Portugal está na cauda da literacia financeira. Os dados dos estudos que têm vindo a ser publicados são preocupantes. Por norma, sou uma pessoa positiva e, como tal, olho para esta situação de uma forma diferente: se estamos na cauda da literacia financeira, temos tudo a ganhar e tudo a conquistar, bastando para isso criarmos um movimento que permita que as pessoas percebam a importância que este tema tem e que poderá vir a ter nas suas vidas.
Ageing Report da Comissão Europeia
Desenvolver os conhecimentos financeiros em Portugal é uma “luta” que tem vindo a ser liderada por empresas ou por pessoas com competências nesta área e que se dedicam a produzir conteúdos sobre estas temáticas. O Estado deveria ser o rosto desta campanha que está em marcha, até porque é dos que mais tem a ganhar com a evolução da literacia financeira em Portugal.
Nunca é demais realçar que pessoas informadas irão sempre tomar melhores decisões, no dia a dia e na preparação do seu futuro. Numa perspetiva mais macro, pessoas informadas irão ser mais exigentes para com aqueles que têm o poder de gerir os recursos do país. Esta exigência fará com que a atenção e escrutínio de todos seja maior, fazendo com que, no limite, os recursos disponíveis possam ser mais bem empregues, sendo que neste caso ganharíamos todos. Numa perspetiva mais específica, recentemente recebemos um novo aviso por parte da Comissão Europeia através do Ageing Report. Este estudo alerta para o facto de, em 2050, aqueles que se reformarem irão receber apenas 38,5% do valor do último ordenado. De uma forma simples, quem ganhar 2.200 euros e se reformar em 2050, irá ficar com uma pensão de 847 euros mensais. Com estes números, fica mais fácil de explicar a importância da trajetória que estamos a seguir e do muito trabalho que temos pela frente. O alerta serve para consciencializar as pessoas e, em simultâneo, fazer com que tenham tempo para se prepararem para este cenário.
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Agir, reagir ou antecipar?
Esta é uma realidade com que nos iremos deparar em 2050. A questão que devemos colocar é: o que devo fazer para conseguir estar confortável no momento da reforma? Existem três formas de nos preparamos. A primeira é antecipar cenários, que consiste na perceção de que se nada fizermos, em 2050 iremos perder muito poder de compra pelo facto de ficarmos apenas com 38,5% do último ordenado.
A segunda forma está relacionada com a primeira. Se estamos a antecipar algo que vai acontecer, devemos agir imediatamente e procurar uma solução que complemente a reforma que iremos receber. Aqui, os PPR ou fundos de pensões ganham destaque e importância. São veículos que nos permitem investir no médio/longo prazo com fiscalidade reduzida. O que faz a diferença entre os PPR ou fundos de pensões que existem no mercado é a gestão e a carteira de investimento que os compõe. Será neste ponto que deveremos “perder” mais tempo, de forma a estarmos seguros de que vamos investir num portefólio que possa gerar retorno positivo e compensador no longo prazo.
Por fim, a terceira forma de encarar esta realidade é não fazer nada e reagir no momento em que nos depararmos com esta situação nas nossas vidas. De todas, esta é a solução a evitar, até porque se optarmos por esta via iremos encontrar um conjunto de cenários que não conhecemos e que não estaremos preparados para enfrentar. De uma forma simples, em função dos dados que estão disponíveis e dos diferentes estudos que nos alertam para a realidade da evolução das reformas (em 2050) em Portugal, é fundamental que comecemos, desde já, a preparar um plano complementar que nos permita encarar o futuro com tranquilidade e com qualidade de vida.
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Apaixonado pelo desporto e economia, foi jogador profissional de Futebol, tendo atuado em clubes como S.L. Benfica, Estoril, entre outros. Conciliou a carreira desportiva com a académica, terminando a licenciatura em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE). Continua ligado às suas duas paixões profissionais, desempenhando a função de Financial Advisor e colaborando como analista desportivo na CNN Portugal. Foi comentador residente no programa Jogo Económico do JE e Presidente do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Footgolf. (FPFG). Participa com regularidade em eventos sobre Literacia Financeira.
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