Criar uma estratégia de poupança ou de investimento é um passo fundamental para alcançar alguma estabilidade financeira ao longo da vida. E dentro desta estratégia devemos contemplar soluções que nos permitam manter o estilo de vida quando atingirmos a idade da reforma.
Por norma, a maioria dos portugueses prefere investir as suas poupanças em produtos que representam poucos riscos e têm uma rendibilidade minimamente previsível. Talvez por isso os PPR sejam um dos produtos financeiros preferidos dos portugueses.
Os Planos Poupança Reforma são produtos que nos permitem fazer um pé-de-meia atrativo até à idade da reforma, pois são um investimento a longo prazo que beneficia de juros e outras vantagens fiscais. Sendo muito importante perceber que há PPR para todos os gostos. Uns com capital garantido, outros sem. Uns que têm comissões mais elevadas, outros menores. E uns que oferecem uma rendibilidade bastante atrativa e outros em que mal se nota o efeito dos juros. Ou seja, é preciso saber escolher o PPR certo para si e para os seus objetivos.
Mas se os Planos Poupança Reforma lhe suscitam inúmeras dúvidas, ao ponto de não perceber como funciona este tipo de produto, este guia poderá ajudá-lo. De seguida, respondemos a 18 perguntas comuns sobre PPR.
- O que é e para que serve um PPR?
- Que tipos de PPR existem?
- Investir num PPR é arriscado?
- Como escolher o PPR mais indicado para mim?
- Qual o retorno potencial?
- O que são juros compostos nos Planos de Poupança Reforma?
- Que custos terei com a subscrição de um PPR?
- Há limites mínimos e máximos de investimento?
- A partir de que idade devo subscrever um PPR?
- Tenho de manter o PPR até ao final do período?
- É possível transferir o meu PPR a meio do contrato para outra entidade?
- Em que situações posso resgatar antecipadamente o dinheiro do PPR?
- Ter um PPR implica pagar impostos?
- O que tenho de fazer no IRS?
- Os benefícios fiscais dos PPR
- Quais as mais-valias de se investir num PPR?
- E os principais riscos?
- Não lhe sobra dinheiro para poupar?
O que é e para que serve um PPR?
Um Plano de Poupança Reforma é nada mais nada menos que um instrumento financeiro que permite-lhe rentabilizar o seu dinheiro a longo prazo, tendo o objetivo de complementar a sua reforma. Mas atenção que esta é uma forma um pouco redutora de ver um PPR.
Ou seja, há quem subscreva um PPR com um único objetivo: criar uma poupança que sirva de complemento à pensão de velhice, garantindo assim uma situação financeira mais estável no período da reforma. No fundo, esta é a forma tradicional de utilizar um PPR, uma vez que segue o conceito de plano de poupança a longo prazo.
Quando um PPR é pensado como um complemento da reforma, quanto mais cedo começar a investir, maior será o valor amealhado quando se reformar. Além disso, se estiver a pensar que o PPR que vai contratar vai ser usado efetivamente na sua reforma, pode aproveitar benefícios fiscais atrativos no seu IRS.
No entanto, um Plano de Poupança Reforma também pode servir como uma poupança a médio prazo. Agora, esta forma de utilização levanta, por norma, algumas questões. E isto porquê? Porque existe um mito que ao aplicar o seu dinheiro num PPR não o poderá resgatar até à idade da reforma.
Tal como já referimos, trata-se de um mito. Não precisa de esperar anos e anos por estar reformado para resgatar o seu PPR. No fundo, pode beneficiar de juros superiores aos de um depósito a prazo e resgatar o seu dinheiro assim que pretender, tendo em conta o contrato do produto.
Contudo, para não sair penalizado com o resgate, precisa de escolher um PPR que se adapte a este objetivo e não pode usufruir dos benefícios fiscais. Isto significa que terá de ler bem as condições contratuais do produto e fazer contas às comissões e penalizações que podem existir.
Que tipo de PPR existem?
Já ouviu dizer que existem PPR onde o seu dinheiro é garantido, mas a rendibilidade é pouca e outros em que pode rentabilizar bastante as suas poupanças, mas corre o risco de perder o seu dinheiro? Saiba que não se tratam de boatos, e sim de dois produtos com perfis de risco distintos.
