Eficiência energética: Vale a pena colocar painéis solares térmicos?

Quando se fala em melhorar a eficiência energética de uma casa, a instalação de painéis solares surge como um dos principais pontos a analisar. Afinal, este tipo de investimento gera uma poupança a longo prazo no consumo energético. Mas para perceber se este tipo de investimento será rentável para si, primeiro precisa de entender que existem painéis solares com funções diferentes. Nos últimos anos, os painéis solares térmicos têm sido a principal escolha dos portugueses a nível particular. Estes são equipamentos que permitem o aquecimento da água e um apoio aos sistemas de aquecimento central.

No entanto, esta não é a única opção do mercado no que diz respeito a painéis solares. Também existem os painéis solares fotovoltaicos que produzem eletricidade. Neste caso não existe apenas a atuação num meio, pois estes atuam na produção de energia elétrica, podendo esta ser utilizada nas lâmpadas, nos eletrodomésticos ou até para armazenamento e venda.

Embora cada opção tenha as suas vantagens e desvantagens, seja a nível de utilidade ou de custos, antes de tomar uma decisão final, primeiro deve analisar, em separado, cada uma destas soluções.

Assim, neste artigo, fique a conhecer como funcionam os painéis solares térmicos, que modelos existem, quais os seus prós e contras, quanto custam e como podem ser financiados.

Leia ainda: Como funcionam os painéis solares para casa?

O que são painéis solares térmicos e como funcionam?

Tal como o nome indica, os painéis solares térmicos são equipamentos capazes de gerar energia solar térmica. Ou seja, estes painéis transformam energia solar em energia térmica. Na maioria dos casos, estes painéis servem para aquecer a água de uma habitação. E quando bem otimizados, podem reduzir o consumo da energia relativa ao aquecimento da água até 70/80%

Em termos de funcionalidade, o processo não é extremamente complexo. A radiação solar incide sobre a cobertura de vidro do painel solar. Posteriormente ela entra no interior do painel e o calor que é absorvido é transferido para um fluído, que é responsável por transportar a energia. Quando este fluído é aquecido, circula assim num círculo fechado capaz de transferir o calor para água que está dentro do acumulador. E desta forma, consegue aquecer a água através de energia solar.

Isto quer dizer que os painéis solares térmicos são úteis para uma determinada função que, por norma, é o aquecimento das águas de uma habitação. No entanto, é preciso salientar, que a maioria destes sistemas solares precisa de um suporte energético a gás ou eletricidade. E porque é que isto acontece? Porque pode ser necessário obter uma energia extra para aquecer as águas em certas alturas do ano, como no inverno.

Contudo, este facto não invalida a poupança significativa num ano de utilização. Além disso, a instalação dos painéis solares térmicos pode ser facilmente efetuada em quase todas as moradias e prédios.

Que tipo de painéis solares térmicos existem?

Se pretende investir em painéis solares térmicos, saiba que atualmente existem dois tipos de sistemas de aquecimento solar térmico: o sistema compacto (termossifão) e o sistema de circulação forçada. Para perceber qual se adequa melhor as suas necessidades, deve entender primeiro o que os distingue.

Sistema compacto (termossifão)

O sistema compacto (termossifão) é considerado um sistema mais simples, e aconselhável para espaços reduzidos, uma vez que ocupa pouco espaço. Este sistema compacto é autorregulado, nem tem peças móveis nem controlos eletrónicos. Ele funciona através do princípio da gravidade, tornando a água quente mais leve e levando a subir naturalmente para o acumulador. Ou seja, este sistema funciona sem bombagens.

Em termos de vantagens, ele pode ser facilmente instalado num espaço pequeno e pode ser constituído por um ou dois painéis e um depósito de água. No entanto, o depósito de água (acumulador) tem de ficar acima do painel (coletor). Já em termos de desvantagens, no inverno a sua eficiência pode ser mais reduzida, uma vez que a circulação de água é mais lenta, o que pode gerar muitas perdas térmicas. No verão, este problema tende a desaparecer, pois o aquecimento é bastante mais rápido.

Sistema de circulação forçada

Quanto ao sistema de circulação forçada, envolve o recurso a um grupo hidráulico. Neste caso o sistema é constituído por uma bomba, que permite que o líquido solar circule nas tubagens. Em comparação ao sistema compacto, o de circulação forçada é um sistema mais complexo, e a sua instalação requer maiores cuidados técnicos. Contudo, este sistema tem bastantes vantagens, pois possibilita a regulação do caudal, e permite o acesso a água quente de forma mais eficiente e rápida. Também pode ser constituído por um ou dois painéis.

Outra das vantagens, é que o depósito não é colocado num espaço exterior. O acumulador é colocado num interior do edifício, evitando assim a exposição a condições climáticas e a redução da sua eficiência em determinadas alturas do ano. Além disso, o depósito pode ainda ser acoplado a outra fonte de produção de água quente.

Por fim, em termos de desvantagens em relação ao sistema compacto, há a questão do preço. O sistema de circulação forçada requer um investimento maior, pois além da sua instalação ser mais complexa, envolve o custo elétrico relativo ao funcionamento da bomba. Na hora de tomar uma decisão, deve ter em conta o seu orçamento, mas também a área disponível, a potência térmica que precisa e as suas preferências estéticas.

