Saber gerir o dinheiro e compreender o sistema financeiro em geral é uma das competências essenciais para viver em sociedade. As finanças pessoais são uma área muito extensa, dentro da qual o cidadão, enquanto consumidor, é confrontado com a necessidade de tomar decisões importantes e com impacto direto no presente e no futuro.
Hoje em dia, devido à crescente complexidade do sistema fiscal, a formação financeira tem que começar o quanto antes para que o cidadão esteja o mais informado possível, a fim de optar pelos caminhos mais adequados para si.
Conhecer os agentes económicos, saber como poupar e onde investir, aprender a analisar propostas de crédito e entender o funcionamento dos seguros são alguns conceitos que todos nós deveríamos dominar.
Foi devida a esta necessidade de promover uma maior educação financeira, que em 2011, os três supervisores do sistema financeiro português - o Banco de Portugal, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) - criaram o Plano Nacional de Formação Financeira.
Este plano promove a literacia financeira a todo o tipo de cidadãos, incluindo as crianças nas escolas. Neste artigo vamos dar a conhecer as iniciativas direcionadas para as escolas e quais os instrumentos disponíveis para os professores e/ou encarregados de educação nesta temática da educação financeira.
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Plano Nacional de Formação Financeira: o que é?
O Plano Nacional de Formação Financeira é uma ferramenta que foi criada com o objetivo de promover a inclusão e a formação financeira. Agrega uma série de projetos que visam contribuir para elevar o nível de literacia financeira da população em geral, ou seja:
- Compreender o funcionamento da economia global;
- Ser capaz de analisar e gerir as suas finanças pessoais;
- Estar apto para fazer escolhas financeiras adequadas;
- Conseguir discutir assuntos financeiros;
- Saber planear o futuro e investimentos e médio e longo prazo.
Para tal foram criadas parcerias com ministérios e organismos públicos, associações empresariais, do setor financeiro e ainda, associações de consumidores, centrais sindicais e universidades. A partir daqui surge a marca "Todos Contam" que vem dar forma às iniciativas previstas pelo plano. "Todos Contam" é também um portal na internet, uma página de Facebook e uma plataforma de E-Learning. No portal tem acesso a toda a informação sobre o projeto, incluindo notícias atuais e materiais didáticos. A secção de E-learning é também muito interessante, uma vez que aqui tem ao seu dispor aulas em vídeo acerca de temas tais como:
- Planeamento do orçamento familiar;
- Como abrir uma conta no banco;
- Empréstimos Bancários;
- Principais agentes do sistema económico.
Para se manter sempre a par das novidades desta temática foi criada a página de Facebook, onde são divulgadas as últimas atividades, recursos disponíveis para qualquer pessoa como simuladores financeiros e vídeos explicativos. Este é um portal para todos, desde os mais jovens em idade escolar, ao cidadão adulto comum, passando pelos empresários. A educação financeira é uma necessidade transversal a todos os setores e por isso, este acaba por ser um óptimo recurso para aprender conceitos essenciais.
Devido à tamanha importância de estar familiarizado com o sistema financeiro e com a gestão das finanças pessoais, o ideal é que estes conhecimentos sejam adquiridos o mais cedo possível, já que possuir as bases certas pode fazer toda a diferença para compreender temáticas mais complexas. Por essa razão, uma das vertentes deste plano é o ensino da educação financeira nas escolas.
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Educação financeira nas escolas
O modelo de ensino tem vindo a ser alterado ao longo dos anos, procurando adaptar-se à sociedade que está em constante mudança. Portanto, num mundo onde as pessoas se transformam em consumidores cada vez mais cedo, torna-se fulcral dotar as nossas crianças de competências e conhecimentos que lhes permitam tomar decisões corretas na hora de gerir o dinheiro. Além disso, ensinar educação financeira nas escolas acaba por envolver também os pais e a restante família, sendo esta também uma forma de veicular estes conceitos a mais pessoas.
Assim, para orientar o ensino nas escolas, o Programa Nacional de Formação Financeira criou três instrumentos:
- O Referencial de Educação Financeira
- Os Cadernos de Educação Financeira
- Concurso “Todos Contam”
Referencial de Educação Financeira
O “Referencial de Educação Financeira” é um documento que procura orientar a implementação da educação financeira no ensino pré-escolar, básico e secundário. É uma espécie de guia para ser utilizado pelos professores e é transversal a qualquer disciplina.
