O Estado Português prepara-se para lançar um novo produto de poupança para as famílias portuguesas. Depois dos Certificados de Aforro e dos Certificados do Tesouro, vão ser agora lançadas as Obrigações do Tesouro Rendimento Variável. Neste artigo vamos explicar-lhe o que são estes produtos e as suas potencialidades e compará-los com os restantes produtos de aforro do Estado.
Obrigações do Tesouro
O primeiro ponto que ressalta do nome “Obrigações do Tesouro”. Ou seja, são produtos de dívida emitidos pelo Estado. Por outras palavras, quem compra as Obrigações do Tesouro irá emprestar dinheiro ao Estado, com todos os riscos e características que têm estes empréstimos.
Rendimento Variável
Contrariamente aos Certificados de Aforro ou aos Certificados de Tesouro Poupança Mais (estes em menor grau) as Obrigações do Tesouro Rendimento Variável, como o próprio nome indica, não terão um rendimento pré-determinado à partida. Apesar de garantirem uma taxa de juro fixa o seu retorno poderá variar com o tempo uma vez que estes produtos podem ser transacionados nos mercados financeiros.
Quais os riscos do investimento?
Se comprar uma destas obrigações irá correr dois riscos:
- Risco de Crédito – O risco associado é uma eventual falência do Estado Português, situação em que o Estado deixará de pagar os seus créditos. Um acontecimento muito remoto, mas que é possível em teoria (mesmo no caso grego em que se assistiu a uma reestruturação da dívida, os produtos de aforro das famílias não foram afetados).
- Risco de Mercado/Preço – Podendo ser transacionados em bolsa durante a sua vigência, é possível vender estas obrigações acima ou abaixo do seu preço de compra. Num cenário de redução do risco que o país atravessa será provável que este risco seja positivo, mas aqui estamos dependentes das condições de mercado que não controlamos.
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Quanto posso investir?
O investimento nestas obrigações do tesouro tem um montante mínimo de €1.000 e máximo de €1 milhão. De notar que tradicionalmente o investimento em obrigações costuma só ser interessante para montantes mais elevados. No entanto, estes novos produtos tornam o investimento nestes produtos mais atrativo em termos de custos.
Quanto posso ganhar?
Esta é a principal pergunta que nos fazem e ainda não sabemos responder ao certo. Sabemos que a sua taxa de retorno (fixa) estará associada às taxas de retorno das obrigações emitidas pelo Estado Português nos mercados financeiros acrescidas de um prémio de permanência. Os últimos dados apontam para taxas de 1.25% para investimentos a 5 anos e de 2.5% para investimentos a 10 anos. Teremos de aguardar pelo lançamento oficial para saber a fórmula de cálculo.
Qual o prazo de investimento?
Estes produtos estão pensados para maturidades de 5 anos e 10 anos. No entanto, os investidores têm a total liberdade de vender os seus investimentos antes, correndo para tal o risco de mercado que falámos anteriormente. Restará saber quais as comissões para a venda antecipada.
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Onde poderei comprar?
A venda das obrigações do tesouro será efetuada junto da banca tradicional. Este é um ponto negativo, em nosso entendimento, pois estes produtos serão concorrentes dos depósitos a prazo e restantes produtos de aforro/investimento dos bancos. Assim, parece-nos que a sua comercialização será algo dificultada ou pelo menos não será promovida ativamente. Não sabemos, ainda, se será possível uma subscrição junto dos CTT.
São melhores que os Certificados de Tesouro Poupança Mais?
Os certificados de tesouro poupança mais têm uma taxa de retorno que consiste numa taxa fixa e num prémio que depende da evolução do PIB. Para o prazo de 5 anos parece-nos que os certificados serão mais interessantes do que as obrigações do tesouro. A taxa de retorno é maior e não paga comissões.
São melhores do que os Depósitos a Prazo?
Os depósitos a prazo pagam atualmente taxas de juro abaixo de 1%. As obrigações pagam taxas superiores mas convém perceber que são produtos distintos. Ou seja, as obrigações do tesouro destinam-se ao investimento para o médio-longo prazo, pagam comissões e têm um mínimo de investimento superior. Assim, se pretende investir no curto prazo sugerimos os certificados de aforro tradicionais (sim, os depósitos a prazo nunca são interessantes!)
São melhores do que os certificados de aforro tradicionais?
O racional é semelhante ao ponto anterior. Os certificados de aforro são investimentos para o curto prazo. Nesse campo, são os produtos mais atrativos, a par dos seguros de capitalização, pois têm um montante mínimo de investimento muito baixo (€100), um risco mais baixo e um prazo mínimo de investimento de apenas 3 meses.
Se prefere o curto prazo opte pelos certificados de aforro. Se pretende o médio prazo e não quer risco opte pelos certificados de tesouro poupança mais. Se pretende o longo prazo talvez seja melhor servido com outro tipo de produtos (como os fundos de investimento ou os PPR). Saiba mais sobre os certificados de aforro aqui e sobre os PPR neste artigo.
Por que surgiram estes novos produtos?
As obrigações do Tesouro podem ser vistas como um produto complementar aos diversos certificados que já existem. Assim, podem ser produtos interessantes para todos aqueles que procuram um risco superior (recorde-se do risco de mercado) e que olham para os produtos de rendimento variável como produtos para diversificação das suas carteiras.
Olhando exclusivamente para a componente fixa, talvez possamos considerar que esta será uma tentativa de acabar com a subscrição dos certificados de tesouro pois as taxas são mais baixas. Mas preferimos olhar para este lançamento como um fator de diversificação.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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