Finanças pessoais

A sustentabilidade na minha casa 

Há escolhas e comportamentos que podemos adotar, sem grande esforço, para termos uma casa energeticamente mais eficiente.

Finanças pessoais

A sustentabilidade na minha casa 

Há escolhas e comportamentos que podemos adotar, sem grande esforço, para termos uma casa energeticamente mais eficiente.

A chegada de um novo ano, traz consigo uma revisão do ano que está a acabar e uma visão de futuro que nos leva a pensar e selecionar algumas mudanças, melhorias e objetivos que queremos alcançar no ano que está prestes a começar. Os temas de sustentabilidade estão cada vez mais presentes na nossa vida, assim, devem, também, constar nestas escolhas e hábitos que queremos adotar no futuro próximo

No que toca a estes temas e quando pensamos em mudança de hábitos o mais fácil é optarmos pela regra dos 3 P: pouco, pequeno e possível, e que tenham resultados visíveis. Assim, se queremos optar por comportamentos mais sustentáveis, podemos começar pela nossa própria casa e com escolhas que tenham impactos diretos na diminuição do consumo de energia e, consequentemente, na diminuição do nosso impacto ambiental negativo e, claro, nos nossos custos com energia.  

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Comportamentos com impacto na nossa carteira  

36% das emissões de gases com efeito de estufa na União Europeia têm origem no sector dos edifícios, sendo que 27% dizem respeito ao segmento residencial, segundo o estudo dedicado à Renovação Energética da Habitação, do Observador Cetelem. Na realidade de Portugal, segundo a Pordata (2020), uma pessoa consome aproximadamente 110kWh por mês, ou seja, 1.320kWh anuais.    

Ao pensarmos na energia que consumimos em nossa casa, podemos definir alguns objetivos e comportamentos que irão diminuir o nosso impacto ambiental negativo (a nossa pegada de carbono), através da diminuição do nosso consumo de energia e que, simultaneamente, nos trará uma poupança nas nossas contas.  

O consumo dos eletrodomésticos e a sustentabilidade

De destacar que 45% do consumo de energia vem do consumo dos eletrodomésticos, segundo o estudo da ADENE - Agência para a Energia.  

Se estamos a ponderar fazer uma revisão aos nossos eletrodomésticos ou se temos de comprar novos, devemos ter em consideração a sua classe energética. Sendo que eletrodomésticos com classificação A são equipamentos mais eficientes e, por isso, consomem menos energia, e pelo contrário equipamentos com classificação G são muito pouco eficientes e por isso consomem mais energia.  

A modo de exemplo, o consumo de um frigorifico representa entre 20 e 30% da fatura de eletricidade. Assim, se estivermos a ponderar comprar um frigorífico novo é importante ter em conta dois critérios: a sua classe energética e a sua dimensão, uma vez que se o frigorifico não tiver a dimensão adequada à sua utilização irá desperdiçar energia.  

Por outro lado, se não estivermos a pensar comprar um frigorifico, há pequenos hábitos que também podem ajudar a diminuir o consumo de energia, como organizar bem o frigorifico (permitindo obter mais espaço e otimizar a sua utilização), retirar de uma só vez o que se necessita evitando estar constantemente a abrir a porta (o que potencia o aumento do consumo de energia) e regular a temperatura às suas necessidades (evitando o consumo de energia desnecessário).   

Outro exemplo de comportamento mais sustentável é optarmos por fazer máquinas da loiça e da roupa com programas ecológicos (muitas máquinas já têm identificado este tipo de programas que gastam menos energia) e ajustarmos a temperatura às necessidades, optando por programas com temperaturas menores sempre que possível.  

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Iluminação é responsável por 30% da fatura de energia 

Outro fator relevante é a iluminação, que tem um peso de, aproximadamente, 30% na fatura de energia das famílias portuguesas.  

No caso da iluminação temos dois importantes passos que, embora pequenos, fazem a diferença no consumo de energia podendo também diminuir o nosso impacto ambiental negativo e os custos associados à eletricidade.  

A mudança para lâmpadas LED irá diminuir o consumo, sendo que este tipo de lâmpadas ilumina de modo igual e tem uma maior durabilidade. E, claro, é importante criarmos o hábito de apagar as luzes sempre que estas não sejam necessárias.  

Não descuide o consumo silencioso  

O consumo silencioso é o consumo que os dispositivos elétricos têm sempre que estão ligados mesmo quando não os estamos a ser utilizados, o que inclui o modo standby na televisão ou computadores, carregadores ligados a fichas mesmo sem estarem ligados a aparelhos, e aparelhos desligados, mas que mantêm acesa uma pequena luz.  