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Fundos PPR
Os fundos PPR assemelham-se à maioria dos investimentos mobiliários, existindo diferentes graus de risco. Poderá escolher o fundo de acordo com o nível de risco que pretende correr, existindo no mercado fundos sem risco, com garantia de capital e ou rendimento, mas com expectativa de baixa valorização até fundos com elevado risco mas retornos potenciais elevados
Nos fundos PPR o capital é expresso em unidades de participação que têm um determinado valor que aumenta e diminui consoante a sua rendibilidade. Estes fundos estão sob a alçada de sociedades gestoras de fundos de pensões, que aplicam o valor que entrega periodicamente de acordo com a política de investimento do fundo que escolheu. No entanto, todas as entregas de capital são feitas diretamente pelos subscritores e pode colher os frutos deste investimento antecipadamente ou quando alcançar a idade da reforma.
Embora o propósito destes fundos seja um investimento a longo prazo, existe uma grande flexibilidade na hora de resgatar o seu PPR. Contudo, precisa de estar muito bem informado sobre as políticas de investimento destes fundos, condições de resgate, comissões, entre outros pontos relevantes.
Saiba ainda que todos os dias pode conhecer o valor diário das unidades de participação nos sites das entidades gestoras, e, caso pretenda, poderá transferir o dinheiro que investiu num fundo PPR para outro fundo e para outra instituição.
Seguros PPR
Já os seguros PPR, são produtos em que o capital é aplicado a um fundo autónomo, o que se traduz num rendimento mínimo, mas sem grandes riscos associados.
Ou seja, se investir o seu dinheiro em seguros PPR, o seu capital, por norma, está garantido, exceto em casos muitos específicos e atípicos. No fundo, trata-se de uma opção conservadora de investimento, uma vez que o seu propósito é obter uma pequena maximização do seu dinheiro a longo prazo.
Quando pretende investir num PPR para complementar a sua reforma, saiba que se lhe faltarem poucos anos para chegar à idade da sua pensão de velhice, os seguros PPR são uma escolha mais indicada. Afinal, mesmo que não maximize significativamente o seu dinheiro, não corre o risco de perder as suas poupanças.
Em termos de caraterísticas mais técnicas, nos seguros PPR a divulgação do rendimento não é feita diariamente, como acontece nos fundos PPR, e sim de forma anual. Quanto ao valor do rendimento potencial este é mais baixo, pois, regra geral, acompanha as taxas de juro.
Por fim, é importante referir que deve informar-se sobre as condições de um seguro PPR, como comissões, rendimentos, condições de resgate, etc., assim, leia com atenção as condições pré-contratuais da apólice. Se tiver alguma reclamação ou denúncia sobre um seguro PPR, a entidade responsável é a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões.
Investir num PPR é arriscado?
O risco associado a um PPR depende sempre do tipo de produto que subscreve. Claro que subscrever um fundo PPR representa um risco mais elevado do que se subscrever um seguro PPR. Afinal, na maioria dos fundos não existe capital garantido e nos seguros PPR sim.
Contudo, o nível de risco também varia dentro de cada tipo de PPR. Ou seja, nos fundos, tal como acontece em todos os investimentos, pode encontrar produtos mais arriscados do que outros. É preciso informar-se bem, pois os produtos que apresentam uma rendibilidade mais elevada costumam ser mais arriscados (maior potencial de retorno, maior risco).
No fundo, existem sempre riscos em qualquer tipo de investimento, principalmente quando não há capital garantido. Por isso, antes de subscrever um PPR deve traçar uma estratégia de acordo com o seu perfil de investidor e optar por produtos que conhece ao pormenor os riscos associados e os custos envolvidos.
Deve ainda ter em consideração que rendibilidades passadas não são garantia de rendibilidades futuras.
Como escolher o PPR mais indicado para mim?
Esta resposta está associada aos pontos anteriores, pois um PPR vantajoso para si, pode não ser para outra pessoa. Tudo depende do seu perfil de investidor, mas também dos seus objetivos.
Nem sempre os PPR pagam menos IRS
Há PPR para todos os perfis, uns mais arriscados, outro menos. Claro que o ser arriscado significa que pode perder dinheiro, mas que a probabilidade de ganhar dinheiro é maior. A escolha do tipo de produto onde vai colocar o seu dinheiro deve sempre ter em consideração os seus objetivos.
