Segundo dados do Eurostat, cerca de 30% dos portugueses não tem capacidade para pagar despesas inesperadas. E uma das formas de evitar surpresas desagradáveis é ter um fundo de emergência que lhe permita responder a imprevistos. No entanto, este fundo de maneio deve ser gerido com cautela.
Neste artigo, reunimos algumas situações em que deve fazer uso do seu fundo de emergência.
Problemas de saúde ou despesas médicas
Planear um orçamento para eventuais despesas médicas é uma boa prática mas, por vezes, pode necessitar de cuidados urgentes, sem que exista algo que possa prever este tipo de situações. Para ajudar a reduzir as despesas médicas e evitar ter de retirar muito dinheiro do seu fundo de emergência, pondere contratar um seguro de saúde ou estender as suas condições. Embora um seguro de saúde seja uma despesa adicional todos os meses, pode deduzir parte das despesas (15%) com o seu seguro de saúde no IRS. Por isso, um seguro não tem de ser visto como um encargo, mas sim como um proteção adicional.
No caso de ter de recorrer ao seu fundo de emergência para fazer face às despesas médicas, mesmo que tenha contratado um seguro, deve repor esse dinheiro o mais rápido possível. Se tiver possibilidade de poupar uma determinada quantia todos os meses, estabeleça como prioridade redirecionar essa poupança para o seu fundo de emergência.
Assim sendo, deve sempre acautelar um montante que cubra, pelo menos, seis meses de despesas. Dependendo do seu estilo de vida e os seus encargos, este valor tanto pode ser superior ou inferior. Por exemplo, se tiver filhos a cargo, despesas com créditos, colégios privados, entre outros encargos, seis meses de despesas podem não ser suficientes. Já se viver em casa dos pais e quase não tiver despesas, pode reduzir este valor, pois será mais fácil repô-lo mais tarde.
Leia ainda: Porque devo ter em conta a inflação no meu fundo de emergência?
Impossibilidade de trabalhar devido a acidente
Quer seja por via de um acidente de trabalho, de viação, ou até mesmo em casa, existem situações inesperadas que nos impedem mesmo de trabalhar. Caso aconteça, pode vir a ter uma quebra de rendimentos considerável, e por consequência, um forte abalo no seu orçamento mensal. Dependendo da gravidade da situação, pode ter de recorrer ao seu fundo de emergência para fazer face às despesas mensais.
Assim, enquanto recorre ao seu fundo de emergência, adapte o seu orçamento mensal à situação. Isto é essencial para garantir que não está a gastar mais do que aquilo que ganha, embora possa ser difícil durante um período em que exista uma quebra de rendimentos. Se nunca definiu um orçamento, então é uma boa altura para começar.
Definir um orçamento é simples. Comece por criar uma lista com as suas despesas mensais, organizando-as por categorias, como saúde, educação, entretenimento, créditos, entre outras. Depois, identifique as que consumem uma fatia considerável do seu orçamento, além daquelas que, em sua opinião, podem ser eliminadas por completo. A seguir, deve estabelecer um plano para reduzir estas despesas e monitorizá-las ao longo do tempo. Por exemplo, renegociar os contratos de serviços, condições de créditos e de seguros, entre outras soluções.
Leia ainda: Ter uma poupança além do fundo de emergência, faz sentido?
Cenário de desemprego
Ainda que um cenário de desemprego seja uma ideia perturbadora, a verdade é que esta pode acontecer, seja por motivos económicos ou de saúde pública, como aconteceu fruto da pandemia da Covid-19. Logo, neste tipo de momentos críticos, o seu fundo de emergência é uma mais valia para atenuar esta quebra abrupta de rendimentos. Isto adequa-se também caso fique mesmo desempregado e esteja a receber o subsídio de desemprego.
Quando inverter esta situação e começar a trabalhar novamente, deve estabelecer como prioridade repor o dinheiro que utilizou do seu fundo de emergência. Ainda assim, antes de recorrer à sua reserva de emergência, pondere se é possível cumprir com as suas obrigações, apenas com o subsídio de desemprego e fazendo alguns "cortes" nas suas despesas. Por exemplo, evitar fazer refeições fora, controlar as compras por impulso, ponderar cortar temporariamente alguns serviços de subscrição, entre outras despesas.
Embora possa não ser fácil alterar o seu estilo de vida, será ainda mais difícil ter de repor todos os meses um determinado valor no seu fundo de emergência. Além disso, se tiver a infelicidade de acontecer outro imprevisto enquanto se encontrar desempregado, pode acabar por esgotar o dinheiro do seu fundo. Não só vai ficar mais vulnerável, mas também terá de fazer um esforço maior para recuperar a estabilidade financeira.
Leia ainda: 8 razões para aumentar o seu fundo de emergência
Reparações urgentes na sua habitação ou automóvel
Toda a habitação precisa de manutenção periódica e, ao longo do tempo, também os eletrodomésticos vão precisar de ser substituídos. No entanto, por vezes surgem situações difíceis de prever, como as avarias, as quais podem implicar um gasto de centenas, ou até de milhares de euros, dependendo da sua gravidade.
Embora o seu seguro possa cobrir uma parte do dano, pode ter de assumir uma parte significativa. Neste contexto, deve também ter atenção à franquia do seu seguro para não ter surpresas. Se estiver a viver numa casa alugada, também deve fazer um seguro de recheio para ficar mais protegido e reduzir a probabilidade de ter de recorrer ao seu fundo de emergência. Já se se tratar de um desastre natural, deve contactar o seu senhorio.
Leia ainda: 8 sinais de alerta: Está na hora de aumentar o seu fundo de emergência
Custos inerentes à perda de um familiar
A perda de um familiar, além do choque psicológico, também traz alguns desafios financeiros. Nomeadamente, a quebra de rendimentos do agregado. Nesta situação, pode ter de recorrer às suas poupanças para fazer face às mais variadas despesas. Por exemplo, para ajudar nas despesas de funeral, resolver assuntos relacionados com a herança, partilhas, entre outros encargos.
Leia ainda: Erros que não deve cometer com o seu fundo de emergência
Viagens urgentes por motivos pessoais ou familiares
Se estiver a viver longe da sua família, pode existir a necessidade de fazer viagens urgentes para visitá-los ou acudi-los em caso de emergência. Dependendo do quão longe está, estas viagens podem custar muito dinheiro num curto espaço de tempo. Perante uma situação destas, o seu fundo de emergência pode fazer toda a diferença para atenuar os riscos e impacto destes imprevistos.
Leia ainda: Fundo de emergência: Como construir sem desequilibrar o orçamento
Cobrir despesas inesperadas devido ao aumento do custo de vida
Tendo em conta que os salários não têm crescido ao mesmo ritmo da inflação, muitas famílias têm tido a necessidade de recorrer às poupanças. Neste caso, deve usar o seu fundo de emergência, ainda que deva, ao mesmo tempo, ponderar reduzir ou eliminar por completo algumas despesas que considere desnecessárias. Outra alternativa para fazer face ao aumento do custo de vida é renegociar os seus contratos e aproveitar alguns benefícios, tais como a tarifa social de energia ou até mesmo resgatar parte do seu PPR sem qualquer penalização.
Leia ainda: 10 dicas para construir o seu fundo de emergência
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário