Claramente sim! Um ou vários. E deve subscrevê-los rapidamente por dois motivos: como investimento/poupança; e para preparar a sua reforma.
Mas então o PPR não é só para a reforma? Em teoria sim. Na prática não. Ao fazer uma reportagem do "Contas-poupança" sobre PPR o entrevistado disse-me: "Olhe, e já reparou que os portugueses andam a perder milhões de euros deixando o dinheiro a render zero nos depósitos a prazo quando podiam ter esse dinheiro a render num PPR?".
- "Como? Mas eu só posso resgatar o dinheiro do PPR em condições especiais ou então tenho de pagar uma penalização gigantesca. Num depósito a prazo, posso mobilizá-lo quando quiser... Num PPR não."
- "Isso é o que as pessoas pensam. Você só é penalizado pelo Fisco se puser esse dinheiro do PPR no IRS e receber os tais 300 a 400 euros de reembolso. Se não o colocar no Modelo 3 do IRS e não receber nenhuma dedução fiscal pode levantar o seu dinheiro quando quiser porque não tem de devolver nada e a multa de 10% por cada ano de "nada" é "nada". E tem um rendimento dezenas de vezes superior aos depósitos a prazo".
E pronto! Fez-se luz na minha cabeça. Foi aí que decidi começar a investir em PPR. Neste momento já são uma parte considerável das minhas poupanças. Tenho 7 PPR diferentes, e cada um rende conforme o risco que tem.
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Fazer um PPR ou optar por um depósito
Com base neste raciocínio, se pensarmos num prazo de 5 anos, teoricamente o "pior" PPR é melhor do que a generalidade dos depósitos a prazo. Claro que tem de preencher algumas condições e ter em atenção as várias comissões do PPR que utilizaria para substituir o seu depósito a prazo (ou parte dele).
Descubra os PPR mais rentáveis
Há PPR que são péssimos e com os quais até pode ter prejuízo mesmo com capital garantido. Nem imagina as comissões de resgate de alguns PPR...
Como já lhe disse várias vezes, nunca deve pôr todas as suas poupanças no mesmo cesto. O "segredo" é não o colocar no IRS e não ser ganancioso com os 300 ou 400 euros "imediatos" da dedução, porque nesse caso fica com o dinheiro “acorrentado”.
Como sabe, os depósitos a prazo estão a render zero ou quase. Por isso é natural que milhares de portugueses perguntem onde podem pôr o dinheiro a render mais. Há várias alternativas, mas talvez nunca tenha pensado em fazer um PPR para substituir o seu depósito a prazo.
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Seguros PPR com capital garantido
Neste caso específico estou a falar de Seguros PPR com capital garantido, por isso não se coloca a questão de não querer arriscar perder as suas poupanças em produtos de risco. Não estou a falar de Fundos PPR sem garantia de capital.
A taxa média dos depósitos a prazo neste momento ronda os 0,1%. Ou seja, se tiver 10 mil euros no banco, ao fim do ano vai receber 10 euros em juros brutos, 7,20 euros "limpos". Provavelmente paga mais do que isso em comissões, já para não falar da inflação que está sempre a comer parte do seu dinheiro.
Vamos aos pormenores. Todos os PPR (Seguros ou Fundos) têm uma vantagem enorme sobre os outros produtos financeiros. Os juros de todos os produtos de poupança e investimento como depósitos a prazo, fundos de investimento, ações e outros, são tributados pelo Estado a 28%. Ou seja, de tudo o que ganhar em juros, o Estado fica com quase 30%. E não há volta a dar. Excepto se for um PPR.
PPR - Tributação de mais-valias | |
Resgate | Taxa |
< 5 anos | 21,5% |
5 a 8 anos | 17,2% |
> 8 anos | 8,6% |
Mas há um problema. Pode precisar do dinheiro antes disso e se resgatar o PPR sem estar doente, desempregado ou fora das exceções da lei vai ter de devolver a dedução no IRS que pode chegar aos 400 euros por ano mais 10% desse valor por cada ano que passou. E isso é um péssimo negócio. Perde dinheiro.
Quanto pago de impostos sobre os rendimentos obtidos com o PPR?
Há outra vantagem para além do imposto na altura do resgate. É que os PPR rendem normalmente muito mais do que os depósitos a prazo. Há no mercado muitos PPR com capital garantido em vários bancos e seguradoras. Só tem de os procurar. Se for à página da Autoridade dos Seguros e Fundos de Pensões tem lá sempre uma lista atualizada dos seguros PPR comercializados em Portugal. Numa breve pesquisa tem pelo menos 6 PPR que renderam mais de 3% nos últimos 3 anos. E mais 3 que renderam mais de 2%. E todos com capital e rendibilidade garantidos (pela seguradora, não pelo Estado, OK?).
Devo alertar que o mecanismo de garantia de capital dos PPR é diferente do dos bancos. No caso das seguradoras é a própria instituição que tem de garantir que tem capital para pagar todos os PPR que tem em carteira. Não conheço nenhum caso em que o pagamento de um PPR não tenha sido realizado. Claro que já percebemos pelo exemplo da pandemia da Covid-19 que tudo pode mudar radicalmente, mas até ao momento é um investimento considerado seguro.
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Analise as comissões antes de fazer um PPR
Outro detalhe. Não há dois PPR iguais. Há PPR que cobram comissões de subscrição e de resgate e alguns têm valores absurdos. Ou seja, se escolher mal o PPR pode no final não estar a ganhar nada. A boa notícia é que no meio destes todos há PPR que não cobram nada ou quase nada. Tem de procurar. Eles existem. Também há alguns PPR com capital garantido que não deixam resgatar antes de 2, 3 ou 5 anos. Tem de conhecer as regras de cada PPR.
Seja como for, se verificar que tem um PPR com comissões altas, pode transferi-lo a qualquer momento para um que não tenha penalizações e paga no máximo 0,5% do valor transferido se quiser fugir a essas condições (no caso dos Fundos PPR não paga nada). Algumas gestoras de fundos assumem essa despesa por si para ficarem consigo como cliente. Tem de fazer as contas para ver se compensa.
Noutra crónica vou falar-lhe dos Fundos PPR (não têm capital garantido, mas podem render dezenas de vezes mais). Para já fique com esta pulga atrás da orelha: Fazer um Seguro PPR é dezenas ou até centenas de vezes mais rentável do que um depósito a prazo e com garantia de segurança do valor que investiu. Investigue junto do seu banco ou seguradora.
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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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