Quer criar um PPR para quê? É mesmo para a reforma? Vai usá-lo como se fosse um mealheiro para poder usar daqui a uns tempos? Que idade tem? São tudo questões que podem ajudá-lo a decidir qual a melhor solução.
Quanto mais novo for, maiores riscos pode correr, porque tem tempo para recuperar parte das poupanças que pode perder. Se estiver perto da idade da reforma, recomenda-se que não corra riscos que coloquem em risco a tranquilidade da sua reforma. E é sempre recomendado que procure a ajuda de um especialista que o consiga aconselhar melhor.
Por exemplo, há quem invista num PPR com o objetivo de obter os benefícios fiscais associados à dedução à coleta de IRS em 20% de acordo com os limites legais. Além disso, os PPR também têm benefícios fiscais à saída, e por isso, em termos fiscais, há vantagens de não resgatar um PPR antes dos 5 anos. Isto porque a tributação sobre as mais-valias no momento de reembolso é menor conforme o tempo que o seu dinheiro permanece num PPR.
Ou seja, se deixar o seu dinheiro investido por um período de, por exemplo, 7 anos, pagará menos de impostos sobre as mais-valias do que em outro tipo de investimento.
Mas se o seu objetivo é apenas rentabilizar as suas poupanças durante um ou dois anos, então deve focar-se num PPR com uma comissão de resgate antecipado menor. Sendo que neste caso não deve declarar o seu PPR no IRS.
Além destes pontos, deve analisar o risco que pretende correr para rentabilizar as suas poupanças. Afinal, um fundo PPR mais "agressivo" vai permitir-lhe uma rendibilidade maior. Mas se aplicar a sua poupança nesse único fundo poderá perder dinheiro.
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Qual o retorno potencial?
Quanto rende um PPR? Qual é o retorno potencial que vou obter na altura do resgate? Estas são duas das perguntas mais comuns de quem está a pensar subscrever este tipo de produto pela primeira vez. No entanto, o retorno potencial de um PPR varia de produto para produto, mas também consoante as condições do mercado.
Logo, pode encontrar um PPR que renda um valor efetivo simbólico, ligeiramente superior a 0%, mas também pode encontrar um produto onde consiga obter uma rendibilidade efetiva a cima dos 5%. No entanto, encontrar um PPR que cumpra todos os requisitos que procura pode levar tempo, uma vez que precisa de analisar com calma cada produto.
Além de, tal como já explicámos anteriormente, muitas vezes a rendibilidade está associada a desempenhos de ativos que não são controlados pelo gestor do PPR, pelo que o retorno pode acabar por ser pior, ou melhor, do que esperava.
Embora existam simuladores disponíveis que comparam este tipo de produto financeiro, saiba que estes simuladores não englobam todos os PPR disponíveis no mercado. Se quiser analisar todas as opções, terá de consultar as listas de PPR da ASF e da APFIPP.
Claro que esta não é uma tarefa simples, onde poderá tirar uma conclusão rapidamente. No entanto, poderá beneficiar de um PPR à sua medida e conseguir um retorno bastante atrativo a longo prazo.
Tenha ainda atenção às promessas de um potencial retorno com base em anos anteriores. Embora o registo de certas percentagens seja um bom indicador, não existem garantias que um PPR que, por exemplo, rendeu 4% nos últimos três anos, mantenha essa rendibilidade nos próximos 5, 8 ou mais anos.
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O que são juros compostos nos Planos Poupança Reforma?
Quando se fala em juro composto, está-se a falar do efeito de acumulação de juros, que se somam anualmente ao capital investido. Desta forma, quando há um reinvestimento, este é feito com a soma do capital e dos juros. Na prática, o valor conseguido pelos juros é adicionado ao capital, engordando o montante sobre o qual vão incidir juros.
Assim, os investidores que beneficiam dos juros compostos ganham todos os anos juros de juros. E como pode imaginar, esta estratégia traz grandes benefícios a longo prazo.
