De uma forma surpreendente, o mês de julho acabou por ter a melhor performance no ano de 2022.
Como sempre, é importante dividirmos a nossa análise em duas partes distintas: economia real vs mercados financeiros.
Economia Real
Em termos económicos, o mês não trouxe nenhuma novidade positiva, pelo contrário. Os Bancos Centrais reforçaram a intenção de combater a inflação, através de novas subidas de taxa de juro (0,75% nos EUA e 0,5% BCE, esta última, a primeira subida em 11 anos) e de uma comunicação mais contundente, que tem como objetivo passar a mensagem de que a inflação irá ser controlada custe o que custar.
Outro facto importante é que, por exemplo, os EUA já se encontram atualmente em recessão técnica, o que poderia ter feito soar mais os alarmes para os investidores.
Leia ainda: Bancos Centrais: Correr atrás do prejuízo
Mercados Financeiros
Nos últimos anos, os investidores têm vindo a demonstrar uma capacidade de ultrapassar todos os obstáculos que surgem na economia real. Percecionam sempre o copo meio cheio e raramente o copo meio vazio. Claro que os estímulos promovidos pelas entidades monetárias constituem uma grande fonte de confiança para todos os investidores. Contudo, tendo em conta as perspetivas económicas, a inflação ou as subidas de taxas de juro, percebemos que o contexto é realmente adverso.
Janela para bancos centrais subirem juros começa a fechar-se
Interessante perceber que apesar de todos os indicadores económicos divulgados e das expectativas menos positivas para a evolução da economia, o mês de julho transformou-se num excelente mês para praticamente todas as classes de ativos.
Esta performance é mais um exemplo da forma como os mercados financeiros podem estar desconectados com a economia real, sendo como que duas realidades paralelas.
Em termos concretos e tentando analisar e justificar esta performance, devemos analisar este comportamento por dois campos distintos:
- Após 6 meses de uma correção forte nos mercados, é natural haver uma reação por parte dos investidores, sendo que no histórico recente, estas correções foram grandes oportunidades para gerar retornos muito interessantes;
- De uma forma mais analítica, todos estes indicadores negativos geraram uma perceção positiva nos investidores, na medida em que se a economia estiver a caminhar para uma recessão, os Bancos Centrais deverão desacelerar a normalização monetária, o que significa que poderemos manter estímulos por mais tempo.
Leia ainda: O (importante) papel dos Bancos Centrais nas nossas poupanças
Performance no mês de julho
O mês passado foi o melhor no ano até ao momento. Todas as classes de ativos apresentaram valorizações positivas. No segmento das obrigações, a exposição à dívida emergente e à dívida indexada à inflação, foram as que tiveram melhor performance.
No segmento acionista, a exposição aos EUA foi aquela que gerou melhor rentabilidade, sendo que o sector tecnológico teve uma recuperação expressiva. No geral, com exceção da Asia que teve apenas uma ligeira valorização, toda a exposição a este segmento nas nossas carteiras modelo, apresentou uma valorização considerável.
Em termos gerais, voltámos a ficar positivos desde que criámos as carteiras. No que ao mês diz respeito, a carteira moderada valorizou 4,46% e a dinâmica 3,95%.
Leia ainda: O que esperar dos próximos meses?
Desempenho da carteira com perfil moderado
A composição da carteira com perfil moderado
Desempenho da carteira com perfil dinâmico
A composição da carteira com perfil dinâmico
Nota: As carteiras do Doutor Finanças não são nem devem ser entendidas como um conselho a investir neste ou naquele tipo de instrumento financeiro. As nossas carteiras foram criadas apenas para permitir ilustrar quais os riscos e os benefícios potenciais de investir, direta ou indiretamente, em instrumentos financeiros como ações e obrigações.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário