Independentemente se é jovem ou se já tem uma longa carreira contributiva, a preocupação de poupar dinheiro para a reforma deve estar sempre presente. Por um lado, porque pode já estar muito perto da mesma e sabe que pode necessitar de ter uma almofada financeira para conseguir lidar com imprevistos. Por outro lado, porque pode ainda estar muito longe da reforma, mas pretende precaver-se o mais cedo possível, de forma a viver sem preocupações financeiras no futuro.
Seja qual for a sua situação atual, existem certos comportamentos que têm, inevitavelmente, efeitos diretos na sua carteira e podem comprometer a sua vida financeira após a reforma. Para o ajudar a tomar decisões, eis algumas questões que deve ter em consideração para a reforma:
1 - Reformar-se mais cedo e não fazer contas às penalizações que pode ter
Segundo o Expresso, em 2019, cerca de 92% dos portugueses reformaram-se sem saber quanto vão receber. Tendo em conta que a esperança média de vida situa-se nos 81 anos, estima-se que após a idade da reforma as pessoas vivam cerca de 15 anos. E quando se decide ir para a reforma antes da idade normal (66 anos) o valor da pensão sofre uma penalização que se manterá para sempre.
Não só tal se deve ao fator de sustentabilidade (15,2% em 2020), como ainda há que ter em consideração o corte de 0,5% por cada mês não trabalhado até à idade estatutária (que à altura da escrita deste artigo se situa nos 66 anos e oito meses). Uma antecipação da reforma pode ter alguns efeitos que devem ser pensados.
Reforma por desemprego de longa duração
Existem certas situações que levam a pedidos de reforma antecipada, um deles sendo as reformas por desemprego de longa duração, ou seja, após o subsídio de desemprego esgotar, de forma a não ficarem sem rendimento, certas pessoas pedem reforma antecipada.
À primeira vista, esta solução resolve o problema a curto prazo, mas cria um problema maior no futuro, que é precisamente ter rendimentos mais baixos do que o esperado.
Outra questão, que muitas vezes é ignorada na altura do pedido de reforma antecipada é precisamente os efeitos da inflação no orçamento familiar. Os preços aumentam, mas as reformas tendencialmente não irão aumentar ao mesmo ritmo que a inflação. Como tal, progressivamente irá sentir que o valor que inicialmente recebia de reforma já não irá chegar no futuro. Sendo assim, pense se realmente aquilo que irá ganhar a curto prazo compensa sobre aquilo que irá perder a longo prazo.
2 - Não começar a poupar desde cedo
Um dos grandes arrependimentos dos portugueses é precisamente terem esperado de mais para começar a poupar para a reforma.
Em cada fase das nossas vidas devemos estipular níveis de poupança, que devem ter sempre em consideração os rendimentos e as despesas. Se criarmos o hábito de guardar uma parte dos nossos rendimentos, será mais fácil conseguirmos criar um pé de meia que nos deixe confortáveis.
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Além disso, existem várias possibilidades de trabalho extra que pode fazer em casa, de forma a obter mais um rendimento e, com isso, encurtar o esforço financeiro que terá de fazer mais tarde.
sendo que o dinheiro poupado desses rendimentos extra pode ser rentabilizado de várias formas. O importante é conseguir ser disciplinado, de forma a economizar o máximo possível e depois diversificar os tipos de poupança.
3 - Não ter um fundo de emergência
Um aspeto bastante importante a ter em conta é precisamente o seu fundo de emergência. Este deve estar sempre disponível, para o caso de uma eventualidade em que necessita de dinheiro, e deve conter o equivalente a 6 meses de despesas. Este fundo é essencial, não só para efeitos da sua estabilidade financeira, mas também para se sentir confortável psicologicamente.
Tendo em conta que imprevisibilidades são cada vez mais comuns à medida que o tempo passa, não ter um fundo de emergência disponível pode ser uma grande dor de cabeça. Muitas vezes, uma das formas de fazer face a estas despesas inesperadas é precisamente recorrer a um crédito pessoal. O que levará a um aumento do endividamento. De forma a evitar este tipo de situações, torna-se necessário que analise as suas despesas essenciais e quais poderá eliminar dos seus hábitos, com vista a construir o seu fundo de emergência o mais rápido possível.
Nunca é de mais ressalvar que o fundo do emergência não deve estar sujeito a qualquer tipo de investimento, a não ser de baixo risco, além de que este deverá ser fácil de movimentar. Sendo assim, é recomendável que coloque este dinheiro numa conta à parte, preferencialmente sem comissões, e não juntamente com a conta que já utiliza regularmente.
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4 - Cuide do seu PPR
Um dos produtos financeiros preferidos dos portugueses para poupar e rentabilizar o seu dinheiro, de forma a ter uma reforma mais confortável, são precisamente os Planos Poupança Reforma (PPR). No entanto, nem todos os PPR apresentam rendibilidades anuais que valham a pena.
Por vezes, com os vários custos associados pode até estar a perder dinheiro devido à baixa rendibilidade. Como tal, não deve ter receio de transferir o dinheiro do seu PPR para outro com uma rentabilidade superior, visto que os custos de transferência geralmente andam em torno dos 0,5%.
É verdade que nem todos os anos irá ter a mesma rendibilidade. No entanto, por muito que por vezes tenha uma rendibilidade inferior (ou até mesmo superior!), o poder dos juros compostos irá fazer uma grande diferença quanto mais cedo começar.
5 - Não retire dinheiro do seu PPR antes do tempo
Por último, mas não menos importante, deve ter em atenção que quando aplica dinheiro no seu PPR, este não deve ser retirado antes da reforma.
Não deve encarar o seu PPR como um produto financeiro de curto prazo, aplicando dinheiro que possa vir a precisar no caso de uma emergência. Se fizer resgates deste produto antes de tempo poderá sofrer penalizações fiscais, e estará a reduzir os seus possíveis ganhos ao longo do tempo. Existem outros tipos de produtos financeiros mais adequados, na eventualidade de querer rentabilizar o seu dinheiro no curto prazo. Assim, poderá contribuir para outros complementos de reforma e, ao mesmo tempo, ter outra flexibilidade ao movimentar o seu dinheiro caso necessite.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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