Imagine que aos 30 anos criam o seu primeiro PPR com 1.000 euros, e todos os anos investe esse mesmo valor. Se a rendabilidade média anual do seu PPR for de 5%, quando alcançar os 60 anos, o seu Plano de Poupança Reforma será de 70.761 euros. Isto significa um ganho de 39.761 euros, num investimento total de 31.000 euros. Ou seja, um ganho de 128,3%.
Claro que este é um exemplo onde um jovem de 30 anos está focado na sua reforma e beneficia de uma rendabilidade bastante elevada que se mantém em média no mesmo valor.
Se iniciasse o seu investimento aos 50 anos, com as mesmas condições durante uma década, o valor seria muito menor. Por exemplo, se o total investido fosse de 11.000 euros, os ganhos corresponderiam a 3.207 euros. Logo, a totalidade do PPR seria de 14.207 euros, o que corresponderia a um ganho de 29,2%.
Que custos terei com a subscrição?
Quando subscreve um Plano de Poupança Reforma, por norma, é-lhe cobrada uma comissão de subscrição. O valor da comissão de subscrição varia de produto para produto, e é apresentado em percentagem na ficha do PPR ou na apólice.
Para ter uma ideia, a comissão de subscrição aplica-se ao valor do capital que vai investir. Imagine que decide criar um PPR com 1.500 euros. Nesse produto, cobram-lhe uma taxa de subscrição de 2%. Logo, o valor da sua comissão de subscrição é de 30 euros. No entanto, esse valor é deduzido ao capital que investiu e não como um encargo à parte. Assim, nesta situação, o capital aplicado no seu PPR passaria de 1.500 euros para 1.470 euros após a cobrança da comissão de subscrição.
Mas saiba que não é apenas na criação do seu PPR que paga a comissão de subscrição. Por regra, sempre que realiza reforços é aplicada uma comissão, independentemente dos reforços serem pontuais, mensais ou anuais.
Contudo, esta não é a única comissão com que se deve preocupar. Caso opte por investir num fundo PPR, terá de pagar a comissão de gestão. Esta comissão é diluída anualmente na rentabilidade do fundo. O objetivo é que a equipa de gestão possa otimizar a rentabilidade do produto.
Por exemplo, suponha que este ano subscreveu um PPR em que obteve uma rentabilidade de 5%. Caso a comissão de gestão do fundo corresponda a 1%, a valorização será de 4% sobre o capital investido.
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Há limites mínimos e máximos de investimento?
Por norma, existem limites mínimos de investimento nos PPR, sendo os mais comuns de 20 e 50 euros. No entanto, cada PPR tem os seus limites definidos, podendo assim encontrar no mercado um produto com um limite mínimo de investimento de 1 euro, como um em que o mínimo que poderá investir é de 2.500 euros.
Em caso de dúvida sobre os limites mínimos e máximos de investimento deve esclarecer as suas dúvidas através das condições pré-contratuais do produto ou junto da entidade onde vai subscrever o seu PPR.
A partir de que idade devo subscrever um PPR?
Se tiver em consideração que um Plano de Poupança Reforma é um instrumento de poupança a longo prazo para chegar com um bom pé-de-meia à idade da reforma, quanto mais cedo começar a investir melhor. Embora possa parecer uma preocupação precoce, se criar um PPR entre os 30 e os 40 anos, não só conseguirá amealhar mais dinheiro, como beneficiará dos juros compostos muito atrativos e de melhores benefícios fiscais.
Por isso, assim que a sua vida profissional e financeira estiver estável, este é um passo natural a dar, se quiser assegurar um bom complemento à sua pensão de velhice. No entanto, se está perto dos 50 anos, lembre-se que ainda vai a tempo de fazer o seu pé-de-meia. Contudo, tenha em conta que os ganhos não serão tão elevados, e poderá ter de investir um valor significativo por mês ou por ano para alcançar o complemento que ambiciona.
Leia ainda: Existe a idade “ideal” para começar a investir num PPR?
Tenho de manter o PPR até ao final do período?
Não. Ninguém é obrigado a manter um PPR até à idade da reforma como referimos, nem até ao fim do período mínimo estabelecido no contrato, que pode ser por exemplo de 5 ou 8 anos. O que acontece é que quando resgata antecipadamente o seu dinheiro podem existir penalizações.
