Ter uma vida financeira estável pode ser uma odisseia dependente de diversos factores, alguns dos quais difíceis de controlar. Por outro lado, dá-nos alguma capacidade própria de decidir o nosso destino. Conheça 4 passos básicos para alcançar a estabilidade financeira.
Pedro Pais é o fundador do financaspessoais.pt e do forumfinancas.pt. O Pedro é um dos maiores promotores de literacia financeira em Portugal contribuindo com centenas de artigos, ferramentas e simuladores que ajudam as pessoas a poupar, a investir ou a decifrar os mistérios da fiscalidade.
Conheça 4 simples passos básicos de controlo e orientação da vida financeira.
1. Diminuir o crédito
O crédito pode ser, em certas alturas, um mal necessário para comprarmos aquele bem que tanto precisamos e para o qual não temos disponibilidade imediata - e.g. a aquisição de habitação. Mas na maior parte dos casos o crédito é financeiramente muito prejudicial, implica uma prestação mensal fixa (a abater ao seu orçamento) e inclui juros altos, especialmente no caso do crédito ao consumo.
O primeiro passo para atingir a estabilidade financeira é amortizar o máximo possível dos seus créditos, eliminando-os se possível. A este propósito escrevi um artigo que mostra quais as vantagens de amortizar antecipadamente o crédito à habitação - que é dos menos caros. O único bom crédito é aquele que é gratuito - e a maior parte não o é.
2. Conhecer as suas despesas
Se for como a maioria das pessoas, não saberá (nem sequer aproximadamente) onde gasta o seu dinheiro. E é normal, pois temos imensas despesas com que contar: alimentação, gasolina, jantares, prendas, electricidade, telemóveis, entre outros. Como calcula não é positivo (a não ser que o dinheiro não seja a mínima preocupação), pois não lhe permite avaliar o seu perfil de consumo e logo não consegue precisar em que tipo de despesas gasta mais dinheiro.
Para que possa passar ao passo 3 é imprescindível tomar nota do que gasta. Utilize o Excel, uma base de dados profissional, o que quiser, mas tome nota (uma hipótese é adoptar esta calculadora de despesas). Adopte o grau de obsessão que achar adequado, mas é conveniente ser detalhado.
3. Poupar
Agora que já sabe onde gasta o seu dinheiro, é preciso poupar. Comece por examinar as categorias de despesas que correspondem a 80% das suas despesas e pense em maneiras de as diminuir. Aqui vão alguns exemplos:
- Comer menos vezes fora;
- Comprar mais produtos de marca branca;
- Evitar compras por impulso;
- Ponderar bem as escolhas, essencialmente de produtos de valor significativo;
- Fugir de compromissos de pagamentos mensais fixos (time-sharings, assinaturas de produtos, etc.)
Poupar é o passo mais simples de perceber mas talvez o mais difícil de pôr em marcha. Não só nos é difícil evitar gastar como temos dificuldade em descobrir de que forma podemos poupar. Um exercício esforçado mas importante.
4. Investir
O último passo para a consolidação da sua situação financeira é investir. Uma parte significativa do dinheiro que consegue poupar deve ser aplicado nalguma espécie de investimento financeiro. Pode ser algo tão simples e seguro como um depósito a prazo, o que interessa é investir (aproveite para conhecer os melhores depósitos a prazo).
A título de exemplo, uma poupança mensal de €100 aplicados a uma taxa de 4%, rende mais de €36 000 ao fim de 20 anos.
Lembre-se que o futuro da Segurança Social é, no mínimo, incerto. Poderá ter de contar com que a sua reforma seja o resultado do investimento da sua poupança ao longo dos anos. E não há capacidade de investimento sem poupança.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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É mesmo pelas taxas (produtos), nem toda as pessoas confiam nos produtos publicitados na net ou em bancos “virtuais”. É importante olhar nos olhos das pessoas e visitar um local.
Para estas pessoas eu acho devem consultar estes bancos “físicos”.
Esta consulta foi realizada em 16 de Maio de 2007, variando de acordo com a estrategia de marketing de cada banco.
Óscar, há alguma razão em especial para aconselhar esses bancos? É pelos produtos, qualidade de atendimento ou por outros factores?
A mim também me parece um tema interessante, eu normalmente constumo estar atento as aplicações a prazo por motivos profissionais e pessoais.
Se preferirem aplicações a prazo em bancos tradicionais, em balcão físico aconselho o Banif ou CajaDuero
Caro Machado,
Pois, os PPR podem ter alguns benefícios fiscais, mas é preciso verificar adequadamente taxas objectivo e, muita atenção, comissões de gestão, manutenção, etc.
