Quando falamos de robôs, normalmente associamos a máquinas que fazem o trabalho por nós de forma automática e rotineira. Ficam com a parte “chata” e nós recolhemos os lucros. Era bom termos uma máquina de fazer dinheiro enquanto dormimos, não era? Estes robôs não são bem isso, mas andam lá perto.
Estamos a viver tempos extraordinários. Investir na bolsa ou em produtos relacionados com esse mundo até há alguns anos só estava reservado a alguns iluminados e com grande capacidade financeira. Assistimos hoje à democratização dos investimentos. Qualquer pessoa com um computador ligado à internet ou com um smartphone pode tornar-se um investidor em poucas horas. Pode ir no autocarro ou no comboio, ou estar na esplanada de um café e estar a subscrever, alterar e resgatar os seus investimentos.
Os robôs financeiros são um produto simples, fácil de subscrever no seu próprio banco “normal” e não tem de fazer nada a não ser de vez em quando ir lá ver como é que aquilo está.
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Robôs são investimento, não são poupança
Tem de ficar claro desde o princípio que são produtos sem capital garantido e são para investir o seu dinheiro e não para ter o seu fundo de emergência. Não deve colocar neste tipo de produtos dinheiro que lhe vá fazer falta no futuro.
O facto de não terem capital garantido não faz deles produtos maus, só quer dizer que o seu dinheiro vai variar ao longo do tempo. Isso não quer dizer automaticamente que o vá perder, embora em situações limites isso até possa acontecer (se as empresas em que os fundos investirem falirem, por exemplo).
São fáceis de subscrever e pode mudar o grau de risco sempre que quiser (do conservador para moderado ou para mais agressivo, sem nenhuma despesa adicional). Podem ser uma primeira opção para quem não quer meter-se sozinho em fundos de investimento, e com o apoio do seu banco de sempre. Ligue para o seu gestor de conta e pergunte-se se têm algum “robô de investimento” e peça informações sobre isso.
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Como funcionam os investimentos “automáticos”
Em alguns bancos, os robôs de investimento têm nomes de cidades, ou chamam-se simplesmente “Conservador”, Moderado” ou “Agressivo”.
De forma muito resumida, o banco escolhe 2 fundos de investimento ou 2 ETF : um muito conservador e outro bastante agressivo (com muitas ações). E cada opção é o resultado de uma determinada proporção dos dois fundos/ETF. O mais conservador é 80% do fundo mais “calminho” e 20% do mais agressivo e o mais “agressivo” é o contrário (80% do fundo com muitas ações e 20% mais conservador). As outras opções são misturas intermédias. O que o seu valor investido vai crescer ou baixar é o resultado desta fórmula.
Normalmente estes produtos não têm comissão de subscrição, nem de resgate, mas cobram entre 1 a 2% ao ano. Na prática, ao olhar para o valor que lá tem quando for ao homebanking, o que vê já é o valor “limpo” dessas comissões. Ou seja, se crescer 2% é porque já tiraram o valor deles.
Uma das coisas mais importante que percebi logo no princípio, ao conversar com os gestores de conta dos bancos, é que as comissões não têm de ser vistas como um fator de exclusão. Se para eu ganhar 10%, pagar uma comissão de 1,5% qual é o problema? Não será melhor do que pagar uma comissão de 0,5% mas só ganhar no final 4%? Temos de ver é o resultado líquido no final. Ou seja, quantos euros é que ganhei no final de tudo, após comissões e impostos? É a única conta que vale a pena fazer realmente.
Em resumo, estes robôs e afins são muito práticos. Abre a conta no banco, subscreve e já está. Não tem de escolher fundos específicos, nem áreas de negócio, nem regiões do mundo. Fazem isso tudo por si.
Se tem muito dinheiro numa conta à ordem ou a prazo e não sabe o que fazer ou por onde começar, este tipo de produtos é uma forma muito simples e fácil de começar. Pelo menos, começa a ver o seu dinheiro crescer (ou pelo menos tem essa possibilidade) em vez de o ver definhar.
Experimente com 100 euros e veja o que acontece.
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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.
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