Assim, é importante desligar os dispositivos que não estamos a utilizar ou desconectar completamente os que têm uma luz acesa. Para facilitar todo este processo podemos recorrer a tomadas inteligentes que ajudam a reduzir a utilização de energia desnecessária.   

Casas ecológicas, eficientes e com impacto na nossa carteira  

Se estivermos a planear realizar remodelações e melhorias de maior porte, com o objetivo de termos uma casa energeticamente mais eficiente para criar um maior bem-estar e conforto, devemos pensar nas diversas opções que já existem e nos materiais que vamos utilizar. Para reduzirmos o nosso impacto negativo ambiental e os custos mensais com a energia que consumimos, devemos, entre outras preocupações, perceber se os materiais são de qualidade e se têm uma certificação boa. 

A modo de exemplo podemos optar por: mudar para janelas eficientes (classificação A), colocar isolamentos térmicos ou sistemas de aquecimento e/ou arrefecimento (classificação A), instalar bombas de calor e até colocar painéis solares/fotovoltaicos.  

Crédito pessoal para eficiência energética e energias renováveis   

Ao pensarmos nestas melhorias, muitas vezes não temos o dinheiro necessário para as concretizar. Se por um lado podemos fazer as alterações de forma progressiva, por outro, para ter maior impacto na fatura e no ambiente, há quem opte por recorrer a um crédito para concretizar todas as alterações.  

E aqui é importante perceber que já existem créditos pessoais com bonificações que apoiam a transição energética nas nossas casas. Deste modo, devemos analisar as nossas necessidades, a qualidade e certificação energética dos materiais, escolher e, se for caso disso, perceber qual o crédito pessoal a escolher.   

Fundos e apoios públicos para casas mais sustentáveis  

Muito se tem falado sobre os fundos que apoiam financeiramente pequenas obras para tornar as casas mais sustentáveis. Contudo, é importante perceber o que ainda está em vigor.  

Há programas que foram descontinuados, o que significa que já não podemos contar com esta ajuda, mas há outros que foram criados. As ajudas focam-se em elementos diferentes. Por isso, se está a pensar fazer melhorias na sua casa a contar com estes apoios públicos, o melhor é perceber com o que ainda pode contar.  

Se estiver a pensar recorrer ao Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis (PAE+ S) do Fundo Ambiental, que visa apoiar financeiramente pequenas obras que aumentem a eficiência energética das habitações, deve esquecer esta opção. Em novembro de 2024, em debate parlamentar no âmbito do Orçamento do Estado para 2025, foi anunciado, pela ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, o fim deste programa. 

Isto significa que quem se candidatou e está à espera do reembolso das suas despesas pode ainda receber este apoio, sendo que o Programa foi reforçado em 60 milhões de euros para financiar candidaturas ainda em curso. Contudo, uma vez esgotada esta verba o mesmo programa expirará

No entanto, existem outras medidas e espera-se que em 2025 sejam postos em prática dois novos programas, que ainda não estão totalmente detalhados:  

  • O E-Lar. Que irá apoiar os consumidores através da compra de eletrodomésticos mais eficientes e mediante a entrega de um valor em vale, após aprovação de candidatura.  
  • O programa Áreas Urbanas Sustentáveis. Que deverá apoiar o desenvolvimento de eficiência energética em edifícios e espaços públicos principalmente em zonas urbanas de maior risco de vulnerabilidade social e pobreza. 

Uma outra novidade para 2025 é o Espaço Cidadão Energia. Este espaço será uma estrutura orientada para os cidadãos, onde poderemos receber informações e apoio técnico (como apoio na interpretação de faturas de energia, utilização sustentável de energia e direitos dos consumidores), aconselhamento em temas de aquisição de energia, de equipamentos e escolha de soluções de eficiência energética e de energias renováveis, informação e aconselhamento sobre o acesso a incentivos e instrumentos de financiamento públicos e privados, entre outros.  

Escolhas e comportamentos para uma casa mais sustentável

A transição climática e a diminuição do impacto negativo ambiental é da responsabilidade dos Governos, das empresas e, também, de cada pessoa. E, como vimos, no que toca ao consumo de energia podemos comprometermo-nos com pequenas mudanças de hábitos para diminuir o nosso consumo de energia ou até ponderarmos a compra de equipamentos eletrónicos mais eficientes ou investirmos em pequenas obras que aumentem o nosso conforto em casa e potenciem a eficiência energética.  

O importante é compreendermos que, enquanto consumidores e cidadãos, podemos ter um papel ativo neste caminho de gestão de recursos responsável e por um planeta melhor. E podemos começar já com pequenos hábitos.  

Leia ainda: As finanças sustentáveis como modo de sermos agentes de mudança

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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