Quanto custam estes painéis?

O preço dos painéis solares térmicos varia de acordo com alguns fatores, como o fornecedor, a capacidade em litros, o sistema que pretende e até com a complexidade da própria instalação. Mas para ter uma ideia dos valores que estão em causa, existem soluções no mercado que começam ligeiramente abaixo dos 2.000 euros. No entanto, os valores podem alcançar os 3.500 euros ou até os 4.000 euros.

Os preços mais elevados, por norma, estão associados ao sistema de circulação forçada. Mas tenha em consideração que o preço sobe consideravelmente quando opta por um sistema de 300 litros, em vez de um de 200 litros. Os sistemas de 300 litros são aconselháveis para agregados familiares compostos por 4 a 6 pessoas. Já os de 200 litros, servem bem agregados familiares mais pequenos, compostos por 2 ou 4 pessoas.

Nota: Os valores apresentados incluem IVA e montagem do kit.

Existem apoios para comprar painéis solares térmicos?

De forma a ajudar os cidadãos a tornarem as suas casas mais sustentáveis, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática criou o Programa de Apoio a Edifícios mais Sustentáveis. Este programa destina-se aos proprietários de moradias, apartamentos ou de prédios, e tem o objetivo de melhorar a eficiência energética nas habitações em Portugal.

Em termos de comparticipação, o programa estabelece diferentes níveis de apoio consoante a tipologia do projeto. Se o objetivo for reaver uma parte do investimento em sistemas solares térmicos, saiba que este programa comparticipa 85% do valor, mas o reembolso máximo é de 2.500 euros. No entanto, precisa primeiro de adquirir o sistema, pois a comparticipação é paga por devolução.

Contudo, se está a pensar candidatar-se a este apoio, saiba que desde o dia 2 de maio que o programa se encontra encerrado. Para já não se sabe se vão existir novos reforços ou se o programa se encontra definitivamente encerrado. Mas se pretende investir em painéis solares térmicos, neste momento, terá de suportar este investimento sem perspetiva de uma comparticipação.

Posso pedir um financiamento ao banco?

Sim. Existe a possibilidade de crédito pessoal com a finalidade de investimento em energias renováveis em algumas entidades financeiras. Mas também pode optar por pedir um financiamento através de um crédito pessoal sem uma finalidade específica. No entanto, tenha em conta que as condições contratuais vão variar consoante a sua opção.

De acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal, no quarto trimestre de 2022, a TAEG máxima que pode ser aplicada num crédito pessoal com a finalidade de energias renováveis é de 6,8%. Já num crédito pessoal sem uma finalidade específica, a TAEG máxima é de 13,3%.

Mas vamos a um exemplo para perceber a diferença. Imagine que contrata um crédito pessoal para energias renováveis com o valor de 3.000 euros. Se a maturidade do crédito for de 36 meses (3 anos), e tiver uma TAN de 3,5% e uma TAEG de 6,3%, a sua prestação mensal é de 88,09 euros. Caso opte por um crédito pessoal sem uma finalidade específica, um financiamento de 3.000 euros com o prazo de 36 meses, pode ter uma TAN de 8,5% e uma TAEG de 13%. O que na prática resultaria numa prestação mensal de 95,18 euros.

Por breves instantes, pode estar a pensar que a diferença de 7,09 euros não é significativa. Mas se tiver em conta o preço a pagar no final do seu crédito, este cenário altera-se. Isto porque o crédito pessoal para energias renováveis (prestação de 88,09 euros), teria um custo de 3.171,24 euros (tendo apenas em conta o valor da prestação mensal). Já o crédito pessoal sem uma finalidade específica (prestação de 95,18 euros), teria um custo de 3.426,48 euros. Ou seja, uma diferença de 255,24 euros.

Contudo, relembramos que na hora de comparar propostas, deve olhar bem para as comissões envolvidas, seguros obrigatórios e impostos. Além disso, tenha em conta que as condições contratuais podem variar, consoante a finalidade. E isto implica diferentes taxas de juro, mas também prazos e valores de financiamento distintos.

Atualmente compensa investir em painéis solares térmicos?

Tudo vai depender dos seus objetivos e do orçamento que tem disponível. Se o seu objetivo é apenas diminuir o consumo energético com o aquecimento da água em casa, esta é uma solução duradoura, onde conseguirá obter o retorno do investimento a médio prazo. Por norma, este tipo de sistema não requer muitos cuidados na manutenção, nem grandes dimensões para a sua instalação. E estes são dois pontos a favor deste sistema.

No caso de pretender produzir energia elétrica para alimentar a sua casa ou vender o excedente de energia produzida, então deve considerar os painéis solares fotovoltaicos. Em termos de investimento, estes painéis permitem uma recuperação em menor tempo e têm um espectro de utilidades mais alargado.

Contudo, tenha em conta que os painéis fotovoltaicos exigem uma maior área de instalação (dependendo do consumo em causa), e podem necessitar de uma manutenção mais regular, pois envolve a substituição de baterias e outros elementos.

Leia ainda: Eficiência no consumo de energia e água: Como e porquê?