A 'taxa de ansiedade' não é mais do que um indicador que permite medir a sua capacidade de lidar com imprevistos e oscilações que não controla. Quando percebemos o nosso nível de ansiedade financeira, as nossas decisões devem ser tomadas de acordo com o nosso perfil e consoante a nossa realidade. Porque, quando falamos de finanças, o mais importante é alcançar a estabilidade, para posteriormente conseguir maximizar o seu dinheiro. E se for uma pessoa ansiosa, cada decisão que toma deve protegê-lo da ansiedade que pode ser gerada no futuro.
Para perceber melhor em que decisões financeiras deve ter em conta a sua taxa de ansiedade, neste artigo vamos mostrar-lhe alguns exemplos e explicar-lhe o impacto em diferentes perfis.
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Como se manifesta a ansiedade financeira em diferentes perfis
A sua taxa de ansiedade tem uma grande influência na capacidade de gestão da sua vida financeira. Por isso, precisa de perceber duas coisas: qual é o seu nível de ansiedade e o seu perfil de investidor/consumidor. Ao perceber se é uma pessoa mais ou menos ansiosa, se consegue lidar bem com períodos de maior incerteza, e se está disposto a correr mais ou menos riscos, consegue tomar as decisões mais adequadas ao seu perfil de consumidor e/ou investidor.
Por exemplo, uma pessoa que tem um nível de ansiedade superior, vai ter mais dificuldades em lidar com o desconhecido e em enfrentar fortes oscilações financeiras. Logo, neste caso, estamos a falar de pessoas que têm um perfil mais conservador e que devem afastar-se de riscos moderados ou elevados. Caso contrário, vão viver numa ansiedade constante.
Quem tem um nível de ansiedade moderado, pode conseguir gerir um pouco melhor algumas "surpresas". No entanto, é normal que que este tipo de perfil opte por correr pequenos riscos e procure algumas garantias para não ter grandes perdas nem sofrer oscilações acentuadas na sua situação financeira.
Já quem tem um nível de ansiedade muito baixo, por norma, pode ter um perfil menos conservador. Embora devamos ser todos ponderados, quando o nível de ansiedade é menor, podemos arriscar um pouco mais e colher mais frutos.
Contudo, isto nem sempre é linear. Uma pessoa que não sofre de ansiedade pode ter um perfil mais conservador ou moderado. Mas pode estar disposta a tomar certas decisões que uma pessoa que tem um nível de ansiedade mais elevado deve evitar.
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Tem uma taxa de ansiedade elevada? O que deve ter em conta ao contratar um crédito habitação e na hora de investir
Se os seus níveis de ansiedade são mais elevados, certas mudanças podem trazer-lhe vários dissabores que afetam as suas finanças pessoais e até a sua saúde mental. Tendo consciência disso, as suas decisões financeiras devem ser tomadas com cautela, sempre na ótica de se proteger e alcançar maior estabilidade.
Mas, vejamos um exemplo. Desde o início de 2022 que as taxas Euribor têm vindo a subir. Logo, se tem um crédito habitação com uma taxa variável, a subida dos juros fez com que a sua prestação mensal da casa subisse substancialmente. Assim, é natural que esteja bastante ansioso, pois o seu orçamento familiar pode estar em risco ou ter sofrido uma mudança muito significativa.
Para pessoas com uma taxa de ansiedade elevada, por norma, a melhor solução é optar por um crédito habitação com uma taxa fixa. Esta é uma forma de obterem maior estabilidade, uma vez que a prestação de crédito permanece inalterável do início ao fim do contrato, mesmo com as oscilações dos juros. Contudo, a taxa fixa é sempre mais elevada no início de um contrato de crédito. Isto porque está a pagar um "prémio" para estar protegido das flutuações. Claro que também vai perder o benefício da sua prestação diminuir quando os juros estiverem baixos. Por isso é que estas são decisões que devem ser ponderadas e não existe uma opção certa. Tudo depende dos seus objetivos, do seu perfil e da sua realidade.
No que respeita aos investimentos, a lógica é a mesma. Uma pessoa com uma taxa de ansiedade mais elevada, deve optar por investimentos com menor risco. Por norma, se estas pessoas tiverem um perfil conservador, a aposta deve passar por produtos onde o capital é garantido ou onde o risco é muito baixo.
