Hoje em dia, tentar mantermo-nos dentro do orçamento estipulado para as compras alimentares é cada vez mais difícil. O que começou como sendo ligeiros aumentos de cêntimos transformou-se em subidas significativas.
Porque razão estão os alimentos cada vez mais caros? Como posso fazer as minhas compras sem fugir ao orçamento? Neste artigo, reunimos algumas dicas que o podem guiar até às respostas a estas questões.
Porque estão os alimentos cada vez mais caros?
Desde idas ao supermercado, passando por restaurantes ou take away, o preço dos produtos alimentares tem vindo a aumentar a olhos vistos. E não só. Já reparou que algumas embalagens estão mais pequenas? Não só paga mais, como a quantidade é menor. Estes aumentos têm sido particularmente notórios desde abril de 2021, embora ligeiros aumentos já aconteçam há anos.
Existem vários fatores relacionados com a inflação dos preços dos alimentos, tais como: problemas a nível de fornecedores, aumento dos custos de transporte, doenças relacionadas com animais, como por exemplo gripe das aves, entre outros. Todos estes fatores estão relacionados com o aumento dos preços que verifica sempre que vai ao supermercado.
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Efeitos da pandemia da Covid-19
Os efeitos da pandemia foram notórios em todas as fases da cadeia alimentar, desde produção, fornecimento, transporte e venda. Apesar de já terem passado dois anos desde o seu início, estes efeitos ainda se verificam hoje em dia.
Com a obrigatoriedade de isolamento e recolher obrigatório, mais pessoas passaram a fazer as suas refeições em casa exclusivamente. Assim, fornecedores que apenas trabalham com restauração viram a sua atividade comprometida. Por outro lado, as cadeias de supermercados viram-se obrigada a suprir as necessidades de milhões de pessoas de forma inesperada e a repor stocks com maior regularidade. No entanto, os fornecedores não estavam preparados para esta procura, o que também dificultou esta atividade.
Com as restrições de deslocação muitas empresas que dependiam de trabalhadores migrantes viram a sua atividade comprometida, assim como o aumento de isolamentos profiláticos e baixas por Covid levaram a que muitas empresas ficassem em serviços mínimos. Tudo isto influencia o preço final que vê na fatura quando vai ao supermercado.
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Problemas a nível de fornecedores de alimentos
Atualmente, o fornecimento de alimentos não está a fazer face à procura devido a vários fatores. Falemos, por exemplo, na agricultura. Atualmente, muito agricultores têm dificuldade em arranjar sementes, fertilizantes e outros materiais essenciais à produção de alimentos. Por outro lado, existem outros fatores externos como a falta de água e a diminuição de mão de obra disponível, que criam entraves à produção.
No entanto, apesar da produção de alimentos estar mais lenta, as necessidades da população continuam as mesmas. Assim, quando a procura é maior que a oferta os preços acabam por aumentar.
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Aumento dos custos de transporte
Se a produção de alimentos está dificultada, o seu transporte não lhe fica atrás. O transporte de mercadorias tem sofrido aumentos grandes, nomeadamente pelo aumento dos preços dos combustíveis e pela diminuição de trabalhadores no setor da condução de pesados. No entanto, nem tudo o que é consumido em Portugal é produzido por nós. Existem diversos produtos que são importados, o que também não sai barato, pois os custos de transporte internacional também aumentaram. Da mesma forma, eventos mais recentes levaram à alteração de fornecimento internacional, o que faz com que tenhamos de mudar os nossos fornecedores. Esta mudança cria um aumento de preços dos produtos importados quer a nível de preço de fornecedor, quer a nível de preço de venda ao público.
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Fatores globais
O preço dos produtos alimentares também depende do mercado global, e este é, muitas vezes, afetado por fatores externos não controláveis pelo ser humano. Seca, incêndios, tempestades e outros eventos metereológicos podem arruinar plantações e levar ao aumento de preços, aumento esse que pode durar anos. Da mesma forma, vários países diminuíram as trocas para evitar a disseminação da Covid-19 e para resguardar os seus próprios aprovisionamentos.
Existe, também, o efeito do conflito entre a Rússia e a Ucrânia que está a afetar a economia global, incluindo a indústria alimentar. Aproximadamente um terço do trigo e cevada mundiais têm proveniência russa e ucraniana, sendo a Ucrânia um grande produtor de óleo de girassol e milho. Obviamente, nas condições atuais, a Ucrânia encontra-se incapacitada de exportar qualquer tipo de produto e as sanções à Rússia crescem de dia para dia. Durante algum tempo foi possível depender dos aprovisionamentos existentes antes do iníco dos conflitos. No entanto, nos últimos meses temos visto o custo de produtos como pão, cereais e óleo aumentarem progressivamente.
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Gripe das aves
Outro fator relacionado com o aumento de preços, em particular de carne de frango e ovos, são os surtos de gripe das aves. Atualmente, a América e a Europa estão a ser afetadas por surtos que já afetaram cerca de 38 milhões de aves. Neste momento, face a esta situação, os criadores viram-se obrigados a aumentar os preços, o que significa que também os vai encontrar mais elevados nos supermercados.
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Aumento dos custos de energia
O preço dos combustíveis teve, também, pesados aumentos, nomeadamente devido às sanções impostas à Rússia. Com a maioria dos países a terminar a importação de combustíveis russos e a procurar outras alernativas, o preço nas gasolineiras teve um aumento como já não se via há muitos anos.
Por outro lado, estes aumentos estão a exacerbar os já elevados preços dos produtos alimentares, quer a nível de produção, quer a nível de transporte, custos estes que a própria pandemia já tinha "ajudado" a aumentar.
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Quais os alimentos que estão a ter maiores aumentos?
Segundo um estudo da Deco com base num cabaz com 63 produtos essenciais, verificou-se que os maiores aumentos desde o início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia são na pescada fresca, no óleo alimentar e na carne de frango. Da mesma forma, verificaram-se, também, aumentos significativos na carne de perú, porco, ovos, arroz e farinha para bolos. Assim, de acordo com o cabaz estabelecido para este estudo, foi possível concluir que no mínimo dez destes produtos tiveram aumentos superiores a 17%.
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Como posso poupar com a inflação em produtos alimentares?
Existem sempre algumas dicas que podem ajudar a garantir que poupa, mesmo com os aumentos dos preços.
- Faça a sua pesquisa no que diz respeito a promoções e oportunidades de desconto;
- Planeie as suas refeições de modo a comprar apenas o que precisa;
- Antes de ir às compras veja o que tem na despensa que ainda possa utilizar;
- Prepare maiores quantidades e congele para comer futuramente;
- Compre marcas brancas em vez de originais;
- Alterne os locais onde faz as suas compras;
- Procure consumir alimentos sazonais.
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