Por exemplo, antes de subscrever um PPR, deve informar-se sobre a comissão associada ao reembolso antecipado. Esta comissão varia de produto para produto, e por isso não a perca de vista quando está a comparar diferentes PPR para investir o seu dinheiro.
Outra questão que tem de ter em consideração quando quer fazer um reembolso antecipado está associado aos benefícios fiscais no IRS. Ou seja, se deduzir o seu PPR no IRS e quiser resgatá-lo antes do prazo terminar, terá de devolver os montantes deduzidos nos anos em que obteve o benefício, acrescidos da penalização de 10% por cada ano.
Mais uma vez, estes pontos são essenciais para estabelecer uma estratégia de investimento. Se está a pensar em resgatar o valor do seu PPR antecipadamente, o melhor é não os declarar no seu IRS, uma vez que não existem vantagens em fazê-lo, e até pode sair a perder.
Pode optar por diversificar o tipo de poupança ou investimento e beneficiar deste incentivo fiscal. Para tal crie dois PPR. Um onde coloca dinheiro e obtém benefícios fiscais, deixando assim esse capital investido até alcançar o período legal para o resgate. E depois outro PPR onde poderá movimentar o seu dinheiro quando pretender. Neste caso apenas terá de se preocupar com a comissão de reembolso antecipado desse PPR.
Leia ainda: Vale a pena declarar o Plano Poupança Reforma no IRS?
É possível transferir o meu PPR para outra entidade?
Sim, é possível. Caso não esteja satisfeito com as condições do PPR que subscreveu saiba que é possível transferi-lo antes do fim. No fundo, se surgir uma solução melhor de poupança ou de investimento deve analisá-la, pois pode compensar a transferência do seu PPR.
Legalmente, pode transferir o seu PPR para outro produto da mesma entidade, de uma entidade para outra ou até transferir uma parcela do seu PPR em vez da totalidade do valor.
Mas atenção, pois há pormenores a considerar. A transferência de um PPR com capital garantido envolve, por norma, o pagamento de comissões de transferência. No entanto, esta comissão não poderá ultrapassar o custo máximo de 0,5% do valor transferido.
Já no caso de ter subscrito um PPR sem garantia de capital, a entidade não poderá aplicar-lhe comissões pela transferência de acordo com o regime jurídico dos Planos de Poupança Reforma, aprovado em 2009.
Contudo, para saber quando poderá transferir o seu PPR deve consultar a cláusula sobre a imposição de permanência ou sobre o período de carência para transferência do seu PPR. Após esse prazo chegar ao fim, é ilegal uma entidade proibir a transferência do seu PPR para outra entidade ou produto.
Deve ainda ter em atenção que se quiser transferir um PPR entre produtos com diferentes características, esta alteração é possível. Ou seja, legalmente pode transferir um Seguro PPR para um Fundo PPR, e vice-versa. No entanto, é preciso medir o risco dessa alteração e fazer contas às comissões aplicadas nessa transferência.
Leia ainda: Posso transferir o meu PPR?
Em que situações posso resgatar antecipadamente o dinheiro do PPR?
Para resgatar o dinheiro de um seguro PPR sem sofrer penalizações quando usufrui dos benefícios fiscais, saiba que precisa de estar numa das seguintes situações:
- Ter mais de 60 anos;
- Ter alcançado a reforma por velhice;
- Se estiver numa situação de desemprego de longa duração ou se existir um membro do seu agregado familiar nesta situação;
- Caso esteja incapacitado permanentemente para o trabalho ou se qualquer membro do seu agregado familiar ficar incapacitado para trabalhar, independentemente da causa;
- Em caso de doença grave do subscritor do PPR ou de outro membro do agregado familiar;
- Se o subscritor morrer ou o seu cônjuge (se o PPR for um bem comum). Nestas situações o valor do plano é entregue aos herdeiros e, se assim for estipulado, ao beneficiário.
- Ou ainda para pagar prestações de contrato de crédito garantidos por hipoteca sobre um imóvel destinado à habitação própria e permanente do subscritor da PPR. Atenção que apenas é permitido o resgate antecipado sem penalizações para pagar as prestações de crédito. Se quiser amortizar o seu crédito habitação com o valor do PPR aplicam-se as penalizações.
