Quando procuramos melhorar as nossas finanças pessoais é importante desenvolver uma mentalidade financeira que permita fazer as escolhas certas e, para isso, é necessário reconhecer as crenças acerca do dinheiro que acabam por nos limitar.
Uma crença é algo em que se acredita com fé e convicção, da qual se tem certeza absoluta. É tudo o que vimos, ouvimos e sentimos repetidas vezes e/ou sob forte impacto emocional e que se torna uma verdade absoluta para nós, definindo e condicionando a nossa personalidade, a relação com os que nos rodeiam e com o mundo.
As crenças são, normalmente, transmitidas na nossa infância e ficam enraizadas ao nível do subconsciente, por isso, não é fácil perceber que, muitas das vezes, aquilo que pensamos ser verdade, é apenas a nossa verdade, não é a verdade do outro.
O medo da pobreza
As crenças acerca do dinheiro são das mais poderosas que existem. Napoleon Hill, no livro Pense e Fique Rico, identificou 6 medos básicos de que todas as pessoas sofrem a dada altura da sua vida. O mais frequente é precisamente o medo da pobreza.
Para o autor “os medos não são mais do que um estado de espírito” e, portanto, são perfeitamente capazes de ser controlados uma vez que, se existe algo que possamos controlar de forma absoluta, esse algo é o nosso pensamento.
No entanto, esse estado de espírito, enquanto não for transformado em algo possibilitador, destrói possibilidades, paralisa a ação, desencoraja a iniciativa e enfraquece o entusiasmo levando à infelicidade.
5 crenças acerca do dinheiro que deve mudar
Dependendo da sua natureza, as crenças podem ser possibilitadoras, mas também podem ser limitadoras. E é aqui que é preciso ganhar consciência.
As crenças em relação ao dinheiro podem sabotar os nossos comportamentos, levando-nos a fazer escolhas menos acertadas e a validar cada vez mais aquilo em que acreditamos.
Quando reconhece e identifica as crenças que o condicionam, consegue perceber porque tem determinados resultados na sua vida e pode escolher mudá-los, ao mudar a forma como pensa.
Ressignificar as crenças é o primeiro passo para começar a ter uma atitude diferente em relação ao dinheiro, de forma a obter resultados diferentes.
Seguem-se algumas das crenças mais comuns acerca do dinheiro que deve transformar para melhorar as suas finanças pessoais.
Crença 1: O dinheiro não chega para tudo
Muitas pessoas tendem a afirmar esta verdade com toda a certeza, sem sequer procurar perceber, afinal, para que é que o dinheiro não chega? Qual é o objetivo que não se consegue atingir?
Uma das características mais importantes de ter uma mentalidade financeira é precisamente definir objetivos concretos e realistas.
Depois de definir um objetivo é preciso traçar um plano para o alcançar e é nesta fase que deve investigar tudo o que será necessário criar, alterar, reduzir ou até eliminar para conseguir atingir o resultado pretendido.
Se o objetivo é frequentar uma formação, por exemplo, poderá ser necessário fazer ajustes no orçamento mensal, eliminar algumas despesas e/ou considerar fontes de rendimento extra.
Assim, antes de pensar que o dinheiro não é suficiente, dedique algum tempo ao planeamento financeiro com vista a atingir o objetivo pretendido.
Dica para transformar a crença: experimente substituir o pensamento “o dinheiro não chega para tudo” por “eu tenho mais do que o suficiente” e agradeça tudo aquilo que tem.
Crença 2: É um desperdício gastar dinheiro em formações
Vivemos na sociedade da informação e do conhecimento. Para conseguir acompanhar a constante evolução da tecnologia e adaptar às necessidades do mercado é fundamental continuar a aprender e a desenvolver competências.
A educação é, ademais, um aspeto fundamental para quem quer gerir melhor as suas finanças pessoais. Só aumentando a literacia financeira será possível fazer as escolhas certas, e esta é uma das estratégias para quem quer efetivamente atingir uma mentalidade financeira.
