Ter um fundo de emergência pode fazer toda a diferença para garantir a estabilidade financeira de um agregado familiar. E se há regras que deve seguir na constituição e rentabilização deste fundo, também há erros que não deve mesmo cometer. Fique a conhecer alguns deles.
Recorrer ao seu fundo em casos não urgentes
Um dos principais erros que deve evitar é precisamente recorrer ao seu fundo de emergência para pagar despesas que não são urgentes. Depois de tantos sacrifícios para juntar uma quantia considerável no seu pé de meia, a última coisa que vai querer fazer é deitar por terra todo esse esforço. Por isso, deve evitar ao máximo ceder à tentação de recorrer a esta reserva para satisfazer alguns desejos ou para comprar algo que não precisa.
Da mesma forma, não deve recorrer ao seu fundo de emergência só porque o dinheiro está parado. O propósito desta reserva é, precisamente, servir-lhe de apoio para situações excecionais.
Ter uma conta-poupança paralela ao seu fundo de emergência pode ser uma boa alternativa para diferenciar as despesas urgentes das que não o são. Por exemplo, se estiver a poupar para aproveitar uma promoção, deve contribuir e utilizar o dinheiro desta conta-poupança, em vez da reserva da emergência. Da mesma forma, se quiser comprar algo para si (ou para alguém) de valor mais elevado, como um presente de casamento, também deve recorrer às poupanças "normais". Em suma, o seu fundo de emergência é o seu "porto de abrigo". Isto é, o dinheiro com que pode sempre contar quando algo não corre como o esperado.
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Não poupar o suficiente para o seu fundo de emergência
Outro erro que não deve cometer no que diz respeito ao fundo de emergência é não poupar o suficiente para o reforçar. Isto significa que, na eventualidade de se deparar com uma situação urgente, pode estar desprotegido e com a sua segurança financeira comprometida. No pior dos cenários pode acabar por ter de recorrer a um crédito para pagar essas despesas desnecessariamente, muitas vezes com taxas de juro altas (como as do crédito pessoal).
Na prática, irá prejudicar a sua estabilidade, pois parte dos seus rendimentos terá de ser direcionada para pagar essa despesa adicional. De forma a contornar esta situação, tente poupar todos os meses uma determinada quantia, colocando-a numa conta-poupança. Ainda que o montante possa ser pequeno, é sempre uma ajuda em situações de aperto. Para que isso aconteça, deve encarar a contribuição para o seu fundo de emergência como uma obrigação do seu orçamento mensal.
Se lhe for mais conveniente, opte por transferir esse montante todos os meses automaticamente. Assim, não irá sentir-se tão tentado a gastar esse dinheiro, pois este não irá estar disponível - pelo menos, não de uma forma tão imediata. Além de ter mais controlo sobre aquilo que não deve gastar, também garante que nunca se esquece de contribuir para o seu de fundo de emergência. Trata-se de um passo simples que pode fazer toda a diferença.
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Exagerar nas suas poupanças
Não contribuir o suficiente para o seu fundo de emergência pode ser um problema, pois qualquer eventualidade pode comprometer a sua estabilidade financeira. No entanto, o oposto também não é desejável. Isto é, exagerar na poupança, ao ponto de sacrificar a saúde e outros aspetos importantes da sua vida. Para evitar esta situação, comece por definir uma taxa de poupança com que se sinta confortável.
Se poupar 10% do seu rendimento for um valor demasiado ambicioso, comece por 5% ou menos, por exemplo. Mais do que o valor com que contribui para a sua reserva de emergência, o importante é que o faça de forma consistente até perfazer, pelo menos, 6 meses de despesas. Idealmente, esta poupança deve ser a maior possível para que construa o seu fundo de emergência no menor espaço de tempo. No entanto, isso nem sempre é possível. Além disso, se comprometer a sua saúde, ou até mesmo o lazer para conseguir poupar, o mais provável é que não consiga cumprir o plano que traçou inicialmente.
Para ajudá-lo a tornar o seu plano realidade, comece por definir um orçamento. Liste todas as suas despesas e organize-as por categorias, nomeadamente saúde, educação, lazer, despesas gerais (eletricidade, água, Internet), entre outras. A seguir, analise cada uma delas para perceber para onde está a ir o seu dinheiro e, consoante o que encontrou, trace um plano de ação para minimizar (ou eliminar) as despesas desnecessárias. Depois, monitorize regularmente o orçamento e adapte à medida que os resultados vão surgindo. Vai fazer toda a diferença.
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Não repor o dinheiro de volta no fundo de emergência
Embora ninguém deseje ter que recorrer ao seu fundo de emergência, a verdade é que situações inesperadas acontecem e é preciso estar preparado. Ter um pé de meia destinado a estes casos torna-se crucial para evitar dissabores, e o facto de ter todo o dinheiro disponível no seu fundo para para fazer face a uma eventual emergência é sinal que fez tudo corretamente. No entanto, depois de recorrer a este dinheiro, é necessário repô-lo. Isto significa voltar a fazer alguns sacrifícios para contribuir para o seu pé de meia.
Ter um fundo de emergência não o isenta de ter de fazer sacrifícios. Aliás, o próprio processo de construção deste pé de meia é através da poupança, o que significa que, numa dada altura, teve de optar por não gastar dinheiro para atingir esse fim. No entanto, este sacrifício é significativamente menor do que se tivesse que pedir dinheiro emprestado para pagar despesas inesperadas. Não só garante a sua estabilidade financeira, mas também o ajuda a criar bons hábitos de poupança que fazem toda a diferença.
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Não rentabilizar o seu fundo com segurança
Deve garantir que o seu fundo de emergência se encontra sempre disponível e acessível rapidamente. Para reagir a uma situação urgente, como uma avaria ou um acidente de automóvel, é natural que não possa esperar longos períodos de tempo para que o dinheiro esteja disponível. Ainda assim, isto não significa que não possa rentabilizar o seu fundo com segurança.
Existem várias opções no mercado para não deixar este dinheiro parado, como as contas-poupança ou Certificados de Aforro. No entanto, não se esqueça que o fundo de emergência não é uma poupança qualquer, em que pode arriscar perder parte ou a totalidade deste dinheiro. Por isso, sempre que pretender rentabilizá-lo, opte por produtos financeiros com capital garantido.
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Não ajustar o seu fundo de emergência às suas despesas
Ter um fundo de emergência estável e sempre disponível não deve ser encarado como algo que apenas se faz uma vez. Muito pelo contrário. As suas circunstâncias podem sempre mudar, como a sua situação laboral, saúde ou até mesmo o nascimento de um filho. Por isso, deve sempre adaptar o seu fundo de emergência às suas despesas atuais e não às que tinha há alguns meses ou anos.
Idealmente, deve rever a sua reserva de emergência a cada 6 meses. Isto implica olhar para os seus encargos e verificar se o valor disponível no seu fundo de emergência chega para cobrir todas as suas despesas. Ignorar esta análise periódica pode facilmente custar-lhe centenas ou milhares de euros. Por exemplo, suponha que quando construiu o seu fundo de emergência ainda não pagava renda ou crédito à habitação. Se a situação se alterar e começar a pagar 500 euros de prestação, significa que terá de contribuir com mais 3.000 euros para o seu fundo de emergência, de forma a cobrir esta despesa adicional.
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