Normalmente o mês de agosto está associado a férias, pelo que o volume de transações tem tendência a ser mais reduzido. Este ano não foi exceção.
Ainda assim, houve um evento que marcou o mês e que acabou por ditar ganhos na generalidade dos ativos.
China
Agosto foi mais uma vez positivo em toda a linha, com exceção de um mercado específico, a China, que teve um aumento de volatilidade, com o agravamento das notícias e tendência que marcaram o fim de julho, sobre o aumento de regulação de diversos sectores fundamentais e que tiveram um grande crescimento nos últimos anos, tais como tecnológico e educação. Nos últimos dias, este tema deixou de ter tanta presença nos meios de comunicação e assistimos a alguma recuperação deste mercado.
Jackson Hole
Os acontecimentos marcantes do mês que tiveram influência nas nossas carteiras foram a questão da China, a que temos uma exposição racional (aproximadamente 2% no perfil moderado e 4% no perfil dinâmico) e o evento anual de Jackson Hole, onde se concentram figuras com cargos relevantes em termos económicos (presidentes dos Bancos Centrais, ministros das Finanças, académicos ou CEO de grandes instituições financeiras) para debater a atual situação económica global e as perspetivas para o futuro. O evento termina com o esperado discurso do presidente da Reserva Federal americana (FED), que é sempre muito esmiuçado por todos os agentes económicos, demonstrando a importância que os Bancos Centrais têm vindo a ganhar na definição do rumo da economia global.
Discurso dovish de Jerome Powell
O discurso deste ano por parte de Jerome Powell estava a ser aguardado com redobradas expectativas, pelo facto de se começar a falar com alguma regularidade de um possível tapering (redução dos estímulos à economia implementados no início do Covid19). Os dados macroeconómicos têm vindo a demonstrar uma economia em pleno crescimento, com o mercado de trabalho americano a apresentar uma boa recuperação. Outro ponto importante e que está a ser monitorizado é a inflação que está em níveis máximos dos últimos dez anos. Apesar de a tendência que estes dois indicadores têm vindo a demonstrar (mercado de trabalho e inflação) e que vão de encontro aos objetivos da FED, Jerome Powell, mais uma vez, optou por um discurso muito cauteloso, reiterando a necessidade dos estímulos que foram implementados no início da pandemia.
Sendo este o ponto chave do mês e com os investidores expectantes em torno de possíveis alterações da política monetária, a realidade é que este discurso dovish acabou por animar os investidores que sentiram, mais uma vez, uma rede de segurança por parte da FED, no sentido de manter a liquidez no mercado e as taxas de juro em valores mínimos.
Carteiras: mais um bom mês
No perfil dinâmico todos os ativos que compõem a carteira contribuíram positivamente para a performance do mês (1,3%). A exposição ao sector tecnológico americano foi a posição que teve a melhor rentabilidade com uma subida de 4,8%. De uma forma geral, todas as nossas posições no mercado acionista apresentaram um contributo muito positivo, com destaque para uma pequena recuperação dos ativos com exposição à Ásia. No segmento obrigacionista o destaque vai para os mercados emergentes e China, que impulsionaram a performance desta categoria.
A composição da carteira com perfil dinâmico:
O perfil moderado também teve um mês positivo, com uma performance de 0,74%. As posições no segmento acionista foram as que tiveram maior contribuição, apesar desta categoria representar (apenas) 20% da carteira.
A composição da carteira com perfil moderado/conservador:
Importante realçar que desde que iniciámos as nossas carteiras (março de 2021), apresentamos uma performance efetiva de 6,86% no perfil moderado e de 6,9% no dinâmico. Destacamos que durante estes seis meses já efetuámos alguns ajustamentos que entendemos serem necessários em função dos vários pressupostos de análise, tais como a rentabilidade acumulada, o contexto macroeconómico e dos mercados financeiros.
Leia o texto que explica a composição das carteiras e os balanços dos meses anteriores:
- A constituição de uma carteira de investimento
- Março: Carteira de investimento com um bom desempenho
- Abril: Segundo mês de ganhos para as carteiras de investimento
- Maio: Perspetivas provocam um mês neutro nas carteiras de investimento
- Junho: Bancos Centrais e economia animam carteiras de investimento
Alerta
Nos últimos meses, temos assistido a uma desconexão entre mercados financeiros e economia real. As valorizações das empresas, em alguns mercados, estão em máximos de sempre sem uma justificação económica que acompanhe a evolução, pelo que é fundamental manter a racionalidade na forma como se investe. A diversificação e uma boa fundamentação são aliados fundamentais para se obter uma boa performance com um binómio retorno/risco compensador.
Nota: As carteiras do Doutor Finanças não são nem devem ser entendidas como um conselho a investir neste ou naquele tipo de instrumento financeiro. As nossas carteiras foram criadas apenas para permitir ilustrar quais os riscos e os benefícios potenciais de investir, direta ou indiretamente, em instrumentos financeiros como ações e obrigações.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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