Ansiedade média num perfil moderado: Como agir?
Usando os mesmos exemplos, se o seu nível de ansiedade é médio e tem um perfil de investimento/consumo moderado, é normal que esteja disposto a correr um pouco mais de riscos.
Pensando no crédito habitação, uma solução interessante pode ser ter um contrato com uma taxa mista, que implica um período inicial fixo (de dois a cinco anos, ou até superior). Assim que este período fixo termina, o crédito passa a estar indexado à Euribor (taxa variável), e a sua prestação vai subir e descer, consoante as oscilações da Euribor, no prazo acordado (as maturidades mais comuns são a 3, 6,12 meses). Ao contratar um crédito habitação com uma taxa mista, pode garantir uma estabilidade inicial num período mais incerto.
No que diz respeito aos investimentos, com uma ansiedade média e um perfil moderado, os produtos financeiros nunca devem ter um risco muito elevado. Aliás, nestes casos, o ideal é considerar apenas produtos com um risco médio/baixo e diversificar a sua carteira de investimentos, dando prioridade a produtos mais estáveis e seguros.
Para não correr riscos de endividamento, deve ter algum cuidado nas suas opções de consumo e na hora de recorrer a financiamentos.
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Não sofre de ansiedade? Pode arriscar, mas sempre com moderação
Quem tem uma taxa de ansiedade muito baixa ou nula, pode querer correr mais riscos nos seus investimentos, uma vez que saberá lidar melhor com oscilações mais acentuadas. No entanto, isto não significa que não deva ser ponderado e moderado na hora de tomar decisões financeiras.
Por exemplo, se vai contratar um crédito habitação, pode ver a taxa variável como a opção mais adequada, uma vez que os juros, após as subidas recentes, terão tendência a baixar num futuro próximo. Contudo, quando opta por uma taxa variável, não pode ter em conta apenas o período em que os juros estão baixos ou a descer. O seu orçamento familiar deve conseguir suportar o impacto de um aumentos dos juros na sua prestação de crédito. Logo, antes de assinar um contrato, deve analisar se o seu orçamento suporta uma taxa Euribor de 3%, 4% ou até 5%.
Nos investimentos, se está disposto a correr mais riscos, é normal que se foque mais na rentabilidade que certos produtos financeiros oferecem. Mas é preciso ter em conta que os produtos que oferecem uma maior rentabilidade, também implicam riscos mais elevados. Por isso, mesmo estando disposto a arriscar mais, deve construir uma carteira de investimento bastante diversificada, onde tenha produtos de risco baixo e médio capazes de cobrir eventuais perdas.
Por fim, se tem este tipo de perfil, é aconselhável que não tome decisões por impulso. Correr alguns riscos é positivo e pode melhor a sua vida financeira. Contudo, antes de contratar créditos ou fazer investimentos deve informar-se muito bem sobre as condições destes produtos financeiros. Além disso, assegure-se que, antes de começar a investir, tem um fundo de emergência formado e a sua vida financeira está estável. Só depois de alcançar estes objetivos é que deve utilizar o seu dinheiro para certos investimentos.
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É possível baixar a minha taxa de ansiedade?
Diminuir a ansiedade e aprender a lidar com ela é possível, mas exige um trabalho constante da sua parte. E, no que respeita às finanças pessoais, há várias formas de conseguir diminuir o nível de stress que sente, sendo que os pilares passam por um bom planeamento, a construção de poupanças, uma boa gestão e redução do nível de encargos e dívidas.
Assim, se quiser baixar a sua taxa de ansiedade financeira, pode seguir algumas das seguintes dicas:
- Faça um orçamento familiar;
- Construa um fundo de emergência;
- Antecipe despesas;
- Defina metas financeiras;
- Invista em literacia financeira;
- Reveja contratos, tente renegociá-los ou procure melhores soluções no mercado;
- Tente renegociar contratos de crédito, fazer uma transferência de crédito habitação e se tiver vários créditos pessoais informe-se sobre o crédito consolidado;
- Amortize as dívidas;
- Evite novos financiamentos e não use cartões de crédito;
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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