No início do mês de março demos início à carteira do Doutor Finanças com dois perfis distintos: Conservador/Moderado e Dinâmico. Estipulámos os critérios e assumimos que íamos analisar e avaliar o comportamento destas carteiras, de forma a que o leitor pudesse perceber melhor as dinâmicas do mercado e os riscos que corre.
A constituição da carteira de investimento foi revelada, sem identificar os ativos efetivos porque a ideia não é fazer qualquer tipo de aconselhamento. Queremos apenas explicar o que pode influenciar um investimento e o que deve ter em consideração.
Investir pressupõe responsabilidade e conhecimento, embora se deva realçar que ninguém tem uma bola de cristal e consegue adivinhar o futuro.
Este é o primeiro balanço que fazemos das duas carteiras constituídas:
Mas antes de revelarmos o desempenho das carteiras, vamos falar um pouco sobre o enquadramento em que vivemos. Este aspeto é, muitas vezes, vital para percebermos os riscos que corremos quando investimos.
Duas realidades distintas
Na economia real o contexto que estamos a atravessar é desafiante e tem sido marcado pelas incertezas com que nos deparamos no dia a dia, pela forma como estamos limitados, pelo desconhecimento relativamente ao futuro próximo e por não percebermos quais poderão vir a ser os reais impactos desta pandemia na nossa sociedade, no nosso país e no mundo.
Já os mercados financeiros apresentam um contexto marcado pela exuberância, pela euforia, que se reflete na forma como os diferentes segmentos de investimento estão a valorizar. Como exemplo, os principais índices de ações mundiais estão em máximos de sempre. Já os mercados financeiros procuram antecipar resultados futuros, o que pode, em determinados momentos, justificar alguns movimentos difíceis de ligar ao comportamento da economia real. Como exemplo, os principais índices de ações mundiais estão em máximos de sempre apesar do movimento de contração económica observado desde o início da pandemia.
Nunca tivemos uma desconexão tão grande entre economia real e mercados financeiros
Quero começar a investir: qual o caminho que devo seguir?
Como é que isto se reflete nas duas carteiras do Doutor Finanças? As carteiras do Doutor Finanças tiveram uma performance muito positiva, em toda a linha, no mês de março.
São vários os motivos pelos quais os investidores continuam otimistas. O primeiro dos quais tem a ver com a evolução da vacinação em alguns blocos considerados fundamentais, nomeadamente o Reino Unido e os EUA. Por sua vez, a Europa está a ter mais dificuldades em acompanhar este ritmo, devido a dificuldades de organização interna/preparação deficiente. Esta dinâmica que temos vindo a assistir, está a criar a expectativa de que podemos regressar rapidamente a uma situação mais normal, o que permitirá a reabertura da economia e a recuperação económica desejada.
Outro tema que tem vindo a ter muita influência ao longo do último ano e que no mês de março conheceu mais um capítulo são os estímulos económicos. Durante o mês de março, o congresso americano aprovou mais um pacote de 1,9 biliões de dólares de estímulos que serão direcionados para diferentes áreas, com o destaque para a atribuição de 1.400 dólares a todos os americanos com um IRS inferior a 75.000 dólares por ano. Adicionalmente, durante o mês de março, Joe Biden anunciou o objetivo de implementar mais um pacote de estímulos, neste caso de infraestruturas, no valor de 2,2 biliões de dólares. Estas duas notícias foram muito bem recebidas pelos mercados, tendo tido uma contribuição fundamental para a performance do mês.
Performance das carteiras
A duas carteiras apresentaram uma performance muito positiva, sendo que a Dinâmica beneficia mais do contexto que estamos a atravessar. Assim, a carteira Conservadora/Moderada teve uma rentabilidade de 1,9%, enquanto que a Dinâmica obteve 3,06%.
O bê-à-bá do investimento
Neste mês tudo correu bem, o vento esteve a favor em praticamente todas as componentes das carteiras. No conjunto das duas, tivemos apenas um ativo com rentabilidade negativa, que foi uma exposição ao segmento obrigacionista na carteira Conservador/Moderada (ver tabela abaixo).
No segmento obrigacionista, o ativo com exposição a dívida chinesa foi o que se destacou pela positiva, reforçando o objetivo deste título na nossa carteira, não só pela diversificação, mas também pelas expectativas de retorno e pelo facto de a China já estar um passo à frente na política monetária, estando na fase de gradual normalização (subida de taxa de juro), ou retirada de apoios à economia.
No segmento acionista, a exposição à Alemanha foi aquela que teve a melhor performance. Não deixa de ser algo surpreendente, pelo facto de a Europa estar mais atrasada na questão da vacinação e porque continuamos a verificar avanços e recuos em diferentes países da Europa, onde se inclui a Alemanha.
Outro fator que contribuiu positivamente para este desempenho, foi a exposição de 20% que as duas carteiras têm ao dólar. Conforme mencionámos, dois dos ativos que compõem os nossos portefólios, estão cotados em dólares o que permite beneficiar de uma valorização do dólar e vice-versa. Neste caso, e como referimos anteriormente, o vento esteve a nosso favor em todas as frentes.
Em resumo, no fim do primeiro mês o comportamento das nossas carteiras foi muito positivo, mas convém reforçar e realçar que existem alguns pontos importantes e fundamentais que não devemos esquecer:
- Esta carteira deverá ter um horizonte temporal alargado
- Os mercados têm fases de grandes valorizações, mas também existem fase menos positivas, sendo fundamental manter a racionalidade em cada uma delas
- Existem riscos que não estão a ser descontados ou valorizados pelos investidores e que a qualquer momento podem alterar o sentimento de mercado
Desempenho de cada ativo e global das carteiras
Nota: Os desempenhos das carteiras e dos ativos integrantes das mesmas indicados neste artigo foram calculados por referência ao período entre 1 de março e 31 de março e correspondem ao desempenho bruto absoluto, ou seja, diferença entre as cotações dos ativos nas datas de referência:
Nas tabelas em baixo é possível ver quanto pesa cada ativo no total da carteira e qual o desempenho de cada ativo e da carteira desde que foi criada.
Nota: As carteiras do Doutor Finanças não são nem devem ser entendidas como um conselho a investir neste ou naquele tipo de instrumento financeiro. As nossas carteiras foram criadas apenas para permitir ilustrar quais os riscos e os benefícios potenciais de investir, direta ou indiretamente, em instrumentos financeiros como ações e obrigações.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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