Como está organizado?
- O guia está organizado por níveis de ensino (educação pré-escolar, 1º, 2º, 3º ciclos do ensino básico e ensino secundário;
- Inclui unidades de formação para adultos;
- Para cada nível de ensino são apresentados os temas mais adequados ao nível de conhecimento dos alunos;
- O mesmo tema pode se repetir ao longo do grau de ensino, porém a exigência terá que ser maior, aumentando a complexidade dos conceitos;
- Cada grau de ensino possui determinados objetivos que cada aluno deve ser capaz de alcançar.
Este “Referencial de Educação Financeira” é grátis e está disponível para qualquer pessoa consultar, tais como todas as outras iniciativas do projeto. Além disso, existem também ações de formação dirigidas aos professores, com base neste modelo de ensino e que acontecem regularmente em diversas zonas do país.
Cadernos de Educação Financeira
Os “Cadernos de Educação Financeira” são livros que contêm materiais didáticos e exercícios práticos. O primeiro foi lançado em 2015 e cada um deles é específico a um ciclo de ensino.
Aqui são trabalhados os temas da educação financeira de forma lúdica e didática, ou seja, adaptando o ensino ao público-alvo em questão. O ensino é feito através de um conjunto de histórias onde a família Moedas é a protagonista, com especial foco nas personagens Tomás e Clara Moedas, os irmãos que vão colocando questões proporcionais às suas idades.
Atualmente existem três cadernos: O Caderno Financeira 1, dirigido aos alunos do 1º ciclo; o Caderno 2 para alunos do 2º ciclo e o Caderno 3 para alunos do 3º ciclo.
Ao longo dos livros, as personagens vão crescendo e com elas as suas dúvidas, havendo aprofundamento das temáticas de forma proporcional ao aumento das idades. Estes cadernos podem ser utilizados na escola ou em casa, obviamente, nos diferentes contextos de aprendizagem.
São o resultado de uma parceria entre o Ministério da Educação, o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões) e quatro parceiros do setor financeiros, sendo estes, a Associação Portuguesa de Bancos, a Associação Portuguesa de Seguradores, a Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios e a Associação de Instituições de Crédito Especializado.
É fácil e grátis obter estes cadernos, uma vez que estes se encontram disponíveis para download. Caso prefira as versões físicas, ou em formato de livro, e caso não o encontre à venda nas formas de retalho tradicionais, pode fazer uma encomenda através do site do Editorial do Ministério da Educação e da Ciência, mediante o pagamento de 4,90 euros.
Além desta oferta, já se encontra em preparação o Caderno de Educação Financeira 4 destinado ao ensino secundário, apesar de ainda não ter sido divulgada a data de lançamento do mesmo.
Concurso “Todos Contam”
O concurso “Todos Contam” é mais uma das iniciativas para as crianças e adolescentes em idade escolar. O objetivo passa por promover o desenvolvimento de projetos de educação financeira nas escolas, em todos os níveis de ensino. Aqui, os estabelecimentos de ensino são desafiados a criar projetos que contribuam para o desenvolvimento dos conhecimentos dos alunos nesta área da educação financeira e os melhores a serem implementados nas escolas em cada ciclo de ensino são distinguidos pelo júri do concurso.
O concurso já vai na oitava edição e para participar é uma questão de estar atento ao portal “Todos Contam” ou à página de Facebook do mesmo. Além disso, é aberto a todos os níveis de ensino e a qualquer tipo de instituição, incluindo o ensino privado.
Outras iniciativas
O Plano Nacional de Formação Financeira engloba assim uma série de atividades e iniciativas com vista a promover a literacia financeira. O objetivo é chegar a todas as pessoas, de todas as idades, mas como vimos, é dado um grande enfoque às idades escolares.
Para além de todas as ferramentas que foram abordadas, o Plano promove também a “Semana da Formação Financeira”, este ano de 28 a 31 de Outubro, com uma série de atividades pelo país inteiro. Esteja atento ao Facebook para estar a par de todos os eventos.
Aqui e no portal “Todos Contam” são, ainda, divulgadas ações de formação dirigidas não só a crianças e professores, como também a profissionais, empresários ou desempregados com vista à reinserção no mercado de trabalho.
Os objetivos são transversais a todas as idades e setores de atividade e passam por melhorar os conhecimentos financeiros da população em geral, dotando-as de aptidões que lhe permitam planear da melhor forma as suas decisões financeiras.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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