Há grandes mudanças no mercado da eletricidade. Se quiser realmente poupar na fatura da luz vai ter de fazer algum esforço para perceber o que está a acontecer. Só para ter uma ideia, a diferença entre o tarifário mais barato, em janeiro, e o preço do mercado regulado é o dobro. Sim, 50% mais barato! De um mês para o outro, tudo mudou.
Como sabe, escolher de forma regular a empresa de eletricidade mais barata para os seus consumos é uma das maneiras mais simples de poupar e gerir de forma inteligente o seu orçamento mensal. É por gastar o mínimo possível com as coisas que realmente necessita que vai conseguir que lhe sobre dinheiro para ter o seu fundo de emergência e, de seguida, começar a investir para ganhar dinheiro com o seu dinheiro.
Tarifas indexadas de eletricidade: riscos e benefícios
Neste momento, os tarifários indexados de eletricidade são novamente, cerca de dois anos depois, os melhores do mercado. Para quem não sabe, há tarifários de eletricidade que são simples de entender, mas difíceis de aceitar: você paga a eletricidade a “preço de fábrica” (na origem, onde todos os fornecedores a compram para a vender a si) e paga uma pequena margem de lucro a esse fornecedor.
Qual é o risco e o benefício? É que, se a eletricidade subir repentinamente de preço na origem, nesse mês você vai pagar muito; mas se a eletricidade baixar muito, você vai também poupar muito. É o que está a acontecer neste momento em que escrevo esta crónica. A eletricidade está quase de graça.
Por exemplo, o tarifário da empresa Luzboa foi, no mês anterior a esta crónica, de menos de 3 cêntimos o kWh (mais o mecanismo de ajuste MIBEL que, em dezembro, foi de 4 cêntimos). Ou seja, tem eletricidade a 7 cêntimos e uma potência contratada bastante baixa face à concorrência. O preço mais baixo que encontra nas outras empresas é de cerca de 15 cêntimos (na Goldenergy) e com o compromisso de não cobrarem o mecanismo de ajuste MIBEL. Como vê, estamos a falar de metade do que pagaria se não fizesse nada. A SU Eletricidade (o mercado regulado), que também não vai aplicar o ajuste MIBEL, está a cobrar 16 cêntimos o kWh.
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Poupança de centenas de euros ao ano
O kilowatt/hora, para quem não sabe, é cada conjunto de 1.000 watts. Para que entenda melhor, ao usar um aspirador que tem uma potência de 1.000 W, se aspirar durante uma hora, vai gastar 1 kWh. Aspira na mesma, mas se for cliente de uma empresa, vai pagar 7 cêntimos, se for cliente de outra, vai pagar - pelo mesmo consumo - o dobro ou mais. É por isto que é tão importante mexer-se e estar atento aos preços da eletricidade no mercado e mudar sempre que encontrar mais barato.
Pode pensar que 14 ou 16 cêntimos não é um valor relevante, mas se multiplicar por 300 kWh (é um consumo normal de uma família com filhos) estamos a falar de 48 euros, mais 23% de IVA, passa para 59 euros (fora todas as taxas e outros impostos). O mesmo consumo, na empresa mais barata, fica em 21 euros, mais o IVA ficaria em 25 euros. Está a ver a diferença?
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Informação é a chave
Claro que sei que a maioria dos portugueses gosta de saber com o que conta e detesta surpresas, por isso normalmente prefere pagar mais, mas ter a garantia de saber o que vai acontecer. Mas o que lhe quero chamar a atenção nesta crónica é que a informação é a chave para fazer uma boa gestão financeira das suas finanças pessoais.
Saber o que está a acontecer à sua volta, conhecer os seus direitos e exercê-los, e sobretudo não ficar paralisado pelo receio do que possa acontecer, é o “segredo” para manter as suas contas em ordem. O importante, nesta fase de inflação altíssima, é não desperdiçar 1 euro que seja. Se pode pagar 40, porque é que prefere pagar 80? Só porque sim?! Não fica fidelizado. Assim que o preço subir, sai, e regressa aos que forem melhores nessa altura.
Mesmo entre as empresas com tarifários “fixos”, tem diferenças de preço muito substanciais. Use o simulador da ERSE ou contacte diretamente 3 ou 4 empresas e compare o preço do kWh que está a pagar com os preços que lhe oferecerem. E faça este exercício regularmente (de 3 em 3 meses).
Só com o exemplo que lhe dei acima, poderia poupar quase 300 euros por ano. É dinheiro que poderia usar como entendesse. Quem não fizer nada, vai dar o mesmo dinheiro a uma empresa e ainda vai ficar a queixar-se de que o dinheiro não lhe chega para o que precisa. Muitas vezes, parte da culpa é nossa. Faça contas e mexa-se!
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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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