Sempre que aprendemos algo estamos a crescer, a desenvolver competências. Então, ao invés de pensar que está a desperdiçar dinheiro, veja como um investimento no seu crescimento.
Dica para transformar a crença: experimente substituir o pensamento “é um desperdício gastar dinheiro em formações” por “vou investir em conhecimento para aumentar a minha literacia financeira”.
Crença 3: Só quem tem dinheiro é que consegue poupar
Um dos princípios mais importantes da mentalidade financeira é: pague-se a si próprio antes de tudo o resto. A regra é simples, quando receber o salário, coloque imediatamente de parte o valor que pretende alocar à sua poupança. O melhor mesmo será criar um automatismo para que nem tenha de se preocupar com esta ação todos os meses.
Para definir o valor que quer poupar considere o objetivo para a sua poupança: assegurar a reforma, criar um fundo de emergência, realizar a sua viagem de sonho. Defina o objetivo e o valor que precisa de poupar para o atingir, estude o seu orçamento pessoal/familiar, desenhe um plano, e depois retire esse valor do salário antes de toda e qualquer despesa.
Dica para transformar a crença: experimente substituir o pensamento “só quem tem dinheiro é que consegue poupar” por “vou pagar-me a mim primeiro, antes de tudo o resto”.
Leia ainda: Regras de Poupança
Crença 4: Investir é só para quem já é rico
Se tal crença fosse verdade, seria possível serem ricas as pessoas que não nascessem nessa condição? Mais uma vez, tem tudo a ver com os pensamentos que nos foram incutidos na infância.
Hoje em dia, cada vez existe mais informação acerca das estratégias que é possível seguir para começar a investir, quer seja com pouco dinheiro ou com quantias mais avultadas.
Adquirir conhecimento sobre este tema é fundamental para mudar esta crença e perceber que investir está ao alcance de qualquer um, desde que tenha as ferramentas certas.
Dica para transformar a crença: experimente substituir o pensamento “investir é só para quem já é rico” por “investir está ao alcance de qualquer pessoa”.
Leia ainda: O bê-à-bá do investimento
Crença 5: O dinheiro não traz felicidade
A felicidade é um conceito subjetivo que resulta da satisfação de fatores intrínsecos à motivação humana. O dinheiro, por si só, não gera felicidade, no entanto tem impacto no nosso bem-estar dado que possibilita, entre outras coisas, assegurar as nossas necessidades primárias que nos trazem conforto e proteção, como também realizar atividades que nos dão prazer, provocando emoções positivas.
Ao fazer escolhas conscientes, gastando o dinheiro em coisas que beneficiem o seu bem-estar, que lhe tragam prazer, conforto e segurança, nunca sentirá que o seu dinheiro é desperdiçado.
Dica para transformar a crença: experimente substituir o pensamento “o dinheiro não traz felicidade” por “o dinheiro gera emoções positivas”.
Leia ainda: A relação entre dinheiro e bem-estar emocional
Mude as suas crenças para uma vida financeira mais saudável
Em suma, as crenças existem ao nível do subconsciente e influenciam os nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos, mas se existe algo que conseguimos controlar é a nossa mente.
Assim, dado que todas as crenças têm uma estrutura que podemos transformar, reside em nós escolher o tipo de pensamentos que queremos ter na nossa vida.
Para transformar uma crença limitadora é preciso identificar, reconhecer e substituir por uma crença possibilitadora, construindo uma afirmação positiva.
Ressignificar crenças acerca do dinheiro é um processo demorado e que pode ser difícil dado o nível subconsciente de algumas crenças, mas é essencial para desenvolver uma mentalidade financeira e atingir os resultados que pretende.
E lembre-se o dinheiro é um meio e não um fim, apenas uma ferramenta que possibilita a concretização dos seus projetos e uma vida com mais conforto e bem-estar emocional.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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