Quando o PPR é um bem comum a duas pessoas devido ao regime de bens do casal, basta um dos subscritores estar numa destas situações para ser possível o resgate sem qualquer tipo de penalização.
Contudo, para beneficiar do resgate sem penalizações, na maioria destas situações precisa de ter o seu PPR há mais de 5 anos e ter feito, pelo menos, 35% do total das entregas durante a primeira metade da vigência do contrato.
Se o resgate for feito sem que se cumpram estas premissas, há lugar a algum tipo de penalizações, nomeadamente se tiver usufruído de benefícios fiscais. No caso de não o ter feito, a possibilidade de fazer um resgate sem penalizações é maior, terá apenas de verificar as condições estipuladas no contrato.
Ter um PPR implica pagar impostos?
Quando subscreve um PPR não tem de pagar impostos sobre o montante que está a investir. Quando ouve falar em impostos aplicados num PPR, estes dizem respeito aos rendimentos obtidos com o seu PPR.
A sua empresa propôs-lhe criar um PPR? Saiba que cuidados deve ter
Por norma, os produtos de poupança e os de investimento são alvo de tributação, sendo aplicada uma taxa de 28% aos rendimentos obtidos. No entanto, os PPR beneficiam de uma taxa de 21,5% quando o resgate do PPR ocorre antes dos 5 anos.
A tributação vai diminuindo ao longo dos anos. Se mantiver o seu PPR entre 5 e 8 anos, a taxa é de 17,2% e após os 8 anos desce para 8,6%.
E o que é que isto significa na prática? Que ao investir o seu dinheiro num PPR em vez de outro tipo de investimento estará a poupar dinheiro devido à carga fiscal mais reduzida. Imagine que investiu 10 mil euros num PPR. Após 8 anos de vigência de contrato decide resgatar o seu PPR que gerou mil euros.
Nesta situação pagaria cerca de 80 euros de impostos sobre os rendimentos que obteve, pois seria aplicada a taxa de 8%. Mas se tivesse investido e lucrado o mesmo valor noutro produto de investimento seria tributado a 28%, logo, teria de pagar 280 euros em impostos.
Dito isto, os rendimentos de um PPR pagam impostos, mas se quiser obter os benefícios fiscais associados a este produto, irá pagar uma taxa muito inferior em comparação a outros investimentos.
Leia ainda: Quanto pago de impostos sobre os rendimentos obtidos com o PPR?
O que tenho de fazer no IRS?
Quando cria um PPR, por norma, este consta na sua declaração de IRS modelo 3. Mas caso não saiba onde consta este valor, poderá encontrá-lo pré-preenchido por defeito no Anexo H - Benefícios fiscais.
Se quiser obter os benefícios fiscais associados aos PPR, basta confirmar o valor pré-preenchido e, após todos os dados serem preenchidos, submeter a declaração. Contudo, se não pretende usufruir dos benefícios fiscais, pois irá resgatar o seu PPR num futuro próximo, terá de eliminar essa dedução do seu IRS.
De realçar que, mesmo que opte por não usufruir da dedução fiscal à entrada, continua a beneficiar da taxa reduzida de IRS na hora do reembolso (correspondente à maturidade do resgate do PPR).
Os benefícios fiscais dos PPR
Ao longo deste guia referimos várias vezes que existem benefícios fiscais associados aos PPR. Aliás, esta é uma das maiores vantagens dos Planos Poupança Reforma. Mas caso não saiba em que é que consistem estes benefícios passamos a explicar mais pormenorizadamente.
Os PPR permitem deduzir à coleta (na declaração de IRS) 20% dos valores aplicados por ano, de acordo com os seguintes limites:
- Até 35 anos: até 400 euros. O valor de 400 euros corresponde a investimento de 2.000 euros.
- Dos 35 anos aos 50 anos: até 350 euros. Para receber 350 euros precisa de investir 1.750 euros.
- Depois dos 50 anos até à idade da reforma: até 300 euros, tendo em conta que este limite máximo depende de um investimento de 1.500 euros.
Se tiver 33 anos e quiser investir num PPR 1.500 euros, saiba que poderá deduzir à coleta até 300 euros. Aqui aplica-se o seguinte cálculo: 20% x 1500 = 300.
