No decorrer da pandemia, duas em cada três famílias em Portugal admitiram estar a enfrentar dificuldades financeiras. Se por um lado, muitos agregados familiares sofreram quebras de rendimentos, o fim das moratórias colocou várias famílias em risco de incumprimento junto das entidades bancárias. Se é este o seu caso, está certamente à procura de soluções para melhorar a sua vida financeira.
Nestas alturas, é fundamental focarmo-nos mais nas soluções e menos nos problemas que temos.
Para ajudá-lo a melhorar a sua vida financeira, de seguida, reunimos 8 dicas que podem trazer uma folga ao seu orçamento, caso este esteja muito "apertado".
8 dicas para melhorar a sua vida financeira
1 - Reveja todas as suas despesas à lupa
Se o seu orçamento está muito apertado é normal que esteja em modo de "contenção de custos". Embora seja uma estratégia inteligente não gastar dinheiro no que não é essencial, o mais importante, neste momento, é analisar o seu orçamento familiar.
Isto porque, em períodos críticos, fazer um levantamento de todas as nossas despesas permite-nos identificar onde estamos a aplicar o nosso dinheiro. Afinal, se há um tempo atrás a sua situação financeira era estável, é normal que tenha certas despesas que hoje em dia não considere essenciais.
Por outro lado, também é provável que os montantes estabelecidos para certas despesas não estejam de acordo com a sua atual situação financeira.
Dito isto, é aconselhável criar um novo orçamento familiar para melhorar a sua vida financeira. Desta forma, vai conseguir fazer uma análise pormenorizada de todos os seus gastos e ver como pode otimizar a gestão do seu orçamento.
2 - Cortes estratégicos para melhorar a sua vida financeira
Refeito o orçamento familiar, está na hora de pensar em cortes estratégicos. Como referimos, quando a situação financeira se altera, o nosso orçamento deve ser readaptado. E, em muitos casos, implica ter de fazer cortes nas suas despesas não essenciais.
Por exemplo, imagine que no seu orçamento tinha 100 euros para lazer ou para alimentação fora de casa. Nestes dois exemplos tem a possibilidade de reduzir os seus gastos. No entanto, não quer dizer que não possa reservar um ou dois dias para se divertir ou para fazer refeições fora.
Contudo, dado que atualmente o seu orçamento está muito apertado, é bem provável que tenha de fazer alguns sacrifícios até estabilizar as suas finanças.
Atenção, as despesas não essenciais assumem uma grande fatia do orçamento familiar. E, como nem sempre são discriminadas no orçamento, na hora de fazer cortes, a situação pode complicar-se.
Por isso, reflita sobre os seus hábitos de consumo e analise o que, neste momento, pode deixar de lado ou substituir por algo mais económico, etc. Lembre-se que estes cortes estratégicos vão permitir-lhe redirecionar esse montante para as despesas essenciais ou para uma poupança.
3 - Analise contratos de serviços e procure novas soluções
Além das despesas não essenciais, os contratos de serviços também têm um peso significativo nos orçamentos familiares.
Hoje em dia, muitos consumidores têm contratos de serviços ligados a streamings, serviços premium ou subscrições pagas de certas aplicações. .
No entanto, se somarmos o montante mensalmente reservado para este tipo de serviços, podemos ficar surpreendidos com a quantia. E, dado que precisa de melhorar a sua situação financeira, é hora de escolher os serviços que são, realmente, fundamentais para si.
Por exemplo, se é cliente da Netflix, HBO, Amazon Prime, etc., talvez possa cancelar alguma das subscrições, temporariamente, até equilibrar as suas finanças. O mesmo se aplica a outras subscrições de serviços.
Já no que diz respeito aos contratos da eletricidade e gás, onde não existem fidelizações, analise se existem melhores ofertas no mercado para si.
Por fim, nos contratos com empresas de telecomunicações, veja se está preso a uma fidelização. A menos que esteja prestes a terminar a fidelização, pode ser complicado diminuir essa despesa. Contudo, informe-se sobre o fim da fidelização e, se estiver a terminar, veja que opções lhe permitem poupar algum dinheiro, sem perder os serviços essenciais para si.
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4 - Veja se é possível consolidar os seus créditos
Nos últimos anos, o crédito consolidado permitiu a muitos portugueses passar de uma situação de risco de sobreendividamento para uma situação financeira mais estável.
Embora muitas pessoas associem o crédito consolidado ao sobreendividamento, na verdade, qualquer pessoa que tenha, pelo menos, dois financiamentos, além do crédito habitação, pode conseguir consolidar os seus créditos.
Caso não saiba, o crédito consolidado permite-lhe reduzir o total das suas mensalidades e controlar melhor as suas obrigações, uma vez que fica apenas como uma fatura para pagar. Afinal, ao juntar vários créditos num, consegue melhorar as condições, incluindo a taxa de juro, e diminuir a sua prestação mensal.
E isto na prática significa uma boa folga financeira no seu orçamento, afastando a hipótese de entrar em incumprimento.
