Finanças pessoais

O bê-à-bá do investimento

Investir é assumir riscos, que podem implicar perder dinheiro. De forma a minimizar este cenário, é importante termos presente algumas noções.

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O bê-à-bá do investimento

Investir é assumir riscos, que podem implicar perder dinheiro. De forma a minimizar este cenário, é importante termos presente algumas noções.

Quero começar a investir, por onde devo começar? Esta é a pergunta que muitos colocam e que não tem uma resposta concreta ou definitiva.

Neste artigo iremos definir alguns passos que são fundamentais e determinantes para podermos ter uma estratégia de investimento à nossa medida e com probabilidade de sucesso, ressalvando que não existe dinheiro fácil!

É importante destacar que todos estes passos se interligam, embora os possamos analisar separadamente.

Objetivo do investimento

O primeiro passo deverá ser definir os objetivos, ou seja, qual o objetivo do nosso investimento: investir para poder comprar um carro ou uma casa daqui a alguns anos, ou pagar a universidade dos filhos, ter um complemento de reforma, etc. Este primeiro passo permite filtrar qual o caminho que devemos ou não seguir.

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Liquidez

Este é um fator que devemos prestar muita atenção e que se divide em duas abordagens distintas: tempo e dimensão.

Qual a facilidade com que queremos transformar as nossas aplicações em dinheiro? Saber qual o tempo que cada uma das aplicações que temos em carteira demora a liquidar é fundamental para podermos saber com o que contamos. Ou seja, se hoje quisermos vender um ativo conseguimos? Ou será preciso esperar seis meses?

A outra vertente fundamental prende-se com a dimensão dos ativos que temos em carteira e que podem influenciar a sua cotação. É importante investirmos em ativos que tenham uma dimensão e transações consideráveis, de forma a que possamos vender a nossa posição a qualquer momento, com um preço indicativo de saída similar ao preço final a que vamos concretizar a operação. Quanto mais líquido for o ativo, mais confortável será a nossa exposição, porque nos dá uma ideia mais fidedigna do valor da nossa carteira, assim como maior segurança na hora de a poder vender.

Horizonte Temporal

O horizonte temporal está diretamente ligado ao risco. Não é aconselhável assumir um risco elevado se o prazo de investimento for reduzido. Quanto maior o tempo que pretendemos investir, maior será o risco que podemos adotar. A justificação é simples. Quando definimos a nossa exposição em carteira, iremos procurar ativos que se enquadrem e que beneficiem do contexto macroeconómico atual e futuro. A valorização das empresas ou dos sectores de atividade não se concretiza de um dia para o outro. Dando um exemplo concreto, quando compramos uma casa, não esperamos que no dia a seguir à compra esta valorize 20%.

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Gráfica de linhas sobre um gráfico de barras, a mostrar a evolução do investimento

Diversificação

De forma a minimizar o risco, a diversificação é um ponto fundamental e divide-se em três vertentes distintas: Diversificação geográfica, de segmentos e ativos.

Diversificação geográfica

A diversificação geográfica permite-nos ter exposição a diferentes mercados. No século XXI vivemos numa economia global, onde os países estão cada vez mais interligados. Apesar disto, nem todas as economias se desenvolvem à mesma velocidade e a verdade é que surgem sempre acontecimentos inesperados que influenciam o rumo das mesmas de uma forma diferente. Como não conseguimos adivinhar o futuro, pretendemos estar expostos àqueles mercados que nos dão maior consistência, uma vez que o nosso objetivo não é encontrar o ativo que vai ter a maior valorização, mas investir num conjunto de ativos que, em conjunto, irão permitir obter uma performance de médio/longo prazo compensadora.

Diversificação de segmentos

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O segundo pilar da diversificação, tem a ver com a forma como constituímos a carteira e como pretendemos ter maior ou menor risco. Os três segmentos que normalmente compõem uma carteira de investimento são as ações, as obrigações e o monetário. O segmento acionista é o que apresenta maior volatilidade ou risco, logo, quanto maior for a exposição a este segmento, maior será o risco associado à carteira de investimento. Importa destacar que dentro do segmento acionista, existem diferentes exposições que comportam riscos diferentes, por exemplo, a exposição a mercados emergentes é diferente da exposição aos EUA.

O segmento obrigacionista tem, por norma, uma volatilidade menor. Dentro deste segmento também existem diferentes tipos de risco, dependendo da exposição que se irá ter e que está definida pelos rankings dos emitentes dos títulos de dívida. Quanto maior o risco do emitente, maior o retorno solicitado pelos investidores.

O terceiro elemento é o segmento monetário, que serve sobretudo de equilíbrio da carteira. O seu objetivo não será ter uma performance elevada, mas sim reduzir a oscilação da mesma e, ter uma percentagem da carteira que nos permite utilizar quando surgem oportunidades nos dois segmentos anteriores.

Diversificação de ativos

A terceira característica da diversificação tem a ver com o ativo em que se investe. Por exemplo, no mercado acionista podemos investir diretamente numa ação, fazendo com que o nosso risco esteja concentrado nesse título. Para investirmos numa empresa diretamente, será importante conhecê-la pormenorizadamente para podermos justificar esse investimento e não investir só porque se conhece o nome ou a marca. A realidade é qua a maior parte da população não tem tempo, nem conhecimentos, para analisar uma empresa ao pormenor. Por este motivo, a própria carteira deve conter ativos que já sejam por si só diversificados. Por exemplo, estar exposto na mesma proporção que o S&P 500, através de um ativo que replica o comportamento das 500 empresas que compõem o índice, em vez de estarmos expostos a um único ativo, reduz o risco que estamos a assumir.