Em relação aos depósitos a prazo. Na prática não existe qualquer risco. Na teoria podes correr o risco do banco não ter liquidez financeira para te pagar o depósito a prazo – mas esta é uma situação muito muito muito improvável numa economia madura. E mesmo no caso de falência do Banco, o Banco de Portugal é obrigado a suportar a instituição em causa. Em suma, depois dos títulos do tesouro podemos assumir que os depósitos a prazo são o investimento mais seguro.
Como é que funcionam… Se consultares o BigOnline ou o Best tens acesso aos diversos depósitos a prazo. Os mais interessantes implicam que o dinheiro fique investido 6 meses ou 1 ano (ou mais). Estes depósitos a prazo têm, regra geral, um valor mínimo de constituição: €500 ou €1000. Enquanto não atinges o suficiente, podes depositar os tais €50/mês numa conta à ordem remunerada. A da Big é remunerada a 2,65% e permite que movimente o dinheiro quando bem te apetecer, sem perder direito aos juros.
Simplificando as contas e assumindo que colocas anualmente €600 (€50*12) num depósito a prazo a uma taxa líquida de 3,23%, ao fim de 10 anos deverás ter qualquer coisa como €6951 no final.
Pode não parecer uma fortuna, mas é melhor isto do que chegares mais tarde à conclusão que não poupaste nada.
Dependendo da tua idade podes também pensar em investir noutros produtos mais complexos (acções, fundos, etc), mas estes envolvem já algum risco de perda de capital.
Espero ter, de alguma forma, ajudado a esclarecer o assunto. Se puder detalhar melhor algum assunto, avisa.
Obrigado
Desde já agradeço a tua atenção…
Foi sob o mesmo assunto que vim dar ao teu blog pedro, mas também eu sou leigo no assunto, e muito pouco entendo sobre bancos…
A titulo exemplificativo, ando a pensar fazer um PPR, 10, 15 ou 20 anos, estando disposto a colocar entre 50 a 75€ Mensais, mas o facto é que o meu banco BES, as taxas de juro não são muito convidativas, a não ser claro poder ser dedutível no IRS…
Vi no teu blog que falas muito nestes bancos ONLINE tipo BIG online, com taxas até 4%…
Como funciona estes bancos? Quais os riscos de um depósito a médio longo prazo?
Como ficaria uma simulação dos meus valores apresentados à pouco…
Por exemplo 50€/mês a 10 anos.
Ok Pedro, fica lançado o desafio. Vou tentar corresponder às expectativas 🙂
O meu perfil é o seguinte: acabei a escolinha há pouco tempo, e agora estou num emprego a receber relativamente bem e não tenho grandes despesas. Percebo zero de finanças… bancos, contas, taxas, juros, não sei nada disso. A minha dúvida é: como posso aplicar as minhas poupanças de forma sábia a curto, médio e longo prazo?
E repara: como eu há montes de gente por aí… por isso, esse tipo de dicas seria muito bem-vinda!
O que é que eu gostava: da descrição por alto dos termos e do que se tem de saber, e exemplos. Eu procuro muito este tipo de info nos bancos e os gajos às vezes: ah, se a Maria puser 70 euros todos os meses numa conta tem não sei quantos milhares ao fim de 40 anos, com uma taxa Xpto de X% e mek mek mek… mas não consigo perceber como é que estas coisas funcionam.
E a minha sugestão é esta… uma série de posts para novatos que eu e mais não sei quantos iriamos seguir religiosamente… 😛
Viva!
Esse valor foi calculado recorrendo a uma fórmula que nos diz qual é o valor futuro de uma prestação mensal, aplicada a uma determinada taxa. Podes ver mais sobre este assunto em http://en.wikipedia.org/wiki/Future_value (em Inglês, no entanto).
Quanto a um bom recurso, em termos centralizados… não te sei indicar, directamente. Mas uma coisa que ajuda é “estudar” um pouco as funções financeiras do Excel.
Mas olha, gostei muito da tua sugestão. Que temas gostarias de ver abordados?
Olá Pedro!
Eu sou completamente leigo nestes assuntos e esta frase:
“A título de exemplo, uma poupança mensal de €100 aplicados a uma taxa de 4%, rende mais de €36 000 ao fim de 20 anos.”
Não a consigo perceber. Há algum bom recurso que possa ler para perceber minimanente estas coisas?
Já agora faço uma sugestão: um post sobre poupanças para o completo leigo no assunto! Lembro de hás uns tempos andar a investigar e até vim ter a um artigo teu (sobre taxas anuais TANBs, essas cenas), mas a maior parte daqueles termos é um pouco obtusa para mim. Um tutorial para newbies sobre estas coisas era algo que ia ficar sempre nos meus bookmarts! E iria aconselhar à fartura!
Gracias!