Por isso, se tem mais do que dois créditos pessoais e um crédito habitação, aconselhamos a informar-se sobre a possibilidade de consolidar os seus créditos. Lembre-se que se tiver luz verde para um crédito consolidado, deve ponderar bem onde vai aplicar a poupança com as suas prestações de crédito.
Nesta fase, as melhores hipóteses para aplicar este dinheiro passam por reforçar o seu fundo de emergência ou recuperar alguns serviços essenciais que teve que cortar. Evite ao máximo aplicar esta folga financeira em despesas desnecessárias e não caia na tentação de contrair novos créditos.
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5 - Está em risco de incumprimento? Antecipe-se
Se está em risco de incumprimento, com dificuldade em pagar as suas prestações, antes que a situação piore dirija-se ao seu banco e fale abertamente com o seu gestor de conta.
Nestas situações, muitas pessoas pensam que não há nada a fazer e que, as condições que têm, são inalteráveis. No entanto, nem sempre é verdade. Para muitas entidades bancárias é mais importante oferecer condições especiais aos clientes, do que manter exatamente tudo como está e os clientes entrarem em incumprimento.
Neste ponto, o seu gestor de conta pode ter um papel fundamental. Se o seu histórico for favorável, então é provável que existam soluções que o ajudem a ultrapassar este período de carência financeira.
Por exemplo, dependendo do tipo de crédito contratado, pode ser proposto um prolongamento do prazo, uma redução da taxa de juro, atribuição de um período de carência de capital, entre outras soluções. Em qualquer uma das soluções, o objetivo é diminuir os seus encargos.
Contudo, saiba que este tipo de solução traz desvantagens a longo prazo. Se conseguir evitar entrar em incumprimento e melhorar a sua situação financeira, posteriormente pode encontrar soluções para diminuir o aumento do período dos contratos ou até amortizar o seu crédito.
6 - Reveja a sua carteira de seguros
No caso de ter seguros contratados, esta é a altura ideal para rever a sua carteira, pois pode conseguir poupar com algumas alterações.
Se tem um crédito habitação, certamente está a pagar os seguros associados a este empréstimo, como o seguro de vida e seguro multirriscos. Por norma, estes seguros são feitos junto da entidade bancária que financia o crédito habitação.
Mas importa que verifique se o valor que paga por estes seguros é mais elevado, para tal, tem de comparar a oferta. Embora a nível legal não exista qualquer obrigatoriedade em contratar os seguros onde tem o seu crédito habitação, veja se, ao transferir os seus seguros, perde alguns benefícios contratuais.
Assim, pondere se existem benefícios em mudar os seus seguros ou mesmo transferir o seu crédito habitação. Ou seja, faça contas e simulações.
Por exemplo, verifique qual é a penalização junto do banco onde tem o seu crédito habitação se mudar os seguros para outra entidade. Em muitos casos o que acontece é a perda da bonificação do spread. No entanto, isto não significa que não possa poupar ao transferir os seus seguros, mesmo que exista um agravamento do spread.
Outra das soluções a ter em conta é transferir o seu crédito habitação para outro banco. Nestes casos, pode obter mais vantagens a nível global, pois o valor dos seguros pode baixar e ter um spread reduzido.
Por fim, reveja as coberturas de todos os seus seguros e verifique se não está a pagar em duplicado por certas proteções. Veja se compensa ficar com menos seguros, mas que ofereçam uma proteção mais alargada.
7 -Um rendimento extra para melhorar a sua vida financeira
Se depois de ter feito todas estas alterações o seu orçamento continua apertado, deve ponderar obter um rendimento extra para melhorar a sua vida financeira. Em muitos casos, aumentar os rendimentos pode ser a única forma de trazer estabilidade à sua vida financeira.
No entanto, ter um rendimento extra não significa obrigatoriamente trabalhar numa área que não gosta ou ocupar quase todo o seu tempo livre.
Por exemplo, se é professor, pode dar explicações a um ou dois jovens e conseguir um rendimento extra dessas horas de apoio. Já se gosta de vendas, existem inúmeras marcas e empresas que estão sempre à procura de novos vendedores, e em alguns casos, poderá definir o tempo que quer investir. Se tem algum talento ou hobby, também pode tentar rentabilizá-lo.
8 - Aprenda a poupar de forma eficiente
Por último, mas não menos importante, aprenda a poupar de forma eficiente. Quando temos um orçamento apertado, saber poupar é essencial para diminuir os nossos gastos. No entanto, esta é uma prática que deve levar consigo para a vida.
Quando falamos numa poupança eficiente, estamos a referirmo-nos não só à sua gestão financeira, como às suas práticas enquanto consumidor. Se estiver mais atento aos seus gastos hídricos e energéticos, ao combustível, ao desperdício alimentar, às suas escolhas quando vai ao supermercado, certamente irá diminuir muitas das suas faturas.
Assim que conseguir estabilizar a sua situação financeira, mantenha todas estas boas práticas para evitar o risco de incumprimento no futuro.
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