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Equilíbrio

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Podemos dividir o equilíbrio em duas vertentes distintas, de forma a percecionarmos como nos podemos posicionar: Equilíbrio da carteira e Equilíbrio do património.

Apesar de se cruzarem, são duas componentes diferentes. Ter equilíbrio na carteira, significa que devemos ter a noção de que quando investimos não estamos à procura do ativo que nos vai dar o “euromilhões”, que nos vai multiplicar o património. O que pretendemos é potenciar as nossas poupanças, através de uma estratégia lógica e devidamente fundamentada, com uma carteira de investimento racional e diversificada, por segmentos e por exposição geográfica. É certo que ao longo do período de investimento irão existir oscilações. O objetivo é estarmos confortáveis, em cada momento, com a forma como estamos expostos e que nos permita obter uma performance compensadora no fim desta “viagem”, que se caracteriza o processo de investimento.

O segundo parâmetro é o equilíbrio do património. Antes de investir, devemos ter a noção de qual a percentagem do nosso património que pode ser aplicado nos mercados financeiros. É fundamental definirmos, à partida, a percentagem que podemos alocar à poupança, de forma a termos sempre o controlo do nosso património total. Esta abordagem é fundamental não só pelo equilíbrio financeiro que nos vai proporcionar, mas também pelo conforto psicológico, uma vez que em qualquer cenário estaremos confortáveis, sabendo que a estabilidade do nosso património não está em causa.

Homem ao telefone enquanto analisa o desempenho dos seus investimentos, através de uma folha e de um gráfico no computador

Qualidade dos ativos

Este é um dos pontos mais importantes no investimento e que pode fazer a diferença no longo prazo. Todos nós já ouvimos a seguinte frase “no longo prazo o risco compensa”. Este chavão nem sempre está correto. Existem muito exemplos de ativos financeiros que num horizonte temporal de 15 anos estão negativos. Como tal, a correta escolha dos ativos, dos sectores ou das áreas geográficas faz toda a diferença.

Existem várias formas de analisarmos a qualidade ou não de um ativo. Um dos fatores que devemos sempre analisar com detalhe é o histórico ou a performance do ativo. Mas devemos fazê-lo num prazo alargado e de preferência num período em que tenha havido algum acontecimento que tenha causado impacto nos mercados financeiros. A análise de longo prazo faz sentido para percebermos a consistência do ativo, uma vez que o nosso objetivo é fazer uma maratona (investimento de longo prazo). Analisar a forma como o ativo reagiu nos momentos mais voláteis e como conseguiu ou não recuperar posteriormente, também é um indicador fundamental e de vital importância. O objetivo será o de encontrar ativos que tenham capacidade de recuperação, de forma que possamos potenciar o retorno das nossas poupanças.

A liquidez (já referida anteriormente) e o montante sob gestão são mais dois fatores muito importantes.

Perceber o papel dos ativos na carteira de investimento

Quando investimos, mesmo que não tenhamos as bases académicas ou a experiência necessária, devemos ser curiosos e tentar ir um pouco mais além. Na verdade, estamos a investir poupanças que nos deram muito trabalho a ganhar, como tal, se queremos ter uma carteira que faça sentido e que apresente um binómio retorno/risco compensador, deveremos perceber em que estamos a investir, porque é que investimos de determinada forma e qual o propósito de cada ativo na nossa carteira e no nosso portefólio.

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Se entendermos o papel de cada ativo na nossa carteira, iremos saber como reagir em diferentes cenários, positivos ou negativos. Conhecermos a nossa carteira de investimento e saber justificá-la é a melhor forma de garantir que sabemos o risco/exposição que adotamos e o potencial que a mesma apresenta, estando confortáveis com o caminho que iremos efetuar ao longo do tempo.

Estratégia de investimento

Todos os passos anteriores, complementados com uma análise do contexto macroeconómico, permitem-nos definir uma estratégia de investimento, que deverá ser suportada por uma fundamentação adequada, que explique o motivo pelo qual investimos num determinado mercado ou num determinado ativo. A gestão da carteira deverá ser dinâmica, porque a realidade é que a economia é dinâmica e as oportunidade/riscos vão-se desencadeando cada vez com maior frequência, já que vivemos num mundo cada vez mais global e em constante interação.

Outro ponto que devemos ter em atenção é como investir as poupanças. Devemos investir tudo de uma vez? Devemos ir investindo aos poucos? Devemos esperar por um momento mais oportuno?

É muito difícil, senão impossível fazer market timing (acertar no ponto mais baixo do mercado). Como tal, em momentos de maior sobreaquecimento, ou seja, nas fases em que o mercado está muito valorizado e existe algum receio de poderem existir correções, poderemos adotar uma estratégia mais prudente e ir investindo aos poucos. Numa ótica de longo prazo acaba por poder não ter um grande impacto, mas a confiança e estabilidade emocional de curto prazo sai reforçada.

Uma outra forma de abordar o primeiro passo a ser tomado, pode passar por uma estratégia de investimento mensal, de uma forma racional, que passa pelo reforço da carteira todos os meses, fazendo com que tenhamos vários momentos de entrada distintos. Se o fizermos de uma forma constante, no longo prazo iremos ter entradas com uma performance magnífica e outras com um crescimento insignificante, porque investimos em todas as fases do mercado. A diferença estará sempre na qualidade dos ativos.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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