Com o aumento das taxas Euribor e da inflação nos últimos tempos, as famílias estão a sentir uma maior necessidade de ponderar bem os seus gastos, bem como de garantir o rendimento disponível para fazer face às despesas. Isto leva, muitas vezes, a fazer cortes, sobretudo para não falhar a prestação mensal do seu crédito à habitação.
Assim, se está a passar por uma situação financeira apertada, saiba que existem algumas formas de minimizar o impacto destes aumentos. Neste artigo, reunimos algumas alternativas para fazer às despesas, particularmente às que se prendem com a sua habitação.
Renegocie e/ou consolide os seus créditos
Se, neste momento, está a sentir dificuldades para lidar com todas as despesas associadas à sua habitação, pondere renegociar o seu crédito. Existem várias alternativas para reduzir a sua taxa de esforço. Em primeiro lugar, pode pedir para alargar o prazo de pagamento do seu crédito à habitação. Além do prazo, pode também negociar com o seu banco uma redução da TAEG (taxa anual efetiva global), nomeadamente através da remoção definitiva (ou temporária) de alguns produtos que, geralmente, permitem reduzir o spread. Mas, atenção, este passo também pode encarecer o custo total do empréstimo.
Por outro lado, pode também pedir ao banco para que lhe seja atribuído um período de carência de capital, de forma a fazer às suas dificuldades financeiras. Isto significa que, durante esse período, só paga os juros associados ao crédito à habitação, não havendo lugar a qualquer amortização do capital emprestado. Embora, a longo prazo, pague mais pelo seu crédito, esta solução dá-lhe "margem de manobra" para não entrar em incumprimento.
À luz das mais recentes medidas do Governo para apoiar as famílias na atual conjuntura económica, existem novas medidas para os bancos, particularmente sobre a taxa de esforço, a abertura para iniciar uma renegociação oua suspensão da cobrança de comissões de amortização.
Consolidar os seus créditos também é uma das opções para diminuir os encargos relacionados com a sua habitação. Mais uma vez, vai acabar por pagar mais a longo prazo, com a vantagem de, em cada mês, ter uma prestação mais acessível. Ainda assim, tenha em consideração que, para consolidar os seus créditos, necessita de cumprir certos critérios. Por exemplo, se já estiver numa situação de incumprimento, não pode recorrer a esta solução. Se está desempregado ou tem um emprego precário também tem um peso negativo na hora do banco decidir se aprova ou não a consolidação dos seus empréstimos.
Leia ainda: Subida da Euribor: é o momento certo para amortizar o crédito habitação?
Avalie outras opções de crédito habitação no mercado
Mesmo havendo a opção de renegociar o seu crédito à habitação junto do seu banco, pode não ser o que lhe oferece as melhores condições. Por essa razão, não deve deixar de analisar as ofertas de outras instituições bancárias e ponderar a transferência de crédito, sendo que pode fazê-lo sozinho ou, atendendo à complexidade do processo, pedir ajuda de um intermediário de crédito.
Na hora de analisar quais as melhores ofertas no mercado, existem vários fatores que devem ter em conta, nomeadamente: o montante imputado ao consumidor (MTIC), a TAEG do empréstimo, o spread e os produtos que precisa, obrigatoriamente, de contratar e os seguros, quer de vida, quer multirriscos. Existem outros fatores a ter em conta, mas estes são relevantes e fáceis de "dominar" quando for fazer as comparações.
Leia ainda: Renegociar crédito habitação: 5 situações em que deve fazê-lo
Procure um trabalho extra para ganhar mais dinheiro
Se reduzir consideravelmente as suas despesas pode ajudar a enfrentar as dificuldades, ter mais uma fonte de rendimento também pode dar-lhe uma maior "margem de manobra". Mesmo que seja um part-time com pouca carga horária (por exemplo, só trabalhar aos sábados) pode fazer toda a diferença mensalmente. Se procurar algo relacionado com a sua área de especialização, pode encontrar um trabalho extra mais rapidamente, pois já tem competências que o mercado valoriza.
Por exemplo, suponha que consegue encontrar um part-time, em que recebe 200€ todos os meses. Num cenário em que tenha um crédito habitação de 150.000€ a 30 anos, e a taxa Euribor dispare cerca de 2.5%, com estes 200€ extra já consegue fazer face ao aumento da Euribor. Uma quantia que aparentemente "apenas compõe" o salário em tempos de crescimento económico, numa situação de aperto e taxas de juro elevadas pode fazer a diferença entre conseguir pagar a prestação ao banco ou entrar em incumprimento.
Leia ainda: Qual o spread do seu crédito habitação? Há bancos a oferecer 0,85%
Reveja contratos associados à sua habitação
Além do crédito habitação, também deve rever os contratos inerentes às despesas gerais com a sua casa. Isto inclui os contratos de fornecimento de energia, internet, telefone, entre outros. Existem diversas opções no mercado, por isso, não deve recear mudar.
A somar à renegociação dos seus contratos atuais, também deve ponderar se existem alguns serviços ou subscrições de que não precisa, ou que simplesmente não utiliza. Remover as subscrições de serviços de streaming, música, canais específicos de televisão, entre outros, pode gerar-lhe uma poupança de dezenas ou centenas de euros por mês. Ao poupar este dinheiro, pode utilizá-lo para contribuir para o seu fundo de emergência e, com isso, estar mais confortável financeiramente.
Leia ainda: Como se preparar para a subida de juros no crédito habitação?
Prémios de seguro "excessivamente" altos
Especialmente ao contratar um crédito à habitação, é-lhe sugerido contratar determinados seguros de vida e multirriscos. Esta informação pode analisá-la na FINE (Ficha de Informação Normalizada Europeia).
Estes seguros podem não trazer grandes vantagens, mas seguramente vão ajudar na redução do spread. Por isso, deve avaliar se o valor anual dos seguros fora da instituição bancária compensa em relação ao proposto pelo banco. Em certos casos, o prémio do seguro de vida fora do banco (com coberturas melhores) pode ainda ficar mais barato do que o seguro de vida proposto pelo banco, com coberturas mínimas.
Leia ainda: Devo mudar para taxa fixa no crédito habitação?
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário