O mês de fevereiro fica marcado pela invasão russa da Ucrânia e por todas as consequências que daí podem surgir. Para trás ficaram outros temas importantes para a atividade económica e mercados financeiros, que acabaram por ter uma importância relevante, mas misturaram-se, em termos económicos e não sociais, com esta tomada de posição por parte da Rússia.
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Primeiros quinze dias do mês
Depois de um mês de janeiro negativo para os mercados, o foco estava centrado no indicador de inflação que iria ser divulgado nos EUA e Europa. Temos abordado este tema com frequência ao longo dos nossos artigos (Temas relevantes a ter em conta em 2022), porque é sem dúvida um dos possíveis focos de instabilidade para o desenvolvimento da economia real.
Assim, os indicadores de inflação nos EUA (7,5%) e Europa (5,1%), vieram confirmar uma tendência crescente que tem vindo a ser desvalorizada pelos banco centrais americano e europeu. Este facto acabou por trazer maior volatilidade aos mercados financeiros e a perceção de que a subida de taxas pode, não só estar próxima, como até ter um ritmo de subidas mais agressivo com o objetivo de não permitir que a inflação se torne descontrolada.
Rússia invade Ucrânia
Em simultâneo, a tensão na Ucrânia começou a aumentar, com as constantes movimentações militares por parte da Rússia na fronteira dos dois países. Este “clima” adverso acabou por, infelizmente, se concretizar numa invasão e no início de uma guerra em que ninguém ficará a ganhar. Este facto teve um impacto determinante e marcante no mês de fevereiro.
O mundo incrédulo teve de reagir, embora de uma forma inteligente e não agressiva. Tendo a noção que a Rússia é uma potência militar e não económica (é apenas a 11.ª economia mundial), a reação dos países ou blocos com maior preponderância mundial, foi no sentido de tornar a Rússia frágil tentando “obrigar” Putin a refletir na sua decisão e, em não provocar um conflito à escala mundial que rapidamente se pode precipitar para uma guerra nuclear.
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Resposta de apoio à Ucrânia: Sanções
Dentro deste contexto e tendo em conta a dificuldade que a Ucrânia está a travessar, vendo o seu território ser invadido de uma forma agressiva, a resposta internacional surgiu de duas formas:
- Solidarizar-se com o povo ucraniano, apoiando-o não só em palavras, mas também em bens de subsistência, militares, assim como a criação de condições especiais para receber os refugiados ucranianos que tentam fugir da guerra;
- Sanções económicas que visam enfraquecer a economia russa, como a restrição de acesso a outras divisas por parte do Estado Russo e de cidadãos russos (nomeadamente oligarcas), o congelamento de bens ou o corte de relações comerciais com a Rússia por parte de Estados mas também de empresas.
A estratégia passa por enfraquecer a economia russa, criar dificuldades internas com reflexo no dia a dia dos cidadãos, que com o passar do tempo acabarão por sentir dificuldades e irão questionar a mais-valia desta invasão para o seu país. Em simultâneo, retirar acesso a liquidez poderá trazer dificuldades no curto prazo a Putin, uma vez que financiar uma ação militar com estas características exige um esforço financeiro muito elevado.
Reação dos mercados financeiros
O comportamento dos mercados financeiros não tem seguido uma tendência definida, com uma exceção, a bolsa russa. Relativamente aos mercados com maior dimensão, a reação não foi (no mês de fevereiro) tão grave como o contexto (conflito e inflação) poderia sugerir.
Como exemplo, no dia 24 e 25 de fevereiro (primeiros dois de invasão) os índices americanos fecharam positivos, sendo que no dia 25 de fevereiro o Dow Jones teve o seu melhor comportamento desde 2020! Os índices europeus, pela sua exposição geográfica, estão a ser mais afetados.
Performance das carteiras de investimento
O mês foi negativo para as duas carteiras, moderada e dinâmica, embora com uma queda inferior à de janeiro. No segmento acionista não houve nenhum ativo que tenha ficado positivo e a pior performance foi a exposição aos mercados emergentes. Beneficiamos do facto de termos uma boa diversificação em carteira, com maior alocação aos EUA o que acabou por nos beneficiar nos dois perfis.
Do lado das obrigações, no perfil moderado tivemos dois ativos negativos, a exposição a obrigações americanas de longa duração (que foram penalizadas pela expectativa de subida de taxas de juro) e a exposição a obrigações de mercados emergentes que foi a pior posição nas duas carteiras.
No final do mês, a carteira moderada caiu 1,35% e está com uma valorização desde a sua criação (março de 2021) de 4,97% e a carteira dinâmica corrigiu 1,68%, estando com uma valorização acumulada de 4,18%.
Desempenho da carteira com perfil moderado
A composição da carteira com perfil moderado
Desempenho da carteira com perfil dinâmico
A composição da carteira com perfil dinâmico
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Futuro incerto para a economia
O conflito entre Rússia e Ucrânia está, e irá continuar, a ter uma enorme preponderância no rumo da economia global. As matérias-primas estão a disparar, sendo que o petróleo tem estado a escalar, superandos os 120 dólares por barril.
Esta situação terá efeito em todos os sectores económicos, através do aumento dos custos para famílias, empresas e mesmo Estados. Adicionalmente irá “pressionar” os Bancos Centrais, através do aumento da inflação (que já está em valores muito altos). Por fim, é importante realçar que o aumento de taxas de juro fará com que se exponencie o aumento de custos para Todos.
Os próximos tempos serão sem dúvida desafiantes.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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