Este são os benefícios fiscais à entrada de um PPR. Nestas situações, tenha em mente que se resgatar o seu PPR antecipadamente após receber este benefício, terá de devolver o valor que recebeu mais uma majoração de 10% por cada ano que obteve o benefício.
Tal como já explicámos anteriormente, os PPR beneficiam, além destes benefícios fiscais à "entrada" de taxas de tributação mais baixas, quanto mais longo for o investimento (ler o ponto ter um PPR implica pagar impostos?)
Nota: Os benefícios fiscais aplicados aos PPR abrangem os seguros PPR e os fundos PPR.
Quais as mais-valias de se investir num PPR?
Não é por acaso que os Planos de Poupança Reforma são vistos com bons olhos por muitos portugueses. Afinal, estamos a falar de um instrumento de poupança com inúmeras vantagens, que permite ao mais comum dos mortais rentabilizar o seu dinheiro. Se pensarmos nas principais vantagens de subscrever a um PPR, destacam-se as seguintes:
- Menor tempo despendido à procura de oportunidades de investimento;
- Ter o acompanhamento de profissionais qualificados da área, dando um maior nível de confiança na hora de investir;
- Diversidade na estrutura de cada PPR, o que abrange diversos perfis de investidor, desde os mais conservadores aos que gostam de planos mais agressivos;
- Acesso a outras oportunidades de investimento;
- Benefícios fiscais que permitem ir buscar um valor adicional ao seu investimento;
- Tributação mais vantajosa em relação a outros tipos de produtos.
E os principais riscos?
Embora os PPR tenham várias vantagens enquanto investimento, eles também têm os seus riscos, como por exemplo:
- Sofrer com os efeitos macroeconómicos de uma crise;
- O retorno histórico de um PPR não garante o seu retorno futuro;
- Existe ainda o risco de capital e de crédito, mas também o risco cambial;
- Caso venham a suceder alterações relevantes na legislação aplicada aos Planos Poupança Reforma, os benefícios fiscais podem alterar-se ou até terminar;
- E se houver algum acontecimento ou condição de natureza ambiental, social ou de governação, o valor que investiu no seu PPR pode sofrer um impacto negativo significativo.
Não lhe sobra dinheiro para poupar? Reveja os seus encargos
Já aqui falámos de como funcionam os PPR. Estes devem produtos estão associados muitas vezes a poupança. Mas há outras soluções e, no limite, nenhuma é melhor do que outra. Depende de várias questões, nomeadamente do seu perfil de investidor, das suas necessidades, de ciclos económicos, entre outros fatores.
O que é fundamental é que constitua poupanças. Com o tempo, poderá tomar outras decisões, nomeadamente mais arriscadas, sem pôr em risco as suas finanças.
Uma das nossas primeiras preocupações é poupar. Podem ser 10 euros ou 100 euros por mês. O importante é o fazermos regularmente. Numa primeira fase, o dinheiro deve ser aplicado num fundo de emergência, que deve conter o equivalente às nossas despesas fixas num período de seis a 12 meses.
Se está a sentir dificuldades em poupar, existe um leque variado de possibilidades para aumentar a sua folga financeira.
Por exemplo, se tem um crédito habitação, deve analisar se poderá melhorar as suas condições contratuais. Para tal, o melhor é falar com o banco onde obteve o financiamento e tentar renegociar as suas condições de crédito.
E nesta área existem várias possibilidades, como tentar baixar o valor do spread, alterar o regime da taxa de juro ou prazo de maturidade do crédito ou renegociar o valor dos seus seguros associados ao crédito habitação (seguro de vida do crédito habitação e seguro multirriscos).
Para tal, pode optar por uma transferência do crédito habitação para outra entidade, que lhe apresente melhores condições ou falar com o seu banco. Desta forma pode conseguir poupar um valor significativo se conseguir reduzir o seu spread ou o valor que paga pelos seus seguros.
Se precisar de ajuda para reunir as melhores propostas do mercado ou para transferir o seu crédito habitação para outra entidade financeira, saiba que o Doutor Finanças pode ajudá-lo de forma completamente gratuita. A nossa equipa de doutores irá acompanhá-lo do início ao fim do processo, esclarecendo todas as suas dúvidas.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Excelente artigo! Muito completo e de fácil leitura!