Investimentos

Junho: Bancos Centrais e economia animam carteiras de investimento

Junho ficou marcado por subidas generalizadas nas carteiras de investimento. Os bancos centrais e os indicadores económicos foram preciosos.

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Junho: Bancos Centrais e economia animam carteiras de investimento

Junho ficou marcado por subidas generalizadas nas carteiras de investimento. Os bancos centrais e os indicadores económicos foram preciosos.

Voltámos a ter um mês muito positivo. O vento continuou a soprar pelas costas, tendo tido a participação positiva de praticamente todos os ativos da carteira. A valorização do dólar (+3%) acabou por ser mais um fator que permitiu que a performance da carteira tivesse sido muito positiva.

Bancos Centrais como suporte

Apesar de ter sido um mês positivo, a volatilidade esteve presente. Na primeira quinzena do mês tivemos quedas em praticamente todos os índices de ações, a que se seguiu uma segunda quinzena de valorizações fantásticas. O grande motor desta euforia foram, mais uma vez, os Bancos Centrais, que continuam a manter os (enormes) apoios à economia, através da compra massiva de ativos e da manutenção das taxas de juro muito próximas de zero. O reforço destas posições por parte da Reserva Federal Americana (Fed) e por parte do Banco Central de Inglaterra (BOE) durante o mês de junho, serviram de combustível para uma segunda quinzena muito boa para todos os ativos financeiros.

Leia ainda: O (importante) papel dos Bancos Centrais nas nossas poupanças

Indicadores económicos positivos

A complementar a posição dos Bancos Centrais, durante o mês surgiram indicadores que demonstram uma evolução muito positiva na economia, através da criação de emprego, do aumento consumo e do aumento da vacinação nos países desenvolvidos.

Inflação e Variante Delta

A inflação continua a ser o tema que está a gerar maior apreensão nos investidores. As entidades monetárias têm-se referido a este ponto como uma situação transitória. Muitos economistas apresentam uma teoria/versão diferente das entidades monetárias, referindo que a inflação será permanente e que é muito importante “combatê-la” numa fase precoce através da alteração da política monetária atual, seja pela redução das compras mensais de ativos, seja pela subida da taxa de juro. A grande questão que muitos colocam é se as autoridades estão a analisar corretamente os diferentes sinais que a economia nos está a dar e se estão a desvalorizar o fenómeno de inflação, correndo o risco de sobreaquecer a economia e de terem de tomar medidas drásticas para controlar a subida generalizada dos preços, colocando em causa a recuperação económica.

Outro foco de instabilidade e incerteza é o surgimento da variante Delta e a forma como está a influenciar o aumento generalizado de casos, fazendo com que muitos países atrasem a reabertura natural das suas economias e coloquem restrições adicionais aos seus cidadãos.

Estes são dois pontos que devemos ter em atenção e que podem influenciar o rumo da economia/mercados financeiros no curto/médio prazo.

Leia ainda: Bolsa de Valores: Quais as principais regras para fazer bons investimentos?

Primeira alterações nas carteiras

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Junho foi o mês da primeira alteração nas nossas duas carteiras. As decisões de investimento devem ser sempre integradas no contexto que atravessamos e devidamente fundamentadas. As nossas carteiras foram criadas em março de 2021. Optámos por definir dois perfis distintos, com carteiras compostas por bons ativos e muito líquidos. De março a maio, as carteiras tiveram uma performance muito boa: a com perfil moderado valorizou 2,8% e carteira com perfil dinâmico apreciou 4%. Num contexto de mercado e de economia normais, se conseguíssemos ter estas performances num ano, já seria muito bom. Neste caso, conseguimos em 3 meses! Tendo em conta este importante facto, o contexto histórico dos mercados financeiros, a evolução da economia e o que a está a suportar, optámos por reduzir a exposição ao mercado acionista nos dois perfis.

Conforme temos vindo a mencionar, a gestão de uma carteira de investimento deve ser racional e fundamentada. Muito mais do que tentar acertar em timings de investimento, o importante é ter sempre um equilíbrio e uma lógica por detrás de cada uma das decisões de investimento.

Leia o texto que explica a composição das carteiras e os balanços dos meses anteriores:

Perfil Moderado

No perfil moderado, optámos por reduzir o segmento acionista em 10%, retirando o ativo com exposição ao mercado europeu (5%) e reduzindo a exposição ao setor tecnológico (5%). Em contrapartida, reforçámos o fundo que tem a missão de servir de liquidez à carteira, com uma volatilidade muito reduzida, assim como a componente inflation linked, de forma a podermos tirar partido da subida (aparente) da inflação na economia global.

A composição da carteira com perfil moderado/conservador ficou dividida desta forma:

A performance mensal após estas alterações foi de 1,85%, tendo até ao momento uma rentabilidade acumulada (desde 1 de março de 2021) de 4,7%.

Desempenho dos ativos e do total da carteira moderada
Nota: As rendibilidades apresentadas não têm em consideração custos e impostos, designadamente comissões de custódia e custos de transação. As rendibilidades líquidas seriam sempre inferiores às rendibilidades brutas apresentadas.

Perfil Dinâmico

No perfil dinâmico, baixámos em 20% a exposição ao segmento acionista. Reduzimos para metade o investimento em empresas tecnológicas e em ações americanas, complementados pela saída total do mercado acionista europeu. Em contrapartida, reforçámos o fundo de liquidez em 15% e inflation linked em 5%, com a mesma justificação do perfil moderado. O reforço substancial do fundo com menor volatilidade, tem como objetivo poder ter “armas” para utilizar caso exista alguma correção de mercado.

A composição da carteira com perfil dinâmico ficou dividida desta forma:

Em termos mensais, a performance foi de 1,9% e, desde a criação da carteira (1 de março de 2021), apresentamos uma valorização de 6%.

Desempenho dos ativos e do total da carteira dinâmica
Nota: As rendibilidades apresentadas não têm em consideração custos e impostos, designadamente comissões de custódia e custos de transação. As rendibilidades líquidas seriam sempre inferiores às rendibilidades brutas apresentadas.

Iremos continuar a analisar a performance da carteira antes das alterações, de forma a podermos avaliar de uma forma crítica se as nossas opções fizeram sentido ou não, em termos de performance, porque em termos de exposição, estão devidamente explicadas e fundamentadas.

Voltamos a reforçar que estas rentabilidades estão a ser conseguidas num momento extraordinário que estamos a viver na economia global. É muito importante percebermos que com taxas de juro a zero, ter performances desta dimensão é algo de extraordinário, assinalando que os mercados vivem de sentimentos, sendo que de um momento para o outro podemos passar da euforia à depressão. Por este motivo, o equilíbrio, a diversificação e a racionalidade devem estar sempre presente.

Nota: As carteiras do Doutor Finanças não são nem devem ser entendidas como um conselho a investir neste ou naquele tipo de instrumento financeiro. As nossas carteiras foram criadas apenas para permitir ilustrar quais os riscos e os benefícios potenciais de investir, direta ou indiretamente, em instrumentos financeiros como ações e obrigações.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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