apesar do aumento de 53%).
Já nos depósitos a prazo a taxa média foi de 3,46% em dezembro (tinha sido 0,97% em 2022) e os novos depósitos totalizaram 76,7 mil milhões de euros, mais 55,2 milhões de euros.
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