Em termos económicos o mês de abril ficou marcado por três temas: Guerra Rússia/Ucrânia, alterações na política monetária/inflação e os receios em torno da desaceleração económica.
Cada um destes temas teve um impacto diferente nos mercados financeiros. E é sobre esse impacto no desempenho dos mercados bolsistas que vamos falar neste artigo.
Guerra Rússia/Ucrânia
Este é um tema que continua a ter uma enorme preponderância e que não tem um fim à vista. Ao longo do mês assistimos às movimentações russas com o objetivo de controlo total de Donbass e do sul da Ucrânia. Se conseguir ter controlo destas zonas, a Rússia conseguirá garantir um corredor terrestre até à Crimeia, que lhe providenciará uma influência nas infraestruturas chaves da economia ucraniana, como os portos do Mar Negro, por onde são feitos os embarques de produtos agrícolas e metalúrgicos.
Enquanto tudo se vai desenrolando no terreno, o Ocidente continua a “expandir” as sanções contra a Rússia, com o claro intuito de fazer com que o país, liderado por Vladimir Putin, fique cada vez mais frágil em termos económicos. Contudo, apesar do aumento das sanções aplicadas, Vladimir Putin continua a ter receitas elevadas que se explicam, sobretudo, pela enorme dependência energética da Europa face à Rússia.
Em termos económicos este conflito continua a ter um grande reflexo na economia, pelos constrangimentos das cadeias de abastecimento de certos produtos que têm muita procura e que são produzidos em enorme escala na Ucrânia (cereais) e, pelo elevado preço da energia que se justifica por estarem em conflito dois produtores de gás e petróleo que têm uma grande cota mundial nestes dois segmentos.
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Inflação: Alterações na política monetária
Este é um tema que temos vindo a abordar com frequência, mesmo quando os indicadores não apontavam para níveis de subida de preços elevados. A realidade é que os receios que demonstrámos desde que criámos as nossas carteiras revelaram-se certeiros.
Inflação e estagflação: causas e consequências
As políticas Covid que foram implementadas pelos Bancos Centrais (monetários) e pelos diferentes governos (orçamentais), geraram um aumento substancial dos níveis de financiamento e um enorme aumento da massa monetária em circulação que foi exponenciada por um contexto único de taxas de juro a zero.
Se juntarmos a todos estes ingredientes os confinamentos, que permitiram aumentar as poupanças da população (em função da ausência de consumo por largos períodos de tempo) e as disrupções das cadeias de abastecimento, rapidamente percebemos que os preços dos bens e serviços só podiam de subir. Para tornar este puzzle ainda mais complexo, a invasão da Rússia à Ucrânia alavancou todos estes efeitos que já se faziam sentir.
Os Bancos Centrais, que numa primeira fase (início Covid), agiram com celeridade e pertinência, com o passar do tempo tiveram receio de retirar os fortes estímulos que tinham implementado, chegando a um ponto em que a inflação está a ficar fora de controlo. Como repercussão, as populações perdem poder de compra, porque a subida dos salários não acompanha a forte subida dos preços.
Tendo em conta a difícil situação que estamos a atravessar, a grande maioria dos Bancos Centrais começou a inverter, de uma forma mais agressiva, a política monetária, através do aumento das taxas de juro e da redução ou mesmo término do programa de compra de ativos que visava garantir liquidez aos agentes económicos.
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Receios de desaceleração económica
Se juntarmos os dois fatores detalhados anteriormente, rapidamente chegamos ao grande receio de estarmos perante uma desaceleração económica.
O facto de os Bancos Centrais terem de “correr atrás do prejuízo”, aumentando as taxas de juro de uma forma mais rápida para tentarem recuperar o controlo da inflação, irá fazer com que os agentes económicos tenham maiores custos de financiamento, o que vai afetar a economia pelo aumento de custos de produção ou pelo aumento de encargos para famílias/empresas/Estados.
A confirmar este receio, estão as guidances indicadas pelas empresas que têm vindo a apresentar resultados. A maior parte demonstra preocupação com as consequências indicadas acima e com a possível diminuição da procura que poderá afetar os resultados e, no limite, poderá obrigar a uma redução da produção de forma a ir ao encontro das expectativas do lado da procura.
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Performance Carteira
O mês de abril foi negativo em praticamente toda a linha. De todos os ativos que temos em carteira, apenas a exposição a obrigações da China teve performance positiva, pelo simples facto de o banco central chinês estar em contraciclo com a maior parte dos restantes bancos centrais, ou seja, está numa posição mais confortável, porque tem margem para baixar as taxas de juro e “animar” a economia, o que não pode acontecer na Europa ou EUA onde as taxas estão muito próximas de zero.
A restante carteira, obrigações e ações, tiveram um comportamento muito negativo. É interessante percecionar que o ativo que teve a pior performance foi a exposição a treasuries (obrigações) americanas, que caiu 9,56%, em função das subidas recentes e futuras que a Reserva Federal americana está a implementar.
A exposição ao segmento acionista também teve um comportamento negativo, com destaque para os ativos os EUA (tecnológicas e maiores empresas americanas), que tiveram a pior performance neste segmento.
A valorização do dólar acabou por ser um ponto positivo e que amenizou as quedas de alguns ativos.
No geral, a carteira moderada caiu 3,13% e a dinâmica 2,45%. Desde o início das nossas carteiras (março de 2021), a moderada está a valorizar 1,88% e a dinâmica 1,64%.
Desempenho da carteira com perfil moderado
A composição da carteira com perfil moderado
Desempenho da carteira com perfil dinâmico
A composição da carteira com perfil dinâmico
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