Os certificados de aforro e de tesouro são instrumentos utilizados pelo Estado para obter financiamento junto das famílias. Ou seja, ao subscrever estes produtos está a financiar o Estado português.
Por se tratarem de dívida do Estado são produtos financeiros com um risco muito baixo, dado que existe uma garantia por parte do Estado de que paga a dívida e os respetivos juros.
Pelo seu baixo perfil de risco e tendo em conta que pode levantar os mesmos ao fim de um curto período de tempo, são um bom produto financeiro para reforçar o seu fundo de emergência.
Levantamento antecipado
Embora os certificados de aforro tenham um período de investimento de 10 anos e os de tesouro de sete anos, pode levantar o seu dinheiro antecipadamente.
Nos certificados de aforro pode levantar o seu capital ao fim de três meses. No caso dos certificados de tesouro poupança valor, apenas pode levantar o seu capital ao fim de um ano.
Assim, do ponto de vista de liquidez e disponibilidade, os certificados de aforro são mais vantajosos. Note, não existe qualquer custo em levantar antecipadamente o seu capital em ambos os produtos.
Valores mínimos e máximo de investimento
Para ambos os produtos existe um valor mínimo e um valor máximo para o investimento. Assim:
- Certificados de aforro - valores a investir variam entre um mínimo de 100€ e um máximo de 250.000€;
- Certificados de tesouro poupança valor - valores a investir variam entre um mínimo de 1.000€ e um máximo de 1.000.000€.
Capitalização de juros
Ao nível da capitalização de juros, existe diferença entre os certificados de aforro e os certificados de tesouro.
Uma nota prévia sobre o conceito de capitalização de juros. Em suma, considera-se que um produto financeiro capitaliza juros quando automaticamente reinveste os mesmos, nesse mesmo produto financeiro. Ou seja, em termos de impacto financeiro significa que os próprios juros vão gerar novos juros.
No caso destes produtos financeiros, os certificados de aforro têm capitalização de juros de três em três meses. Por oposição, os certificados de tesouro não têm capitalização de juros, sendo que estes são recebidos de 12 em 12 meses na sua conta bancária.
Encargos
Relativamente aos custos de investir neste tipo de produtos, em ambos os casos, não existe qualquer custo, nomeadamente ao nível da sua subscrição, manutenção e levantamento.
Impostos aplicáveis
Os impostos aplicáveis a ambos os produtos são semelhantes. Assim, em ambos os casos, os juros e prémios de remuneração estão sujeitos a IRS, à taxa liberatória que atualmente se situa em 28%.
Rentabilidades
Ao nível das rentabilidades oferecidas por cada um dos produtos, apesar de se tratem de dívida emitida pelo Estado, as mesmas são diferentes:
Certificados de aforro
- Taxa de juro base oferecida é a Euribor a 3 meses, acrescida de 1%;
- Entre o 2.º e o 5.º ano existe um prémio de permanência de 0,5% que é somado à taxa de juro base referida acima;
- Entre o 6.º e o 10.º ano, o prémio de permanência aumenta para 1%.
Assim, na prática, considerando, por simplificação, que a Euribor a três meses é de 0%, tal significaria que no 1.º ano a taxa de juro seria de 1%. Para além disso, entre o 2.º e o 5.º ano a taxa aumentaria para 1,5%. Por fim, entre o 6.º e o 10.º ano a taxa seria de 2%.
Sublinhamos ainda que a taxa base não pode ser inferior a 0%, nem superior a 3,5%.
Em suma, no caso deste produto, a rentabilidade varia consoante a evolução da taxa Euribor a três meses.
Certificados de tesouro poupança valor
- Nos primeiros dois anos, a taxa de juro é fixa, sendo de 0,7% em cada um deles;
- No 3.º ano, para além de uma taxa de juro fixa de 0,8%, pode ainda receber um prémio de remuneração, que varia em função do crescimento da economia portuguesa. Esse prémio é de 20% do crescimento real da economia portuguesa nos quatro trimestres anteriores;
- No 4.º, 5.º, 6.º e 7.º, as taxas fixas de remuneração vão subindo progressivamente, sendo de 0,9%, 1%, 1,3% e 1,6%. A estas taxas pode ser adicionado, eventualmente, o prémio de remuneração referido acima.
Assim, considerando que em todos os períodos o crescimento médio real da economia portuguesa seria de 2%, tal significa que estes certificados ofereciam as seguintes taxas: 0,7% nos dois primeiros anos, 1,2% no terceiro ano (0,8% de taxa fixa, adicionado do prémio de remuneração pelo crescimento da economia que seria, neste caso de 0,4%. Por sua vez, no quarto ano, a taxa seria de 1,3%, subindo para os 1,4%, 1,7% e 2%, nos 5.º, 6.º e 7.º ano, respetivamente.
Caso prático
Segue-se um caso prático para que verifique as diferentes rentabilidades destes produtos. Assim, considere as simulações abaixo, com os seguintes pressupostos:
Certificados de aforro
- Euribor a três meses de -0,169% em todo o horizonte temporal do investimento (atenção, taxa é com referência ao dia 17 junho 2022, estes valores alteram-se diariamente);
- Capital investido de 1.000€;
- Taxa de retenção de IRS de 28%;
- O produto é mantido apenas durante sete anos. Não consideramos a manutenção deste investimento durante os 10 anos possíveis de investimento, uma vez que queremos comparar com os certificados de tesouro que só podem ser mantidos durante sete anos.
Ano | Taxa | Juro Líquido |
1 | 0,83% | 6,00 € |
2 | 1,33% | 9,68 € |
3 | 1,33% | 9,77 € |
4 | 1,33% | 9,86 € |
5 | 1,33% | 9,96 € |
6 | 1,83% | 13,85 € |
7 | 1,83% | 14,03 € |
Assim, no total dos sete anos, o seu investimento rende um total de juros líquido de impostos de 73,14€.
Certificados de tesouro
- Capital investido de 1.000€;
- Taxa de crescimento média real da economia de 2% em todo o período;
- Taxa de retenção de IRS de 28%;
- Este produto financeiro é mantido até à sua maturidade, ou seja, durante sete anos.
Ano | Taxa | Juro Líquido |
1 | 0,70% | 5,04 € |
2 | 0,70% | 5,04 € |
3 | 1,20% | 8,64 € |
4 | 1,30% | 9,36 € |
5 | 1,40% | 10,08 € |
6 | 1,70% | 12,24 € |
7 | 2,00% | 14,40 € |
Por oposição, no caso dos certificados de tesouro poupança valor, ao fim de 7 anos receberia um juro líquido 64,8€. Ou seja, um valor inferior ao que receberia no caso de investir em certificados de aforro.
Onde pode subscrever estes produtos?
Pode subscrever estes certificados através de duas formas:
- Presencialmente, aos balcões dos CTT;
- Online, através do Aforronet. Contudo, para a subscrição inicial tem sempre de se deslocar a um balcão dos CTT, pois só assim obtém os códigos de acesso ao Aforronet para subscrições posteriores.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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